Especialistas esclareceram as dúvidas que mais têm assustado as pessoas. O carrapato-estrela é um dos principais transmissores da febre maculosa Getty Images via BBC perguntas. Nesse momento delicado, a equipe do Terra da Gente encontrou como principais dúvidas dos nossos seguidores na internet e telespectadores do programa, buscando respostas com especialistas no assunto. Afinal, quanto tempo uma pessoa leva pra ser contaminada após a picada do carrapato? Crianças que pegam a doença correm mais risco? Repelentes são realmente eficazes nesses casos? Os biólogos Heloísa Malavasi, da Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ), em Campinas e Almir Pepato, professor de zoologia da UFMG esclareceram algumas dessas dúvidas. Acompanhe agora as respostas para lidar com esse cenário preocupante. Confira alerta sobre febre maculosa Simben/INaturalist Carrapatos que se alimentam do sangue de hóspedes com a bactéria da febre maculosa se contaminam imediatamente após o contato? “Não. A transmissão da doença ocorre após um período de infecção e replicação da bactéria dentro do carrapato, seguida pela injeção de saliva infectada no hospedeiro durante a alimentação. Quando um carrapato se alimenta do sangue de um hospedeiro infectado, ele ingere a bactéria Rickettsia rickettsii presente no sangue desse hospedeiro. A bactéria então se multiplica no interior do carrapato, infectando suas células. Após um período de tempo, geralmente algumas horas ou até mesmo dias, uma bactéria se torna presente nas glândulas salivares do carrapato. Quando o carrapato se alimentar novamente, injete saliva no hospedeiro para facilitar a alimentação. É nesse momento que a bactéria da febre maculosa pode ser transmitida através da saliva do carrapato”, afirma a especialista. Carrapato-estrela pode carregar a bactéria que causa a febre-maculosa Vinícius Rodrigues de Souza Apenas as capivaras são hospedeiras de carrapatos infectados pela bactéria da febre maculosa? “Não, além das capivaras, outros animais como roedores, cervos e cães também podem servir como hospedeiros de carrapatos infectados, entusiasmados para a disseminação da doença”, reforça Malavazi. Usar repelentes pode ajudar a reproduzir Repelentes contra carrapatos que transmitem febre maculosa funcionam? Sim, o repelente pode diminuir conforme as chances de você pegar carrapato e, consequentemente, contrair a febre-amarela. Porém, não são todos os repelentes que funcionam contra esses parasitas. De acordo com Almir Pepato, professor de zoologia da UFMG, os mais indicados e que possuem maior eficácia são os que tem o princípio ativo icaridina na fórmula, apesar dos chamados repelentes DEET também funcionaram contra carrapatos. “Vale lembrar que eles precisam ser repassados constantemente. É importante notar que não são todos os repelentes encontrados nas prateleiras dos supermercados que afastam carrapatos e que mesmo aqueles que funcionam para esses animais devem ser reaplicados com frequência.” Já Malavazi afirma que: “Existem alguns produtos com substâncias ativas, como DEET (N,N-Dietil-meta-toluamida), icaridina (também conhecida como picaridina) e permetrina, que são comumente utilizadas para proteção contra carrapatos. Eles podem ajudar a manter os carrapatos afastados. Porém, é importante seguir as instruções de uso do produto”, disse ela ao reforçar: “Vale destacar que nenhum repelente é 100% eficaz contra todas as picadas de carrapatos. Portanto, é essencial atrelar o uso de repelentes com outras medidas de prevenção, como vestir roupas protetoras de cores claras, cobrir a pele exposta, evitar áreas infectadas de carrapatos e realizar verificações regulares do corpo após atividades ao ar livre”. da Saúde/Reprodução A bactéria causadora da febre maculosa pode ser encontrada em diferentes regiões do Brasil? ), o Sul (Paraná e Santa Catarina) e algumas áreas do Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul e Goiás), onde há maior presença de carrapatos vetores e da bactéria”, destaca. Um especialista ainda destaca que a febre maculosa brasileira, causada pela Rickettsia rickettsii é a doença transmitida por carrapatos de maior importância no país, sendo endêmica na Região Sudeste, onde as taxas de letalidade passam de 50%. “Os vetores incriminados na transmissão da enfermidade são o Amblyomma aureolatum na Região Metropolitana de São Paulo e o Amblyomma sculptum no restante da Região Sudeste. A Rickettsia parkeri cepa Mata Atlântica, por sua vez, é transmitida principalmente pelo carrapato Amblyomma ovale e causa uma enfermidade com manifestações clínicas mais brandas, sem nenhum relato de óbito até o momento, com casos relatados no litoral de São Paulo, em Santa Catarina e na Bahia”, completa. Quais regiões têm menos casos de febre maculosa e por quê? “As áreas onde ocorre menos quantidade de carrapatos infectados com a bactéria da febre maculosa são geralmente aquelas com clima mais árido e seco. Regiões como o Nordeste brasileiro tendem a apresentar uma menor prevalência de carrapatos transmissores da doença, devido às condições menos favoráveis à sobrevivência e reprodução desses parasitas. O clima árido e as temperaturas mais elevadas dificultam a manutenção da população de carrapatos, limitando sua disseminação e, consequentemente, a transmissão da febre maculosa. No entanto, embora sejam menos comuns, ainda é possível encontrar casos esporádicos da doença em algumas áreas do Nordeste, especialmente em locais com maior umidade, como beiras de rios e regiões com vegetação mais densa”, detalha um especialista. Pedestres enfrentam dia de frio e garoa na região da Avenida Paulista, em São Paulo, nesta manhã de sexta-feira, 16 de junho de 2023. Termômetros registram 13°C na região. A temperatura na capital paulista deve variar de 11 a 18ºC hoje. RONALDO SILVA/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Casos de febre maculosa são mais comuns no inverno? “Os carrapatos transmissores de febre maculosa, como o carrapato-estrela (Amblyomma cajennense), têm preferência por ambientes úmidos e temperaturas mais amenas. Eles têm maior atividade e reprodução em ambientes com alta umidade e temperaturas entre 20°C e 30°C”, conta um especialista. Heloísa ainda destaca que o Amblyomma sculptum se expandiu para áreas degradadas da Mata Atlântica e sobreviveu bem também em capoeiras, matas ciliares e pastos sujos, desde que tiveram hospedeiros adequados para os adultos (cavalo, anta, capivara, suideos, tamanduá-bandeira). “Sua distribuição é desigual no território nacional, com os ouvidos do sul do estado de São Paulo em direção à Região Sul até não mais ser encontrado (ausente no Rio Grande do Sul). O ciclo de vida dessa espécie é caracterizado por uma geração anual de carrapatos regulada por uma diapausa comportamental com larvas predominando no outono, ninfas no inverno-primavera e adultos no verão. elevado até a primavera”, conta. Doença é mais grave em crianças e idosos Getty Images via BBC A febre maculosa é mais perigosa em crianças e idosos? “A FMB pode acometer pessoas de qualquer faixa etária e os principais fatores associados ao risco de óbito são a suspeita tardia, com consequente retardo no início do tratamento específico, e a não utilização dos antimicrobianos preconizados. A doença acomete principalmente a população econômica ativa (20 -49 anos), em especial os homens, devido à maior exposição a ambientes com presença de carrapatos vetores da FMB. Cabe destacar que 10% dos registros da doença são em crianças menores de 9 anos de idade”, comenta a especialista”, diz a especialista. Trilhas ou áreas urbanas, onde aparecem mais casos? Agência Brasil/Reprodução Carrapatos infectados estão mais em áreas urbanas ou matas fechadas? sua presença e distribuição podem variar dependendo do ambiente. Em áreas urbanas, os carrapatos tendem a ser mais comuns em parques, jardins e áreas verdes onde há presença de animais selvagens, como capivaras e cavalos (hospedeiros primários) e roedores, gambás, saguis, aves, cães, entre outros que podem servir como hospedeiras secundárias dos carrapatos. Esses espaços podem fornecer condições para a sobrevivência e reprodução dos carrapatos. Por outro lado, em matas fechadas e áreas rurais, onde a vegetação é mais densa e o contato com animais silvestres é mais frequente, a presença de carrapatos infectados pode ser mais comum”, destaca a profissional. estrela infectada e para a qual não há vacina G1 Quanto tempo após a picada levo para me contaminar? precisa ser liberado na corrente sanguínea para causar infecção.Portanto, remove o carrapato o mais rápido possível reduz o risco de transmissão de doenças”, finaliza.
Fonte G1