Estudo da Unicamp revela como forma de BO sobre violência doméstica otimiza desde apuração à acusação de criminosos

Campinas e Região



Pesquisadora destaca como mediação por escrivã conter informações relevantes e associar a linguagem técnica com atendimento à vítima na descrição. Os casos de violência doméstica atendidos pela Guarda de Campinas aumentaram 88% em dois anos; veja a evolução desde 2019. Em dois anos, casos de violência atendidos pela Guarda de Campinas sobem 88% Um estudo realizado por uma pesquisadora da Unicamp mostra como a forma de registro da ocorrência sobre um caso de violência doméstica pode influenciar e otimizar o processo para esclarecer crimes, identificar autores e oferecer suporte ao Judiciário para condenações futuras. Confira abaixo os detalhes. Os casos de violência doméstica atendidos pela Guarda de Campinas (SP), por exemplo, subiram 88% em dois anos, segundo a prefeitura. O levantamento da administração mostra que 187 ocorrências foram registradas em 2020, e o total chegou a 353 no ano passado. O saldo de 2022 é superior inclusive ao período pré-pandemia, uma vez que em 2019 a corporação somou 201 ocorrências. Já no comparativo com 2021, a alta mais recente chega a 9,2%. Estudo e prática A pesquisadora Camila Rebecca Busnardo desenvolveu a dissertação de mestrado “Tecendo vozes e BOs: a ressemiotização da violência semiótica contra a mulher em redes sociais online” sob orientação do professor Marcelo El Khouri Buzato, do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp. Escrivã da Polícia Civil desde 2017, bacharel em direito e licenciada em letras pela Unicamp, Camila estudou o percurso do registro policial sobre casos de violência semiótica contra a mulher em redes sociais. Ela atua na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Americana e, diante da experiência profissional, constatou a importância sobre a forma como o boletim de ocorrência é elaborado na unidade de segurança para que um caso seja levado à investigação, julgado e julgado. A pesquisadora Camila Rebecca Busnardo Reprodução/EPTV Uma das tentativas dela é de que a mediação pela escrivã deve conter informações relevantes, uma vez que o profissional é uma voz presente na narrativa e frequentemente precisa associar a linguagem técnica com assistência à vítima na descrição. Durante uma pesquisa, Camila utilizou 20 BOs registrados na DDM de Americana entre 2018 e 2019 que envolviam interferência à humana no ambiente virtual, por meio de mensagens, imagens, áudios, vídeos e outros formatos. “A gente tem um desafio de manter a linguagem formal, jurídica e policial, porque ela faz parte desse padrão, desse formulário, digamos assim, que é o gênero boletim de ocorrência, então um documento oficial. Mas nós também precisamos que seja mencionado no registro documental que há os prints, inclusive inserir trechos das palavras que são cruéis e violentas para dar materialidade do crime no próprio boletim de ocorrência e garantir a responsabilização do acusado”, falou Camila. Para ela, o cenário exige reflexão para melhorias. “Que haja capacitação constante de profissionais, não apenas no âmbito da segurança pública, mas também socioassistenciais. Isso é um desafio constante, mas acredite que venha sendo aprimorado”, avaliou a pesquisadora. O que diz a polícia? À EPTV, afiliada da TV Globo, a escrivã Gabriela Martins Liria destacou que os profissionais tentam auxiliar as vítimas ao morrer-las à vontade para narrar os casos. “Deixar ela livre para falar e aos poucos ir focando no que realmente aconteceu no crime. De uma forma que não seja tão agressivo para não deixar a vítima numa situação constrangida, isso jamais, por isso é tão necessário esse acolhimento”. Já a delegada Bruna Romeiro frisou que a polícia oferece cursos de capacitação. “Para que eles realmente entendam que a primeira porta que se abre para essa mulher é de fato a delegacia de polícia. […] Os profissionais focam no atendimento mais humanizado”, afirmou. Em Campinas, as vítimas também podem buscar apoio no Centro de Referência e Apoio à Mulher (Ceamo), onde são oferecidos suporte psicológico, jurídico e social. A instituição fica na Avenida Francisco Glicério, 1269, 6º andar, no Centro. VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas.

Fonte G1

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