Campanha de pesquisa foi em Quevedos (RS); o avanço na tecnologia de monitoramento permite maior número de informações coletadas. Machos de gato-do-mato-pequeno são os primeiros indivíduos da espécie monitorados por GPS no mundo Projeto Felinos do Pampa/Divulgação Pesquisadores do projeto Felinos do Pampa garantem aos estudos do gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus) uma conquista importante : na última semana dois machos foram capturados na cidade de Quevedos (RS) para instalação de colares de monitoramento e passaram a ser os primeiros indivíduos da espécie, no mundo, monitorados via GPS. “A campanha de captura foi feita na costa do rio Toropi, uma região que agrega campos e florestas e mistura elementos do Pampa e da Mata Atlântica, garantindo uma adesão de recursos para os felinos silvestres. Aqui, em um raio de 40 milhas, é possível encontrar puma, gato-maracajá, gato-mourisco, gato-do-mato-pequeno, gato-do-mato-grande, gato-palheiro e jaguatirica”, detalha o biólogo Felipe Peters, que há mais de 10 anos se dedica aos estudos sobre felinos do Pampa. “O objetivo desse trabalho é avaliar como se dá o uso de recursos em um ambiente fragmentado pela operação de usinas hidrelétricas. Direcionamos o estudo para todas as espécies de felinos, monitoradas através de armadilhas fotográficas e cores de rastreamento”, conta. Para acessar as informações coletadas no colar é necessário rastrear ou recapturar o animal Projeto Felinos do Pampa/Divulgação Registros feitos pelas câmeras instaladas na mata indicavam aos investigadores que o sucesso na campanha de captura seria com o gato-maracajá, fotografado diversas vezes na região, diferente do gato-do-mato-pequeno, que parecia “fugir” das armadilhas fotográficas. Por isso, a captura da espécie foi uma surpresa. “De certa forma podemos considerar rara a captura desses animais na costa do rio Toropi, visto que é uma espécie ameaçada e que se encontra no extremo sul da zona de distribuição no estado”. Felinos do Pampa: bioma é casa para espécies raras e ameaçadas Captura de gato-do-mato-pequeno surpreendeu o pesquisador Projeto Felinos do Pampa/Divulgação Avanço nas pesquisas Levantar dados sobre espécies da fauna através de colares de monitoramento é uma técnica relativamente antiga, no entanto, o avanço da tecnologia sanou problemas que antes limitavam as análises sobre os felinos. “O rastreamento era único e exclusivamente relacionado ao sistema VHF (por frequência de rádio). Os colares não possuíam sistema GPS acoplado, como o que colocamos agora nos gatos”, conta Peters, que exemplifica. “Imagine que o pesquisador conseguiu rastrear o indivíduo 30 dias após a captura e a instalação do colar. Se utilizar o sistema VHF, ele terá um único registro de posição, dados e hora do animal monitorado. Com o sistema atual de GPS, porém, é possível baixar 360 registros de posição, dados e hora. É um ganho significativo de informações”, detalha. Espécie ocorre nos estados de SC, PR, SP, RJ, ES, MS, MG, MT, GO, BA e RS Projeto Felinos do Pampa/Divulgação Apesar do aumento de dados coletados com a novidade tecnológica, o desafio continua. Isso porque, para acessar as informações é necessário rastrear ou recapturar o animal. “Para o monitoramento de pequenos felinos como o gato-do-mato utilizamos o colar tigrinus, que tem autonomia de aproximadamente seis meses e é programado para coletar dados, hora e as coordenadas dos animais de duas em duas horas. As informações são armazenadas em um cartão SD na própria coleira, ou seja, preciso localizá-lo em campo para recuperar os dados, seja pela recaptura ou pelo rastreamento do felino. Nesse último caso, é necessário estar a cerca de 50 metros do animal e utilizar um programa de computador que faz o download das informações”. “É sempre bom lembrar que a captura e a instalação do equipamento não garantem, por si só, o monitoramento. Sempre vivemos na experimentação de obter os dados, visto que precisamos rastrear ou recapturar os animais. monitoramos o primeiro gato-do-mato-grande, gato-maracajá e gato-mourisco do mundo através do sistema GPS. Tivemos sucesso em recuperar os dados dos três, por isso estamos otimistas em relação ao gato-do-mato-pequeno”, completa o pesquisador. Conheça os felinos do Pampa: quatro espécies são consideradas raras no bioma Arte: Giulia Bucheroni A espécie O gato-do-mato-pequeno pesa cerca de dois quilos e se alimenta principalmente de pequenos mamíferos, como roedores e marsupiais, mas também preda insetos, aves e répteis. Encontrado no leste do Paraguai, nordeste da Argentina e centro-sul do Brasil, o felino de pequeno porte corre risco de extinção: está classificado como Vulnerável em nível nacional e mundial, vítima da fragmentação do habitat, atropelamentos, caça retaliativa e infecções transmitidas por animais. domésticos No Brasil, a espécie ocorre nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul. Apesar de ser considerado catemeral (animal que apresenta atividade tanto diurna quanto noturna), pesquisas apontam maior atividade durante a noite na primavera e no verão.
Fonte G1