O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu que as denúncias feitas pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) — sobre uma suposta tentativa de golpista — mostram que o Brasil estava sendo governado por “gente do porão”.
Na quinta-feira (2/2), do Val declarou ter participado de uma reunião com o então deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) e o ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília, na qual Silveira aceitou um plano contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes. A tentativa era de reverter a derrota de Bolsonaro nas urnas.
“O que mostra é que a gente estava sendo governado por uma gente do porão”, disse o decano do Supremo. “Vamos esperar o resultado das perguntas, mas essas pessoas se comunicaram”, afirmou o ministro.
Mendes está em Lisboa para a conferência realizada pelo Lide, ao lado do ministro Ricardo Lewandowski. Os ministros Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso também discursarão no evento, por videoconferência.
“Isso que resulta quando vemos a nominata desses personagens e que mostra que temos que ter preocupação até na preservação da nossa integridade física”, prosseguiu Mendes.”Descemos na escala da degradação política”, concluiu o ministro.
Investigações sobre Jair Bolsonaro se afunilam também no TSE
“Democracia mostrou sua importância”
Diante dos fatos e da invasão por apoiadores extremistas de Bolsonaro às sedes dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro, Mendes emendou que “a democracia mostrou sua importância”, e que é necessário aguardar o confronto das esperanças para levantar possivelmente envolvido na trama golpista.
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“Nós já vimos ali quatro versões pelo menos, segundo vocês [jornalistas]. Segundo um bem humorado colega de vocês, seriam 18 versões, entre elas, é que essa reunião era para comemorar o aniversário de Alexandre de Moraes. Portanto, isso está muito confuso”, afirmou, sobre as diferentes versões contadas por Marcos do Val.
O magistrado também foi questionado se Bolsonaro deveria ser chamado para depor, e respondeu que ele está sendo investigado.
“Tenho a impressão que ele [Bolsonaro] já está a ser investigado nestes inquéritos a pedido da Procuradoria Geral da República. Então, vamos aguardar estes sentimentos, estas comunicações, ameaças de quebras de sigilo para saber como, e qual o grau de envolvimentos”.
“Em suma, todos esses elementos mostram que havia algo em andamento e não era para o bem da democracia”, emendou o ministro.
Investigações contra Bolsonaro
O início oficial das atividades no Judiciário, nesta semana, deve render novos ânimos às discussões sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A esfera que mais levanta a expectativa é a eleitoral, já que as ações podem tornar o ex-chefe do Executivo federal inelegível.
As declarações do senador Marcos do Val (Podemos-ES) a respeito do envolvimento de Bolsonaro, com participação do ex-deputado federal Daniel Silveira (PRB-RJ), em tentativa de golpe de Estado podem agravar a situação judicial do ex-mandatário .
Além da investigação por suspeita de autoria intelectual nos atos golpistas de 8 de janeiro, tramita contra Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a minuta de golpe encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres, hoje preso.
O processo que avança na Corte Eleitoral refere-se à investigação sobre possível ocorrência de abuso de poder político e de uso indevido de meios de comunicação em decorrência do desvio de origem da reunião de Bolsonaro com embaixadores de países estrangeiros, a fim de favorecer sua candidatura à reeleição.
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