Contralaudo diz que parte das árvores do Bosque condenadas pela Prefeitura de Campinas pode ser mantida; entenda

Campinas e Região



Os técnicos dizem que, com a adoção de medidas, 33 das 80 espécies condenadas pela administração municipal podem ser preservadas. Análise identificou ainda necessidade de um plano de manejo. Bosque dos Jequitibás, em Campinas, ´segue fechado Reprodução/EPTV Um laudo encomendado pela Comissão de Arborização da Câmara de Campinas (SP) identificou 75 árvores do Bosque dos Jequitibás que precisam ser extraídas. O número é menor do que o apontado pelo Departamento de Parques e Jardins (DPJ), da prefeitura, que diagnosticou em março a necessidade de 108 extrações. A diferença está entre as espécies vivas presentes no Bosque, que está fechada diante da indefinição. O contralaudo, obtido pelo g1, aponta que 33 das 80 árvores vivas condenadas pela prefeitura podem ser mantidas, desde que algumas medidas sejam tomadas. Em março, um grupo formado por engenheiros florestais, professores, pesquisadores e técnicos de entidades já havia levantado questionamentos sobre a real necessidade de remoção de todas as árvores citadas pela administração municipal. “Esta forma, sugere-se a preservação de exemplares com a instalação auxiliar de suportes, placas de educação ambiental e, para segurança, estimativas a cada 3 anos, ou, a qualquer tempo, se observadas quaisquer alterações individuais inesperadas”, diz a análise da comissão. Por outro lado, os dois estudos convergiram na necessidade de remoção de 28 espécies mortas no Bosque. A reportagem pediu um posicionamento à prefeitura sobre a diferença em relação às árvores vivas. Em nota, a Secretaria de Serviços Públicos disse que não teve acesso ao novo documento e que o laudo do DPJ é elaborado por engenheiros agrônomos, biólogos e engenheiro florestal “Todos eles recolocaram-se junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia a chamada Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), sem a qual o laudo não tem nenhuma validade”, complementa. LEIA TAMBÉM Laudo do estado relaciona queda de figueira no Bosque à interferência de gradil e calçada no crescimento da raiz da árvore Pai de menina morta após queda de árvore no Taquaral decide trabalhar com crianças para ‘ficar perto’ da filha: ‘Terapia pro coração’ Vídeo de 2015 mostra diretor da Prefeitura de Campinas alertando sobre risco de queda de eucaliptos Outras medidas Ainda de acordo com a nova análise, o Bosque necessita de um plano de manejo, com medidas como: Fechamento da denominada “trilha da figueira”, que liga a Grande Figueira na entrada do Bosque até o Museu de História Natural, e realizar a restauração desta área com o plantio de mudas de árvores nativas; Eliminação das espécies exóticas na área interna do Parque, entre elas, Melia Azedarach, Caryota urens, Hovenia dulcis, Ligustrum lucidum, Leucaena leucocephala, Mangifera indica, Eryobotria japonica, Syngonium podophyllum; Realizar o manejo programado de lianas e demais trepadeiras que afetam a estrutura e o funcionamento do dossel; Planejamento, implantação e manutenção da arborização urbana no entorno do parque, priorizando as espécies nativas de ocorrência local, de modo a minimizar os impactos do isolamento do fragmento na matriz urbana; Desenvolver e praticar atividades educativas permanentes, como estratégia na orientação de visitantes tanto de escolas, como do público em geral; Desenvolver um programa de identificação e coleta da flora arbórea em Trilhas Ecológicas nos Parques do Município de Campinas visando a conservação de espécies raras e ameaçadas de extinção, bem como de espécies com potencial de uso na arborização urbana e recuperação de áreas degradadas; Instalação de deck elevado nas proximidades de árvores importantes, como o Jequitibá (sustentado por cabeamentos) e Figueira, de maneira a destacar a importância desses exemplares, aproximar-os da população e impedir o vandalismo e destruição/compactação do sítio, no entorno das raízes desses exemplares, criando locais de contemplação, estar e confraternização; Instalação de dispositivos artísticos de suporte nas árvores a serem preservadas, em conjunto com placas de educação ambiental destacando a importância desses exemplares na dinâmica florestal, na disponibilidade de recursos para abelhas nativas e fauna, classe sucessional e patrimônio do conforto térmico e sombreamento exercido pelo dossel florestal, buscado pelos visitantes. Árvores caídas no Bosque dos Jequitibás Arquivo pessoal Liberação do Condepacc No dia 23 de março, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) autorizou a remoção das 108 árvores do Bosque dos Jequitibás. Apesar disso, à época, a prefeitura afirmou que as extrações começariam “somente após todas as autorizações dos órgãos responsáveis”. De acordo com o Poder Executivo, o bosque é patrimônio estadual tombado também pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) em 1970. Na ocasião, a comissão da Câmara emitiu uma nota de repúdio contra a liberado e afirmou que estava preparando o contralaudo. Morte de morador O laudo usado pela Secretaria de Serviços Públicos foi produzido após a morte de um técnico em eletrônica atingido por uma figueira branca de 35 metros que caiu durante um temporal em 28 de dezembro do ano passado. Documentos obtidos pelo g1 via Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram que, nos últimos cinco anos, a prefeitura só realizou laudo técnico sobre as árvores do Bosque dos Jequitibás após a queda da figueira branca. Imagem mostra carro atingido por figueira gigante em Campinas Lucílio Ferreira Junior VÍDEOS: confira mais destaques da região Veja mais notícias da região no g1 Campinas

Fonte G1

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *