Jovens participaram de projeto e criaram contos inspirados em animes Divulgação: Puc Campinas Foi lançado em maio, na Escola Estadual Prof. Carlos Alberto Galhiego, em Campinas, o livro “A Contação dos Nossos Olhos”, com nove contos escritos por 19 alunos do 7º ano da escola. Eles foram elaborados adolescentes pelos e inspirados nos animes (animações japonesas) que assistiram em sala de aula, acompanhados de uma psicóloga e uma professora. O trabalho está disponível de forma on-line no link https://prosped.com.br/noticias/lancamento-do-livro-a-contacao-dos-nossos-olhos/. O livro é resultado de um projeto desenvolvido pela mestranda em Psicologia Rebecca Moura de Almeida Ferreira Carvalho e pela professora e pesquisadora Vera Lúcia Trevisan de Souza, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUC-Campinas, com a participação de Dorcas Rosicler Nunes, professora efetiva em Língua Portuguesa da escola. Os animes apresentados nos encontros, sobre temas diversos, sensibilizaram e estimularam os adolescentes a mergulharem no processo imaginativo, deixando as emoções fluírem na elaboração de temas como morte, luto, violência, racismo, relações familiares, depressão etc. de mestrado de Rebecca, que busca analisar a potência dos animes e mangás na promoção do desenvolvimento. Para isso, foram feitas várias intervenções na escola em diversas turmas. Uma delas foi essa com o 7º ano, que gerou o livro de contos. A ação na escola foi, esperou, de ouvir as crianças e adolescentes e ajudá-los no seu processo de desenvolvimento. Foi necessário compreender suas próprias visões sobre violência, bullying e descrição e, a partir daí, debater de forma crítica e reflexiva. Divulgação: Puc Campinas As coordenadoras falaram sobre como foi trabalhar sobre o tema do bullying e descrever no meio estudantil com estudantes em uma época em que a violência nas escolas assusta a sociedade em geral. “Havia uma grande e urgente necessidade de trabalhar esses temas no meio estudantil. No início foi mais difícil, porque eles mais gritavam do que falavam e aos poucos foram percebendo que poderiam ser ouvidos mesmo falando com calma e de maneira silenciosa e educada”, disse Rosicler. A Profa. Vera destacou que as situações de violência ocorridas, ou tantas outras que não tiveram tanto destaque, não são produzidas pela escola, elas são produzidas na sociedade, que é extremamente violenta, e acabam por se reproduzirem na escola, por vezes um espaço vulnerável, por ser aberto ao público. “E igual modo, não é possível atribuir os episódios de violência a uma causa somente, como o bullying, por exemplo. A manifestação da violência é muito mais complexa, tem fatores multideterminantes e precisa ser tratada com cuidado e profundidade”, disse. Divulgação: Puc Campinas O grupo de pesquisa da PUC-Campinas que trabalha com a arte como meio de intervenção nos contextos educativos foi quem incentivou o trabalho, entendendo que as expressões de natureza artística têm potencial para tocar os sujeitos e favorecer a expressão de suas emoções e sua elaboração. No caso dos adolescentes, os animes e mangás despertam seu interesse e envolvimento, por versarem sobre temas que lhes são sensíveis. A pesquisadora Rebecca sempre gostou de animes e mangás, o que facilitou seu envolvimento com a atividade. “No meu percurso acadêmico observei como essas comunidades ajudaram (e ajudam) crianças e adolescentes a se expressar e refletir sobre temáticas importantes, tais como: morte, luto, violência ou relações familiares. Hoje minhas pesquisas estão centradas em observar e utilizar essas mídias como ferramentas, dentro da psicologia, como uma forma de promover o desenvolvimento”, disse. Nas intervenções desenvolvidas, neste trabalho, houve o cuidado de escolher animes com temáticas atuais, que se aproximassem do universo dos adolescentes, e que pudessem favorecer seus processos de imaginar, pensar, fazer e refazer. As coordenadoras não imaginavam que no final eles escreveriam essas histórias, mas tinham esperança de que o trabalho com a turma ajudasse a ampliar a consciência, enquanto possibilidade de compreensão mais aprofundada de si e do mundo e com isso os ajudasse a crescer como sujeitos. Os contos produzidos por eles foram apenas um resultado desse crescimento pessoal. “Como a professora desses alunos, posso dizer que fiquei surpreso com a criatividade deles, ainda mais por ser o primeiro ano pós-pandemia, em que todos estavam sofrendo pela perda da aprendizagem e foram marcados emocionalmente e fisicamente por esse período. O estímulo correto feito em parceria com a psicóloga fez com que o projeto desse certo”, disse Rosicler. O projeto é desenvolvido na escola por meio de parceria com a gestão e com os professores desde 2016. A PUC-Campinas mantém psicólogos na escola nos três períodos de seu funcionamento – manhã, tarde e noite. Como se trata de uma escola que tem 1400 alunos, as demandas são muitas e o grupo não consegue atuar em outras escolas, mas há um projeto para atender a mais uma escola, pelo menos.
Fonte G1