Nesta terça-feira (11), a web se revoltou contra o Twitter, plataforma do bilionário Elon Musk. A onda de críticas vem após declarações dos representantes da rede social numa reunião com autoridades brasileiras, que ocorreu no Ministério da Justiça, nesta segunda-feira (10).
Durante o encontro, o ministro Flavio Dino pediu a retirada de mais de 400 contas da plataforma, que veicularam conteúdo de apoio aos recentes ataques em escolas. A ação faz parte da Operação Escola Segura, uma iniciativa do Ministério da Justiça para receber ameaças de ameaças e possíveis ataques em colégios veiculados nas redes sociais.
Desde sábado, o MJ anunciou que 433 contas (somando o Twitter e também o TikTok) eram alvos de pedidos de remoção. Na lista de perfis elencados pelo governo, foram encontrados não apenas imagens de crianças agredidas, como também ameaças e canções enaltecendo os ataques violentos. Fotos dos assassinos responsáveis pelos massacres recentes também circulam pelas redes, com direito a postagens elogiando a performance.
A jornalista Julia Duailibi, do g1, detalhou a reação do Twitter no encontro. A advogada da plataforma declarou que perfis com fotos dos assassinos responsáveis pelos ataques não violavam os termos de uso da rede de Musk. Ela indicou, ainda, que esse tipo de perfil não pode ser classificado como apologia ao crime.
O posicionamento do Twitter espantou membros do governo, bem como o público. Segundo informações do g1, Dino, e a assessora responsável pelo tema no ministério, Estela Aranha, rebateram o posicionamento da rede social. De acordo com testemunhas do veículo, ambos conseguiram se mostrar indignados com a postura descompromissada e pouco colaborativa da rede.
“Os termos de uso não se sobrepõem à constituição, à lei e não são maiores do que a vida das crianças e adolescentes brasileiros. Estamos numa fronteira em que oportunistas vão ensaiar o argumento falso de que nós estamos tentando de algum modo limitar a chamada “liberdade de expressão”. Liberdade de expressão não existe para imagens veiculares, como estão veiculando neste momento, de adolescentes mutilados. (…) Não há liberdade de expressão para quem quer matar crianças. (…) Não há “termos de uso” que consiga servir de escudo para quem quer se comportar de modo irresponsável e por isso estamos agindo em relação a essas redes”, declarou Dino. O ministro anunciou que a pasta poderá abrir inquéritos, caso as solicitações não sejam atendidas pela plataforma.
🎥 Não há liberdade de expressão para quem quer matar crianças, diz Flávio Dino pic.twitter.com/8Ft7tfZ4yG
— UOL Notícias (@UOLNoticias) 11 de abril de 2023
Hoje (11), o assunto foi parar em segundo lugar nos “Trending Topics” do Twitter. Internautas e figuras públicas, como o deputado Fábio Felix, do PSOL, se indignaram com a plataforma e subiram a hashtag “TWITTER APOIA MASSACRES”. “Apologia a atentados e massacres não é liberdade de expressão”ele escreveu.
Apologia a atentados e massacres não é liberdade de expressão.
TWITTER APOIA MASSACRES pic.twitter.com/WEOU7QQowA
— Fábio Felix (@fabiofelixdf) 11 de abril de 2023
A Deputada Estadual de Sergipe e ativista LGBTQIA+, Linda Brasil, também se manifestou. “É URGENTE que as redes sociais, especialmente o Twitter, tratem com seriedade o debate sobre a responsabilização de ataques extremistas em escolas. Sempre cito em minha fala a importância de investir em inteligência para combater diversos tipos de crime”, pontuado.
É URGENTE que as redes sociais, especialmente o Twitter, tratem com seriedade o debate sobre a responsabilização de ataques extremistas em escolas. Sempre cito em minha fala a importância de investir em inteligência para combater diversos tipos de crime.
TWITTER APOIA MASSACRES pic.twitter.com/Hss42p0XIE
— Linda Brasil 🪭 (@lindabrasilse) 11 de abril de 2023
Confira outras reações:
E isso tá seguindo bem aqui nessa rede social e a resposta PARA O GOVERNO FEDERAL foi que não infringiu as regras da plataforma
TWITTER APOIA MASSACRES https://t.co/YTbnVkVZtI
— adynews (@ady_news) 11 de abril de 2023
É urgente que as redes sociais, e especialmente o Twitter, sejam trazidas ao debate e principalmente à responsabilização. Enquanto mães, alunos e professores estão com medo, o Twitter dissemina extremismo, faz vista grossa e lucra.
TWITTER APOIA MASSACRES https://t.co/ms6iWZ5lbL pic.twitter.com/l869ifOaLG
— Stevens 🇧🇷 🏳️🌈 (@StevensJ_) 11 de abril de 2023
“MASSACRES DE APOIA NO TWITTER”
ESSES TAMBÉM SÃO APOIADORES pic.twitter.com/e0hhCg4gm7— Jodeline 100%esquerda (@100Jodeline) 11 de abril de 2023
O Kiko do Foguete tá faturando em cima do medo e da morte de crianças e adolescentes brasileiros. Ele e seus aspones acham que coordenar e enaltecer massacres contra escolas “não viola as regras da plataforma”.
TWITTER APOIA MASSACRES pic.twitter.com/IZNvr8Eryk
— Carapanã (@carapanarana) 11 de abril de 2023
Se para esta plataforma, um perfil com fotos de assassinos de crianças, perpetradores dos massacres em escolas, não violava os termos de uso da rede e que não se tratava de apologia ao crime, a gente pode até pensar que o
TWITTER APOIA MASSACRES pic.twitter.com/C5xVwfUgsc—Cris (@crisvector) 11 de abril de 2023
clima tenso
Desde que Elon Musk adquiriu o Twitter, a rede social passou por uma série de trocas, desde o layout, ícones e caracteres das publicações, até mudanças drásticas nas equipes, que “debandaram” por não aceitar a liderança caótica do bilionário. As diferenças se manifestaram, também, na relação da plataforma com as autoridades brasileiras e a imprensa.
Ontem (10), a BBC Brasil revelou que contatou o Twitter para que se manifestasse sobre o conteúdo violento contra crianças encontrado nas redes. O veículo recebeu como resposta automática um emoji de fezes. A medida já havia sido divulgada pelo próprio Musk em 19 de março.
Em menos de 15 dias, já foram registrados quatro ataques em escolas brasileiras, em São Paulo (SP), Blumenau (SC), Manaus (AM) e Santa Tereza de Goiás (GO).
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