Poucos minutos após a indicação do senador Jean Paul Prates (PT-RN) para o comando da Petrobras, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva colocará em debate a proposta de mudança na atual política de preços de combustíveis da companhia, que está vinculada à flutuação do valor de variação no mercado internacional.
A paridade internacional para os preços dos combustíveis passou a ser adotada em 2016, no governo de Michel Temer (MDB). Gleisi faz coro ao discurso de Prates, também crítico à política de preços da Petrobras, e ao próprio Lula, que disse algumas vezes, durante a campanha eleitoral, que pretendia retomar o modelo antigo.
Ainda segundo Gleisi, o ideal seria que o atual governo editasse uma Medida Provisória (MP) que prorrogasse a desoneração de combustíveis por pelo menos 90 dias.
“Eu defendo que haja uma prorrogação de pelo menos uns três meses, para vermos como está a política de preços da Petrobras. O problema não é a questão do tributo. O problema é a política de preços da Petrobras, a dolarização que aconteceu. Isso tem um impacto monumental. A Petrobras se tornou uma empresa de distribuição de lucros e dividendos. Não pode ser isso”, criticou Gleisi, em entrevista à GloboNews.
“Nós tínhamos uma outra política de preços para a Petrobras, em que você fazia um ‘mix’ entre o que se importava e que se produzia. Não se dolarizava tudo, havia uma mediação. Temos que voltar a fazer isso. Não tem justificativa dolarizar a produção interna, tudo ser cotado em dólar. É um preço muito alto para a população”, afirmou um presidente do PT.
Gleisi elogiou a indicação de Jean Paul Prates, que, segundo ela, fará uma “reconstrução” da Petrobras. Questionada sobre os escândalos de corrupção que abalaram a empresa durante os governos petistas – investigados pela Operação Lava Jato –, Gleisi isentou o partido de responsabilidade pelos malfeitos.
“A corrupção não se deu pelas mãos de gente do PT na Petrobras. Os diretores envolvidos não eram do PT, eram do PP e de outros partidos, era gente que estava lá há muito tempo”, disse.
janela._taboola = janela._taboola || []; _taboola.push( mode: “thumbnails-c-3×1”, container: “taboola-mid-article”, posicionamento: “Mid Article”, target_type: “mix” );
Governo não será liberal
Em entrevista, uma deputada federal afirmou que o terceiro governo de Lula não seguirá uma cartilha liberal na economia. “O governo tem de seguir a linha pela qual foi eleito. O governo não foi eleito por uma linha liberal. Aliás, nem a campanha do Bolsonaro era liberal na economia”, afirmou.
O presidente do PT minimizou a possibilidade de eventual choque entre os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Simone Tebet, do Planejamento – adepto de uma linha liberal e mais amigável ao mercado.
“Todas as propostas que nós oferecemos, e o povo interno, eram de dar resultado à vida do povo. Se for para entrar em um governo e não dar resposta para combater a fome e gerar emprego, é melhor não entrar. Não acredito que haja divergências dessa natureza”, disse Gleisi.
Segundo a presidente do PT, “Lula sempre foi muito responsável fiscalmente”. “Ele fez um governo em que tivemos redução da dívida pública, superávit primário em todos os anos e recursos colocados à disposição do povo, e a economia girou”, finalizou.
O post Gleisi: “O problema é a política de preços da Petrobras” apareceu pela primeira vez em Metrópoles.