Se Bolsonaro ficar quietinho, a Justiça esquecerá seus crimes

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Sossegue, Bolsonaro. Faltam 10 dias para o fim do seu governo. Se se comportar bem até lá, se depois permanecer discreto por um período de tempo razoável, quem sabe o Supremo Tribunal Federal não desiste de puni-lo por atentar contra a democracia?

Quem sabe também não fecha os olhos para outros crimes que cometeu, incluindo os dos filhos? O ideal seria que se afastasse de vez da política e fosse curtir a vida na companhia de Michelle e da filha Laura, como planejou fazer antes de se eleger presidente.

Não terá mais que se preocupar com gastos. Bastam-lhe como aposentados e a fortuna que viveu em mais de 30 anos como político. De resto, a condição de ex-presidente garante dois carros, secretários e agentes de segurança pagos pelo governo.

Dado ao seu peso econômico no mundo e ambições imperiais, o Brasil não quer parecer-se com outros países da América Latina. No início de 2001, por exemplo, em um intervalo de apenas 10 dias, a Argentina teve cinco presidentes.

Na final de 2020, em uma semana, o Peru teve três presidentes. No momento, enfrenta grave turbulência com a deposição do presidente Pedro Castillo. Quatro ex-presidentes peruanos foram presos por corrupção na década passada, e um matou-se.

(Lembra algo? De 1954 a 1956, o Brasil foi governado por quatro presidentes: Getúlio Vargas, que se suicidou, Café Filho, Carlos Luz e Nereu Ramos. De 1961 a 1964, por mais quatro: Jânio Quadros, Ranieri Mazzilli, João Goulart e Mazzilli novamente.)

Entre os ministros do Supremo, consolida-se a opinião de que depois de 21 anos de ditadura, dois impeachments de presidentes (Collor e Dilma) fizeram muito mal à imagem do país; sem falar da prisão de dois ex-presidentes (Lula e Michel Temer).

Bolsonaro só não caiu porque comprou o Congresso com o Orçamento Secreto, e os militares o apoiaram. Prendê-lo seria abrir mais uma ferida que levaria muitos anos para cicatrizar. Contudo, vai depender só dele para que isso não ocorra.

Fonte Metropoles

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