Apresentadora deu entrevista exclusiva para a série de reportagens ‘Abuso’, publicada nesta semana. Segundo ela, falar sobre o assunto é importante para encorajar meninas e mulheres. ‘Abuso’: Angélica revela detalhes de abuso sexual que sofreu na adolescência Um grupo de homens cometeu violência sexual contra uma brasileira de 15 anos em Paris. Esse crime ocorreu há 33 anos e a vítima, uma superestrela da TV, resolveu falar sobre o assunto para encorajar outras meninas e mulheres e também abordar os próprios traumas. Aos 48 anos, Angélica revisitou o que sofreu na capital francesa com o objetivo de que outras gerações passem “menos dificuldades como mulheres”. Em entrevista exclusiva ao EPTV 2, Angélica relata que se deu conta de que foi vítima de violência sexual há pouco tempo, durante uma conversa com a advogada, professora e diretora do Projeto Liberta Luciana Temer, uma das criadoras da campanha “Agora Você Sabe” . A campanha, da qual Angélica faz parte, busca dar voz às vítimas de violência sexual. “Como mãe, a gente pensa muito na outra geração. Eu não quero que a minha filha viva o trauma ou a situação que eu vivi. A gente quer que essa outra geração passe menos dificuldade como mulheres. A gente vai tentar amenizar”. A EPTV e o g1 publicaram, ao longo desta semana, a série de reportagens chamada ‘Abuso’, inspirada no livro da jornalista e apresentadora Ana Paula Araújo. ‘Abuso’: Angélica fala sobre combate à violência sexual e relata assédio na adolescência No último episódio da série, o repórter Heitor Moreira entrevistou Angélica e a íntegra da conversa você assiste acima, exclusivo no g1. LEIA MAIS Com maior nº de estupros em 10 anos, região de Campinas data 2022 com média de 2,7 registros por dia Veja 5 sinais que crianças vítimas de violência sexual podem apresentar e que fazer ao vítimas-los Entenda o que é ‘estupro marital ‘, crime sexual cometido por parceiro e que tem pena maior no Brasil Por que o botão que deveria proibir assédio nos ônibus de Campinas segue sem uso após 1 ano e 5 meses Jornalista Ana Paula Araújo recorda assédio em ônibus quando universitária: ‘coisa pavorosa’ Violência durante sessão de fotos Angélica foi abusada durante uma sessão de fotos para divulgação da música “Vou de Táxi”, mas conta que passou muito tempo sem entender que havia sofrido uma violência. “A gente é criada para isso, para achar que está tudo bem”. “Eu estava trabalhando, divulgando a música Vou de Táxi, que é uma versão francesa, então estava em Paris fazendo essa divulgação, uma sessão de fotos”. “Um grupo de homens viu uma equipe fotográfica e perguntou o que era. ‘Ah, é uma brasileira que faz muito sucesso no Brasil, está fazendo umas fotos’. Aí eles falaram ‘a gente pode fazer foto com ela?’ Brincando, assim. Os fotógrafos acharam até bom, a imprensa que estava fazendo uma reportagem comigo achou legal fazer essa imagem comigo atrás daquele táxi”. Em entrevista exclusiva, Angélica detalha violência sexual sofrida quando tinha 15 anos, em Paris Reprodução/EPTV “Eu estava atrás do táxi, eles pararam atrás de mim, eram quatro ou cinco homens. Eles ficaram se esfregando em mim, passando a mão em mim , na minha bunda. Onde a câmera não podia ver, eles estavam passando a mão”. Ainda adolescente, em um país distante e que fala outro idioma, Angélica paralisou. “Eu fiquei parada. Eles saíram falando a língua deles e eu comentei com um fotógrafo ou produtor: ‘eles estavam passando a mão em mim’. E eles olharam e ‘ok’. E passaram, isso para mim foi embora”. “Naquela época – eu tinha 15 anos e agora estou com 48 – eles nem ligaram. Equipe toda masculina. Eu estava com uma calça justa, um top, eu estava ‘provocando’. Isso passou e eu só resolvi que era uma violência sexual quando ouvi a Luciana falando sobre ‘pequenas violências'”. ‘Essa violência não te define’ Questionada sobre o que falaria para as pessoas que vivem situações semelhantes, Angélica se preocupa em fortalecer a vítima ao lembrar que ela não é culpada. “Essa violência não te define. Isso não vai definir o que você vai ser, o que vai conquistar. Então quando você fala, você combate isso. Primeiro você vai estar fazendo um bem para você, segundo para as futuras gerações e evitando que esse ciclo continua”. “O que eu falaria é: tenha coragem de enfrentar os seus monstros, os seus medos para que você se sinta mais leve. Porque eu garanto que depois que você fala e tenta combater isso de alguma forma, dá um alívio. Você se sente melhor “. Angélica ressalta, ainda, a importância de falar sobre o assunto não só para que mulheres se encorajem, mas também homens. Segundo ela, também há meninos vítimas de violência na infância convivem com o medo em abordar o trauma. “O número de meninos que sofrem violência sexual é enorme também. E isso é mais velado ainda, os meninos não falam, não contam, porque vão duvidar da masculinidade deles. Os números são gigantescos, mas seriam muito maiores, porque é um assunto muito velado ainda”. Vítima de abuso na adolescência, a apresentadora Angélica defende a necessidade de abordar o tema violência sexual nas escolas Reprodução/EPTV Educação sexual Segundo a apresentadora, é urgente a necessidade de abordar o assunto nas escolas para que as crianças tenham informação e saibam o que é violência sexual. Para isso, é preciso que as políticas públicas sejam pensadas e implantadas. “Por que a gente está falando disso? Para ir lá no Congresso para pedir políticas públicas que, de alguma forma, ajudem [a combater] isso. (…) Como a gente pode combater ou evitar isso? Com informação. E quem tem que ter essa informação? As crianças, os jovens. Eles têm que falar disso, saber disso”. Ao repassar a experiência traumatizante, Angélica ensina que é por meio da informação, do debate e da luta que se combate o machismo. “Eu fico feliz de poder ter a oportunidade de usar a minha imagem e a minha voz para, de alguma forma, alertar meninas ou mulheres que podem estar passando por algum tipo de violência”. VÍDEOS: destaques da região de Campinas Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Fonte G1