Amber Heard anunciou que chegou a um acordo com Johnny Depp, após ser condenada por difamação contra o ex-marido. Nesta segunda-feira (19), ela publicou o comunicado em seu perfil nas redes sociais, e definiu o caso como uma “decisão muito difícil”. Além de criticar a Justiça norte-americana, a atriz afirmou que não está admitindo a culpa, mas garantiu que não permitirá mais “restrições ou piadas” com seu testemunho. Amber vai pagar U$S 1 milhão ao ex (cerca de R$ 5,3 milhões na cotação atual). Anteriormente, ela tinha sido condenada pela Justiça a pagar U$S 10,35 milhões, ou seja, o acordo a livrou de mais de 50 milhões de reais.
A artista havia entrado com uma apelação citando “erros cometidos pelo tribunal“, mas decidiu dar fim às novas emoções. “Depois de muita deliberação, tomei uma decisão muito difícil de resolver o caso de difamação movido contra mim por meu ex-marido na Virgínia. É importante dizer que nunca escolhi isso. Defendi minha verdade e, ao fazê-lo, minha vida como a meus povos foi destruída”escreveu.
“A difamação que enfrentei nas redes sociais é uma versão ampliada das formas pelas quais as mulheres são revitimizadas quando denunciam. Agora tenho finalmente a oportunidade de me emancipar de algo que tentei deixar há mais de seis anos e em termos com os quais posso concordar. Eu não fiz nenhuma admissão de culpa. Este não é um ato de concessão. Não há restrições ou piadas com relação à minha voz no futuro”prosseguiu.
Amber afirmou que perdeu a confiança no sistema jurídico dos Estados Unidos que, segundo ela, transformou seu depoimento em “entretenimento para as redes sociais”. “Eu tomo essa decisão tendo perdido a fé no sistema jurídico americano, em que meu testemunho desprotegido serviu como entretenimento e alimento para a mídia social. Quando compareci perante um juiz no Reino Unido, fui justificado por um sistema robusto, imparcial e justo, em que fui protegido de ter que dar os piores momentos do meu testemunho perante a mídia mundial, e onde o tribunal considerou que eu fui vítima de violência doméstica e sexual”disse.
Em 2020, Depp perdeu um caso de difamação contra o jornal britânico “The Sun”, que o chamou de “espancador de esposas”. Um juiz da Suprema Corte de Londres decidiu que ele havia agredido Heard repetidamente. “Nos Estados Unidos, porém, esgotei quase todos os meus recursos antes e durante um julgamento no qual fui ficar a um tribunal onde foram excluídas provas abundantes e diretas, que corroboravam meu testemunho e no qual a ciência e poder importavam mais do que razão e devido process. Fui exposto a um tipo de humilhação que simplesmente não posso reviver”contínuo.
Para ela, a única saída seria um novo julgamento. No entanto, em seu desabafo, Amber afirmou que não pretende passar por isso mais uma vez: “Mesmo que meu recurso nos EUA seja bem-sucedido, o melhor resultado seria um novo julgamento, no qual um novo júri teria que considerar como prova novamente. Eu simplesmente não posso passar por isso pela terceira vez”.
“O tempo é precioso e quero gastá-lo de forma produtiva e com propósito. Por muitos anos estive enjaulada em um processo legal árduo e caro, que se mostrou incapaz de proteger a mim e ao meu direito à liberdade de expressão. Não posso bancar uma conta impossível – uma que não é apenas financeira, mas também psicológica, física e emocional. As mulheres não deveriam enfrentar abuso ou falência por falar a verdade, mas infelizmente não é incomum”acrescentou.
“Ao resolver este caso, também estou escolhendo a liberdade de dedicar meu tempo ao trabalho que me ajudou a me recuperar após o divórcio; trabalho que existe em domínios nos quais me sinto vista, ouvida e acreditada, e nos quais sei que posso converter mudanças. Não serei ameaçada, desanimada ou dissuadida pelo que aconteceu de falar a verdade. Ninguém pode e ninguém vai tirar isso de mim. Minha voz continua sendo para sempre o bem mais valioso que tenho”finalizou. Confira a íntegra:
Após a divulgação do acordo, os advogados de Johnny Depp emitiram uma nota sobre o caso, afirmando que o dinheiro será todo doado para caridade. “Temos o prazer de fechar formalmente a porta deste capítulo doloroso para o Sr. Depp, que deixou claro ao longo deste processo sua intenção de trazer a verdade à luz. Isso nunca foi sobre o dinheiro. A decisão unânime do júri e o julgamento a seu favor contra a Sra. Heard permanece totalmente em vigor, e a quantia de U$S 1 milhão – que será doada pelo Sr. Depp para instituições de caridade – confirma o reconhecimento da Sra. Heard da conclusão da busca rigorosa do sistema por justiça“, diz o comunicador.
Lembre-se do processo
Dois anos após sua separação, Johnny Depp acusou Amber Heard de difamação. A história teve início em 2018, quando a atriz escreveu um artigo no “The Washington Post” afirmando ser sobrevivente de violência doméstica. Ela não citou o nome do artista, contudo, ele entrou com a ação judicial e alegou que o texto trouxe danos para a sua aceitação.
O astro, inicialmente, pediu uma indenização de US$ 50 milhões (aproximadamente R$ 250 milhões). Heard, por sua vez, fez uma alegação contrária e solicitou U$ 100 milhões (cerca de R$ 500 milhões). O julgamento teve início no mês de abril, e foi marcado por relatos de agressão e abuso de ambas as partes.
No dia 1º de junho, após seis semanas, o corte norte-americano concedeu resultado favorável ao ator. Enquanto Heard foi condenado pelo júri a pagar US$ 15 milhões (R$ 79 milhões) – valor que foi reduzido para US$ 10,35 milhões (R$ 54 milhões) -, Depp foi condenado a pagar US$ 2 milhões à ex- mulher.
O processo também foi amplamente discutido nas redes sociais. Apenas no TikTok, foram mais de 18,8 bilhões de visualizações na hashtag “Justice For Johnny Depp” – com vídeos que pediam justiça ao ator, fizeram sua defesa, além de outros que criticavam e debochavam de falas de Amber. Enquanto o assunto ganhou a mídia, os fãs também debateram os argumentos para tentar causar algum impacto na decisão judicial.
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