Para Túlio Dornas, a escolha do local para a construção do ninho é motivo de reflexão sobre a rejeição da natureza. “A espécie utilizou um jatobá, remanescente de uma pastagem bovina, às margens de uma rodovia pavimentada e bastante movimentada. Se de um lado, ecologicamente, a área pareceva para a espécie ser um local de bastante proteção contra predadores, ao mesmo tempo o casal e o filhote estava ansiosamente ansioso à insensatez humana. Essa ave naturalmente faria uso de um remanescente preservado de cerrado arbóreo ou cerradão para construir o ninho, onde colheria um enorme jatobá, misturado em um mosaico de gramíneas, arbustos e arvoredos. Esse ninho talvez represente uma adaptação da espécie às novas paisagens agrícolas, sobretudo as monoculturas de grãos, tão abundantes na região nos últimos 10 anos“, destaca o ornitólogo, que segue com uma longa missão para os próximos anos. “Agora é monitorar o ninho desativado por período de médio e longo prazo e esperar esse casal fazer uma nova postura, o que pode levar até dois anos, conforme demonstrado por estudos sobre a biologia e ecologia reprodutiva da espécie”.
