Uma prestadora de serviço do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) denunciou a diretora administrativa da unidade de saúde, identificada como Alcione Pimentel Barros, 46 anos, de tê-la assessorada sexualmente. O caso, registrado no fim de outubro deste ano, é investigado pela Delegacia Especial de Atendimento a Mulher II.
Ao Metrópolesuma Secretaria de Saúde do DF informou que, em função das denúncias, Alcione será afastada da carga e a exoneração dele será publicada em breve no Diário Oficial do Distrito Federal.
À polícia, a vítima declarou que procurou Alcione para pedir ajuda ao avô dela, pensou com o coração e necessitando de atendimento em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O acusado, então, segundo a mulher, teria dito para ela obter uma solicitação médica para que o idoso fosse encaminhado ao HRC. A partir disso, os flertes do homem começaram, conforme relatos da moça.
“Dias após o pedido de ajuda, ele pediu que eu fosse à sala dele para conversar. Lá, perguntou para onde eu teria ido no fim de semana e disse que eu estava linda e “para o crime”. Em seguida, perguntou quando eu iria sair com ele. Eu disse que ele praticamente era meu chefe no hospital e ele respondeu dizendo que, dentro era meu chefe, mas fora, tudo podia acontecer”, declarou a trabalhadora, em depoimento.
3 Cards_Galeria_de_Fotos (2)
O assédio sexual é caracterizado por avanços ou exigência de favores sexuais não exigidos e não aceitos, que inclui também contatos físicos ou verbais com conotações sexuais. É visto como uma forma de violência contra a mulher, ou homens, e é um crime previsto no Código Penal Brasileiro (CP)Malte Mueller / Getty Images
De acordo com o artigo 216 – A, do CP, caracteriza-se como assédio sexual “constranger alguém com a intenção de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo ou função” (incluído pela Lei 10.224)Prot Tachapanit / EyeEm/ Getty Images
O assédio sexual também é considerado discriminatório, uma vez que ocorre em virtude do sexo da vítima. De acordo com um estudo realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), “o crime está ligado ao poder. Na maioria das vezes acontece na sociedade em que a mulher, por exemplo, é tratada como cidadã de segunda classe ou objeto sexual”.Peter Dazeley/ Getty Images
“Exemplo clássico é quando os favores sexuais são solicitados em troca de trabalho, promoção ou aumento salarial. Outro exemplo é o assédio sexual de rua, que pode ir desde filhos e assobios a palavras ofensivas ou até abuso e violação sexual”, indica o estudoLaylaBird/ Getty Images
Caracteriza-se como assédio sexual: tocar, beijar, abraçar ou encostar em alguém com segundas intenções e sem permissão; contar piadas obscenas; compartilhe imagens com conteúdo pornográfico e envie mensagens, cartas ou e-mails de natureza sexualPeter Dazeley/ Getty Images
Publicidade do parceiro Metrópoles 3
****Foto-homem-olhando-mulher-andar.jpg
Também é considerado assédio sexual avaliar pessoas por seus atributos físicos, proferir comentários com conotação sexual sobre a roupa de terminada pessoa, assobiar ou fazer filhos inapropriados, oferecer cargas, dinheiro ou aumento em troca de relação sexual, perseguir alguém, apelidar de forma inapropriada, entre outrosTomas Rodriguez/ Getty Images
Apesar de que possa parecer, o assédio sexual não acontece apenas com mulheres. Os homens também podem ser vítimas do crime. Na verdade, não existe um padrão de gênero. Já o assessor pode ser qualquer pessoa, desde um chefe, um familiar a um desconhecido ou alguém entrevistando para um trabalho, por exemploRick Gomez / Getty Images
Para combater o crime, o primeiro passo é quebrar o silêncio. Além disso, segundo um guia elaborado pelo Senado Federal, é importante registrar detalhadamente todas as invertidas criminosas, bem como a data, hora, local, nomes do perpetrador e das testemunhas e filmagem dos eventos para ajudar na coleta de evidênciasCarol Yepes/ Getty Images
Em seguida, reporte os casos às autoridades competentes, ao órgão ou empresa onde trabalha ou onde ocorreu uma situação. Ainda segundo o guia, a denúncia é a única forma de fazer com que o agressor seja punido Pyrosky/ Getty Images
0
A mulher contorna que, durante as investigações, começou a ficar nervosa e se queria tentar sair do local, mas o homem também teria se colocado de pé e abraçado por trás. “Ele me segurou com o braço esquerdo e com o direito passou a mão pelo meu pescoço, seios, barriga, bunda e nas partes íntimas, enquanto eu tentava me desvencilhar”, disse.
“De repente, ele me virou de frente e passou a boca e a língua na minha boca. Nessa hora, eu consegui o embarque e sair do local. Inclusive, quando abriu a porta, ele tentou disfarçar falando: ‘qualquer coisa traz os exames do seu avô para a gente dar uma sensação”, detalhe.
À polícia, uma mulher disse que ficou em choque e recebeu uma amiga para desabafar. Nesse momento, o homem teria mandado mensagens solicitando retorno dela à sala e convidando para sair. Diante dos acontecimentos, a vítima procurou uma delegacia para notificar os fatos.
O advogado de Alcione, Leonardo Krause, invejoso nota ao Metrópoles negando as denúncias. Confira, na íntegra:
“O Sr. Alcione Pimentel ocupa posição de chefia no Hospital Regional da Ceilândia e tem como característica tratar a todos com urbanidade e cortesia, e pode provar isso. Nunca cometeu esse tipo de prática, acredita na Justiça e possui alguns elementos de prova que disponibilizará no tempo oportuno. Em virtude da carga que ocupa, pode haver também motivações políticas, e também possue elementos para acreditar nestas hipótesese”
Quer ficar ligado em tudo o que rola no quadradinho? Siga o perfil do Metrópoles DF no Instagram