Litoral de Caucaia, no Ceará, é berço de tartarugas em estágio de extinção

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Instituto do Meio Ambiente do município, o IMAC, registra nascimento de 120 tartarugas-de-pente e 70 tartarugas-cabeçuda neste ano. Litoral de Caucaia, no Ceará, é berço de tartarugas em risco de extinção Instituto de Meio Ambiente de Caucaia Um projeto de monitoramento de ninhos de tartarugas no interior cearense vem ganhando destaque por contribuir com o nascimento de espécies que já foram abundantes na costa brasileira no passado, mas que vivem ameaças em razão do impacto humano na natureza. São os casos da tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) e da tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata). Os registros feitos pelo IMAC aconteceram na Praia do Cauípe, a cerca de 20,3 km de Fortaleza. Segundo o presidente do IMAC, Leandro Araújo, a decisão pelo programa de monitoramento é fundamental na medida em que as tartarugas marinhas são animais que, apesar de circularem por grandes extensões no mar, retornam sempre às localidades onde nasceram para realizar a postura dos seus ovos . “Nós realizamos um monitoramento minucioso que envolve uma série de levantamentos para compreender o comportamento reprodutivo dessas espécies. Todos os ninhos são marcados, identificados com suas coordenadas, dados, registrados o número de nascimentos, os ovos não eclodidos e diversos outros detalhes. Temos ciência de que estamos no início de um processo de pesquisa, mas que tem sido feito de forma rigorosa. Os nossos dados criaram hoje com a base de dados do ICMBio”, pontua. A tartaruga-verde (Chelonia mydas) é hoje considerada como quase ameaçada Athila Bertoncini/Ilhas do Rio Leandro destaca que existem graus variados de extinção e por isso cada espécie merece uma dedicação diferente. “O Ministério do Meio Ambiente (MMA) considera a tartaruga-de-pente inserida na categoria ‘em perigo de extinção’ e a tartaruga-cabeçuda como ‘vulnerável’. Por outro lado, a tartaruga-verde (Chelonia mydas) é hoje considerada como quase ameaçada, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN)”. Por esse motivo, o IMAC trabalha no sentido de reduzir ao máximo a interferência humana em seus processos naturais de acasalamento, desova e nascimento. O único registro de tartaruga-verde em Caucaia foi no ano passado, considerado um feito inédito pois a desova dessa espécie é rara no continente, ocorrendo mais em ilhas oceânicas. “Temos o sentimento de que estamos no caminho certo, confiantes com a preservação. Consideramos um privilégio poder trabalhar pela preservação dessas espécies. Presenciar a subida à praia desses animais, seu processo de postura e monitorar os ninhos até o nascimento dos filhotes são eventos de muita beleza, sempre emocionantes”, ressalta. Tartaruga-cabeçuda é uma das espécies monitoradas pelo IMAC Instituto de Meio Ambiente de Caucaia O que vem por aí Neste ano, o IMAC espera contar com mais de 100 ninhos monitorados em toda a extensão do litoral caucaiense, que representa uma orla de quase 32 milhas . O monitoramento ocorre diariamente entre o período da madrugada e as primeiras horas da manhã, durante o período de novembro a julho, e a pretensão é presenciar o nascimento de mais de 10 mil filhotes. “No futuro, talvez já na próxima temporada, pretendemos realizar a marcação dos animais adultos que foram avistados que é mais uma técnica de monitoramento. Também queremos proceder com visitas de grupos de cidadãos de Caucaia e turistas, de forma controlada, para presenciarem o processo de postura e nascimento, confiantes para a sensibilização da proteção não só dessas espécies, como também dos processos naturais como um todo”, conta. Um filhote de tartaruga-de-pente dá seu primeiro mergulho. Imagem foi premiada com 3° lugar no Ocean Photography Awards. Prêmios de Fotografia do Oceano | Matty Smith Cuidados que a população precisa ter Na eventualidade de se observar um animal no processo de postura ou no nascimento dos filhotes, Leandro Araújo reforça que o ideal é que se observe o processo de longe, sem perturbar com barulhos ou com luzes. “Sabemos que é tentador registrar o momento com fotos e vídeos, mas não se deve utilizar lanternas ou flashes para o registro, já que a luz artificial desorienta os animais, prejudicando seu retorno seguro para a água”. Ele explica que em nenhuma hipótese os observadores não treinados devem tocar nos animais ou interromper o caminho para o mar. As tartarugas marinhas estão presentes no mundo há milhões de anos. Sem dúvida sabem o que fazer para realizar a postura, e sua história na terra já provou que também sabem como nascer. “Outro comportamento fundamental para a preservação é não transitar com veículos automotores nas praias”, aponta.

Fonte G1

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