Sandra Mathias Correia de Sá, investigada por agressões e injúrias contra entregadores, prestou depoimento nesta segunda-feira (17). O caso ganhou repercussão nas últimas semanas, após a divulgação dos vídeos em que ela usa a coleira de seu cachorro para dar “chicotadas” em Max Angelo. O g1 e a TV Globo deram detalhes do que a ex-jogadora de vôlei e nutricionista afirmou à polícia.
Segundo a publicação, Sandra alegou que supostamente teria sido vítima de homofobia por parte de Max e Viviane Maria Teixeira. Ela resistiu ao sofrer de racismo à polícia. Quanto ao uso da coleira para desferir os golpes, o ex-atleta afirmou que usaria o item para “se defender” do entregador. Em seu depoimento, ela deu sua versão dos fatos que aconteceram nos dias 4 e 9 de abril.
4 de abril – início da confusão
Sandra relatou que tudo começou no dia 4. A nutricionista disse que conheceu Max e Viviane de vista, assim como outros entregadores que também se reúnem na região. De acordo com ela, a briga teve início quando Max passou de bicicleta perto dela na calçada de seu prédio, algo que considerou um “desrespeito”. O ex-atleta disse ter reclamado da situação e que ameaçou denunciá-lo. “Poxa, cara, tem necessidade de você passar do meu lado assim? Eu vou te denunciar”afirmou. “Não f * de! Não enche o saco!”teria dito o entregador.
A ex-jogadora de vôlei teria ido à loja de entregas na calçada de seu prédio – ponto que reúne motoboys e entregadores que retiram os pedidos – e pediu um telefone para denunciar Max, mas ninguém lhe passou. À polícia, ela alegou que, neste momento, o entregador teria lhe filmado e supostamente teria dito “palavras homofóbicas e provocativas”, mas que não prestou queixa. “Você é homofóbico”, teria respondido Sandra na ocasião. Ela recusou ter feito ofensas racistas ou preconceituosas, admitindo que o chamou de “filho da p*ta” e mandou “se f*der”, e que os xingamentos tiveram sido recíprocos.
Imagens de câmeras de segurança mostram agressões de professores a entregadores – Parte 1 pic.twitter.com/IWijBbMnwD
— Só Mídias (@MidiasSo) 14 de abril de 2023
9 de abril – briga e chicotada
Cinco dias depois, veio a situação em que Sandra foi filmada atacando Max com a coleira. Em seu depoimento, ela afirmou que passou na calçada com sua cachorra e Viviane concordou: “E aí, mano? Quando você vai parar de me cuspir?”. A nutricionista disse nunca ter cuspido em ninguém. Então, a entregadora teria ameaçado dizendo: “Eu vou te amassar… Você é fraquinha… Vou te quebrar, sua velha”. De acordo com a ex-jogadora, Max teria apoiado os xingamentos. “Você mora aqui, é rica e acha que pode nos denunciar?”, teria reclamado o rapaz.
Sandra declarou que os entregadores estavam irritados com ela porque ela “já acionou a Guarda Municipal diversas vezes” e fazia muitas reclamações sobre a “bagunça” na região. Ela sofreu que permitiu dar um soco em Viviane após “ser ofendida”. Ela relatou que Viviane teve o chutado o rosto duas vezes, enquanto Max a segurava. Na sequência, ela caiu do degrau da escada e aceitou a perna da entregadora, mas disse não tê-la mordido – ao contrário do relato de Viviane.
Após alegar que Max teria ajudado Viviane a agredi-la, Sandra afirmou que estava evitando pegar a guia de sua cachorra para se “defensor da ‘covardia’ de Max”. Ela declarou que a briga era entre “duas mulheres”, mas que o entregador teria interferido para ajudar a colega. Mais uma vez, ela recusou que teria feito alguma ofensa de cunho racista, devolvendo ameaças de ameaças e homofobia aos entregadores.
Imagens de câmeras de segurança mostram agressões de professores a entregadores – Parte 2 pic.twitter.com/Fg3C91Q0K4
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corpo de delito
O depoimento de Sandra Mathias durou três horas. Ela deixou a 15ª DP correspondente de seu advogado e não quis falar com a imprensa. Roberto Duarte Butter afirmou que as estariam sob sigilo e, por isso, sua cliente não poderia falar das emoções. Entretanto, a delegada Bianca Lima desmentiu a informação.
Após deixar a delegacia, Sandra Mathias seguiu para o Instituto Médico-Legal (IML), onde fez o corpo de delito. O exame foi um pedido da defesa, na intenção de avaliar possíveis marcas e lesões. Segundo a publicação, a ex-atleta estava com marcas nos braços ao ser vista depois do depoimento. Na semana passada, os advogados dela também pediram para adiar o depoimento após a apresentação de um atestado, alegando que problemas de saúde e lesões no corpo a impediam de comparecer no dia marcado anteriormente.
Entenda o caso
Dias após ter discutido com os motoboys, Sandra Mathias se desentendeu novamente com entregadores no domingo de Páscoa (9). Ela passeava com o cachorro quando teria cuspido neles. Após discutir com uma mulher que fazia parte do grupo, ela teria desviado de um chute e mordido a perna da entregadora. “Ela me xingou de lixo, de favela, de um monte de coisa”relatou Viviane Maria de Souza.
Na sequência, Sandra partiu para cima de Max Ângelo dos Santos, que levou um soco na cabeça e foi chicoteado com a guia da coleira do cachorro. “Ela me tratou como se eu fosse um escravo”, disse o rapaz, que é negro. As imagens do conflito foram registradas e o logotipo teve uma grande repercussão nas redes sociais.
Com a situação, a Prefeitura do Rio suspendeu o funcionamento da escolinha de vôlei da qual a ex-atleta é sócia. Vizinhos do prédio em que Sandra mora também querem a expulsão dela do edifício, segundo o advogado do condomínio. A Comissão de Ética do Conselho Regional de Nutrição abriu um processo administrativo contra um nutricionista. De acordo com o g1, o ex-atleta já tem passagens anteriores na polícia por lesão corporal, injúria e ameaça, fraude em licitação e furto de energia.
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