O filme A Invenção do Outro, de Bruno Jorge, levou o prêmio Candango de Melhor Filme de Longa Metragem do 55° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A mostra chegou ao fim na noite de domingo (20/11) após uma semana de exibições que marcou o retorno do evento ao formato presencial.
Para o encerramento, o FBCB trouxe homenagens a pessoas que fazem parte da história do festival, a entrega de mais de 40 prêmios e até convites para o Carnaval de Olinda (PE), em uma cerimônia comandada pelas atrizes Bárbara Colen e Dandara Pagu.
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Festival de Brasília do Cinema Brasileiro na noite de premiação
Igo Estrela/Metrópoles
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Brasilienses aproveitaram a área externa antes do início da cerimônia
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Com 1,2 mil filmes inscritos nas categorias curta e longa metragens
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oram selecionados 12 curtas e seis longas para a Mostra Competitiva Nacional.
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estival de Brasília do Cinema Brasileiro
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A obra de Jorge, que mostra um primeiro contato com indígenas isolados no Amazonas, disputou a premiação principal com outras cinco produções e levou para casa também os Candangos de montagem, edição de som e fotografia.
Definido como “uma experiência cinematográfica arrebatadora” pelo júri técnico, o longa também impactou quem trabalhou para produzi-lo.
“Acho que o principal aprendizado dessa experiência foi que a gente não precisa se identificar com a gente mesmo para se identificar com o outro, podemos partir de um outro lugar, do coletivo”, analisa Jorge.
Outros destaques no Festival
Embora não tenha levado o prêmio principalmente, Mato Sexo em Chamas também foi um dos destaques da noite.
A produção de Adirley Queirós e Joana Pimenta ficou com sete das 14 estatuetas entregues para longas da Mostra Competitiva. Entre elas, a excepcional premiação dupla na categoria melhor atriz, que ficou com as irmãs Lea Alves e Joana Darc.
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Entre as curtas, Escasso, de Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles receberam a premiação de Melhor Filme de Curta Metragem.
“Que eu consigo fazer cada vez mais cinema que ressignifique linguagens. Que a gente conseguiu abrir brechas flexíveis e materiais pata fazer um cinema realmente inclusivo, e mais que isso, integrado”, pontuou Anastácia.
Outro destaque da seleção foi Ave Maria, com direção de Pê Moreira, que encerrou o festival como Melhor filme de temática afirmativa.
“A gente (pessoas trans) está muito acostumada a ver nossos corpos em situações de violência. E o filme veio da vontade de que os meus pudessem ver seus corpos em situação de carinho, de dores e sofrimentos que não têm a ver com gênero”, afirmou a diretora.
Os filmes vencedores foram escolhidos pelos júris formados por Carol Almeida, Camila Shinoda, Ulisses Arthur, Mariana Jaspe e Dandara Ferreira para os curtas; e Juliano Gomes, Sérgio de Carvalho, Ana Flávia Cavalcanti, Ana Paula Muylaert e Alice Lanari para os longos.
Confira as listas completas abaixo:
Longas-metragens
Melhor filme pelo júri oficial: A Invenção do Outro, de Bruno Jorge
Melhor filme pelo júri popular: Rumo, de Bruno Victor e Marcus Azevedo
Melhor direção: Adirley Queirós e Joana Pimenta, por Mato Seco em Chamas
Melhor atriz: Lea Alves e Joana Darc, por Mato Seco em Chamas
Melhor ator: Carlos Francisco, por Canção ao Longe
Melhor atriz coadjuvante: Andreia Vieira, por Mato Seco em Chamas
Melhor ator coadjuvante: Coro de motoqueiros, por Mato Seco em Chamas
Melhor roteiro: Adirley Queirós e Joana Pimenta, por Mato Seco em Chamas
Melhor fotografia: Bruno Jorge, por A Invenção do Outro
Melhor direção de arte: Denise Vieira, por Mato Seco em Chamas
Melhor trilha sonora: Muleka 100 Calcinha, por Mato Seco em Chamas
Melhor edição de som: Bruno Palazzo e Bruno Jorge, por A Invenção do Outro
Melhor montagem: Bruno Jorge, por A Invenção do Outro
Prêmio Especial do Juri: Rumo, de Bruno Victor e Marcus Azevedo
Curtas-metragens
Melhor filme pelo júri oficial: Escasso, de Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles
Melhor filme pelo júri popular: Calunga Maior, de Thiago Costa
Melhor direção: Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles, por Escasso
Melhor atriz: Clara Anastácia, por Escasso
Melhor ator: Giovanni Venturini, por Big Bang
Melhor roteiro: Rogério Borges, por Lugar de Ladson
Melhor fotografia: Yuji Kodato, por Lugar de Ladson
Melhor direção de arte: Joana Cláudio, por Capuchinhos
Melhor trilha sonora: Podeserdesligado, por Calunga Maior
Melhor edição de som: Black Maria (Isadora Maria Torres e Léo Bortolini), por Lugar de Ladson
Melhor montagem: Edson Lemos Akatoy, por Calunga Maior e Nem o Mar Tem Tanta Água
Melhor filme de temática afirmativa: Ave Maria, de Pê Moreira
Mostra Brasília
Em 2022, a Mostra Brasília trouxe quatro longas e oito curtas para a disputa do 24° Troféu Câmara Legislativa.
Convidando os artistas locais a se comprometerem em fortalecer o festival como palco do cinema brasileiro, a organização do evento elencou O Pastor e o Guerrilheiro, de José Eduardo Belmonte, como melhor longa; e Levante pela Terra, de Marcelo Costa (Cuhexê Krahô), como Melhor Curta da exibição.
Além do troféu, os filmes ganharam R$ 100 mil e R$ 30 mil, respectivamente.
A honra ainda reconheceu dois filmes escolhidos pelas pessoas que assistiram a mostra durante a semana. O capitão Astúcia, de Filipe Gontijo, foi o longa mais querido pelo público e ganhou R$ 40 mil. Desamor, de Herlon Kremer, foi o curto com mais votos e faturou R$ 10 mil.
Outro destaque da noite foi o curta Manual da Pós-verdade, que levou quatro prêmios para casa.
Ao todo, foram entregues 11 estatuetas e prêmios que variaram de R$ 6 milhões a R$ 100 milhões.
Andréa Glória, Edileuza Penha de Souza e João Paulo Procópio formam o júri que definiu os ganhadores do 24° troféu Câmara Legislativa e condecorou Chiquinho da Unb e Iván Presença, do filme Profissão Livreiro; e Super-Heróis, de Rafael de Andrade; com menções honrosas. Confira a lista de premiados:
Mostra Brasília
Melhor longa (R$ 100 mil): O Pastor e o Guerrilheiro, de José Eduardo Belmonte
Melhor longa júri popular (R$ 40 mil): Capitão Astúcia, de Filipe Gontijo
Melhor curta (R$ 30 mil): Levante pela Terra, de Marcelo Costa (Cuhexê Krahô)
Melhor curta júri popular (R$ 10 mil): Desamor, de Herlon Kremer
Melhor direção (R$ 12 mil): Thiago Foresti, por Manual da Pós- verdade
Melhor atriz (R$ 6 mil): Issamar Meguerditchian, por Desamor
Melhor ator (R$ 6 mil): Wellington Abreu, por Manual da Pós-verdade
Melhor roteiro (R$ 6 mil): Juliana Corso, por Virada de Jogo
Melhor fotografia (R$ 6 mil): Elder Miranda Jr., por Manual da Pós-verdade
Melhor direção de arte (R$ 6 mil): Nadine Diel, por Manual da Pós-verdade
Melhor trilha sonora (R$ 6 mil): Sascha Kratzer, por Capitão Astúcia
Melhor edição de som (R$ 6 mil): Olivia Hernández, por O Pastor e o Guerrilheiro
Melhor montagem (R$ 6 mil): Augusto Borges, Nasthalya Brum e Douglas Queiroz, por Plutão Não é Tão Longe Daqui
Prêmios especiais
A noite também contornou com uma seleção de prêmios especiais, que começou com a entrega do Prêmio Serviços Prestados ao Festival de Brasília do Cinema Brasileiro para a servidora da Secretaria de Cultura do Distrito Federal Carla Queiroz.
“Eu digo que agradeço por cada edição. Foi muito bom, cada ano, cada edição, cada momento foi especial. E esse ainda mais”, afirmou uma mulher que foi definida como “memória viva do festival”.
Outro reconhecimento foi o Prêmio Marco Antônio Guimarães, que escolheu Diálogos Com Ruth de Souza, de Juliana Vicente, como a obra que funcionou melhor com pesquisa, material de memória e arquivos do cinema nacional para a produção.
“Que a gente lembre dos artistas negros que fizeram parte da história da cultura desse país”, lembrou a produtora da Preta Portê Filmes.
Nossos Passos Seguirão os Seus…, de Uilton Oliveira, ganhou o Prêmio Canal Brasil de Curtas, que inclui o valor de R$ 15 mil e um lugar na programação do canal.
Quem ganhou o Prêmio Saruê, entregue pelo Correio Braziliense, foi A Invenção foi Outro, por fazer referência à memória do indigenista Bruno Pereira, que foi encontrado morto em junho deste ano com o colega de trabalho, o jornalista Dom Phillips.
Este ano, os responsáveis pelo Prêmio Abracine lembraram que o setor cinematográfico vive um momento de retomada, mas a crítica da área tem sofrido e se transformado em espaços de indicações de entretenimento.
Dadas as críticas, quem levou a estatueta de Melhor Curta foi Calunga Maior, de Thiago Costa; enquanto Mato Seco em Chamas foi escolhido como Melhor Longa.
Entregue pela Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro e pelo Centro Afrocarioca de Cinema, o Prêmio Zózimo Bulbul também destacou duas produções em sua segunda edição. “Muito importante entregar esse prêmio nesse dia 20. Falar de cinema negro nem sempre é o assunto mais agradável para todo mundo”, avalia Vitor José.
Novamente Calunga Maior ficou como melhor curta, mas quem levou o prêmio como melhor longa-metragem foi Rumo, de Bruno Victor e Marcus Azevedo. A equipe da premiação fez também uma menção honrosa a Mato Seco em Chamas, em especial aos protagonistas.
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