Estudo sobre esquizofrenia rende prêmio internacional a pesquisador da Unicamp

Campinas e Região



Trabalho identifica processos moleculares relacionados à esquizofrenia e identifica componentes celulares que podem auxiliar no diagnóstico; para cientista, reconhecimento internacional traz novo ânimo em tempos de negacionismo. Estudo sobre esquizofrenia rende prêmio internacional a pesquisador da Unicamp Pedro Amatuzzi O professor Daniel Martins-de-Souza, que atua no instituto de Biologia da Unicamp, em Campinas (SP), ganhou um prêmio internacional por estudos sobre esquizofrenia pela Sociedade Internacional de Pesquisa em Esquizofrenia (SIRS). A entidade internacional é dedicada ao estudo da esquizofrenia e choque relacionado e premia investigador desde 2012. A vitória ocorreu no início de maio, na categoria “Pesquisa Básica”. O trabalho de Daniel foca os processos moleculares relacionados à esquizofrenia e identifica componentes celulares que podem ajudar no diagnóstico da doença. ‘Pesquisa Básica’ Nos últimos anos, impulsionado pela pandemia de Covid-19, o debate sobre a importância da ciência no cotidiano tornou-se mais presente. Mas como funciona esse processo para que tantas descobertas cheguem à população? Para compreender um pouco como isso ocorre, o g1 conversou com Daniel Martins-de-Souza. A importância do prêmio pode ser observada em várias escalas, mas antes é interessante entender seu significado, pois “Básico” não quer dizer simples, mas que busca compreender o elemento mais fundamental daquilo que se está estudando. “A base da pirâmide, o tijolinho do muro que está sendo construído”, explicou Daniel. Assim, a pesquisa do professor Daniel tem como propósito compreender os mecanismos moleculares que estão ligados à esquizofrenia e identificar elementos na célula capaz de auxiliar o diagnóstico da doença. Estudo sobre esquizofrenia rende prêmio internacional ao pesquisador da Unicamp Pedro Amatuzzi “A gente estuda o papel de diferentes tipos de células do cérebro no desenvolvimento da doença, cultiva em laboratório essas células e testa elas com medicamentos já conhecidos e novos medicamentos potenciais para entender como eles funcionam”, comenta. Desta forma, é possível encontrar novos compostos químicos com potencial de serem bons medicamentos, e entender o que os medicamentos atuais podem ser prejudiciais do ponto de vista biológico. Esta pesquisa pretende compreender melhor o funcionamento da esquizofrenia para futuramente possibilitar tratamentos mais eficazes com menos efeitos colaterais, algo que atualmente é um problema para os pacientes desta condição. Zika vírus e Covid Aproveitando a estrutura dos laboratórios da Unicamp, Daniel e seus colegas também avançam em alguns estudos sobre o Zika Vírus e a Covid-19. Emergências sanitárias que aconteceram e que os estudos permitirão uma maior compreensão na atuação desses vírus nas células do cérebro. Estudo sobre esquizofrenia rende prêmio internacional ao pesquisador da Unicamp Pedro Amatuzzi “Inclusive para a Covid-19, a gente liderou um grande estudo 100% brasileiro, no qual a gente mostra como é que a Covid-19 pode afetar o cérebro, e isso começou quando se pensava que a Covid era apenas uma doença respiratória”, comenta. Ao estudar a Covid, uma equipe detecta semelhanças na forma como o vírus atuava nas células do cérebro com o que acontece no cérebro dos pacientes com esquizofrenia. A pesquisa de tais elementos em comum contribui para entender ambas as doenças. “A Covid tem sido um foco de estudo bastante grande agora, então temos muitos substratos para extrair informação que pode estar associada a esquizofrenia. E historicamente ao longo de vários anos estudando esquizofrenia a gente tem muitos dados que podem nos ajudar a compreender a Covid”, explicou. Motivação Para o professor Daniel, mais que o reconhecimento entre os pares, o prêmio serve como um grande incentivo depois do ataque e desmonte que a ciência sofreu nos últimos anos. Estudo sobre esquizofrenia rende prêmio internacional a pesquisadora do Arquivo Pessoal da Unicamp “A gente passou os últimos quatro anos em condições de muito negacionismo científico, precariedade no financiamento a pesquisa, especialmente por parte do governo federal. (…) desanimou num momento em que a gente estava se dedicando muito a compreender a Covid19, sabe? Estudar essa doença. Arriscando-se em sair de casa num momento que a gente ainda não estava vacinado para fazer esse tipo de pesquisa” desabafa. Os desafios impostos pela falta de apoio dificultou os alunos de pós-graduação a procurar uma carreira científica. Receber este tipo de reconhecimento em nível internacional, cujo ganhadores eram todos estrangeiros, grande parte dos Estados Unidos e Europa, foi uma injeção de ânimo. “A gente esta fazendo uma coisa certa né? A gente está indo bem, então temos que continuar, não podemos desanimar esses momentos. (…) As esperanças estão melhores e esse prêmio veio coroar isso.” concluído. *Sob supervisão de Fernando Evans VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas

Fonte G1

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