O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou, nesta quinta-feira (2/2), o escândalo relatado pelas Americanas no mês passado. O rombo nas contas da empresa é de mais de R$ 47 bilhões. Em entrevista à RedeTV!, que foi ao ar no final da noite, Lula disse que o rombo não se trata de uma “pedalada”, mas de uma “motociata”.
O petista ainda comparou o empresário Jorge Paulo Lemann, um dos maiores acionistas da Americanas, a Eike Batista, pela possibilidade de a empresa estar protegida em uma possível fraude fiscal. Eike perdeu parte de sua fortuna após ser revelado que o empresário estava envolvido em esquemas de corrupção. Ele chegou a ser preso, alvo da operação Lava Jato.
“Esse Lemann foi vendido como o suprassumo dos empresários mais bem-sucedidos do planeta Terra. Ele era o cara que financiava jovens para estudar em Harvard para formar um novo governo. Ele era o cara que falava contra a corrupção todo dia. E depois, ele comete uma fraude que pode chegar a R$ 40 bilhões. Ou seja, vai acontecer o que aconteceu com o Eike Batista”, afirmou o petista.
Lula também citou a situação financeira da Ambev, que é uma das principais acionistas da Americanas. “E agora, me parece, que está chegando na Ambev também. Ou seja, as pessoas vendem uma ideia, sabe, que eles não são, na verdade”, disse.
Mercado ficou em silêncio, diz Lula
Em entrevista desta quinta, o presidente Lula criticou o mercado financeiro por ter ficado “em silêncio” diante do escândalo da Americanas. Segundo ele, os empresários do setor não reagiram ao rombo, mas sempre reagem de forma negativa a anúncios do governo direcionados à área social.
“O que eu fico chateado é o seguinte: é que qualquer palavra que você fale na área social, qualquer palavra que você fale: ‘Vou aumentar o salário mínimo em R$ 0,10’; ‘Nós vamos corrigir o Imposto de Renda’; ‘Nós precisamos melhorar [a vida] os pobres’, o mercado fica nervoso, o mercado fica muito irritado”, se queixou.
“E agora um deles joga fora US$ 40 bilhões de uma empresa que parecia ser a empresa mais saudável do planeta e esse mercado não fala nada. Ele fica em silêncio, sabe. Por que tanto amor, sabe, pelos grandes e tanto desinteresse pelos menores?”, completou o presidente.
Dívida de R$ 47,9 bilhões
Nesta semana, os administradores do processo de recuperação judicial da Americanas informaram à Justiça que a dívida da empresa é de R$ 47,9 bilhões. O valor é de R$ 6,6 bilhões maior do que os R$ 41,2 bilhões divulgados em 25 de janeiro, quando o varejista apresentou uma lista de 7,9 milhões de credores.
A atualização do número é parte da primeira prestação de contas que os dois administrativos, a empresa Preserva-Ação Administração Judicial e o escritório de advocacia Zveiter, protocolaram na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, onde corre o processo de recuperação judicial do varejista.
Questionada sobre a discrepância de valores, a Americanas informou que a diferença é resultado do valor total das debêntures nas quais a empresa é devedora da JSM Global e B2W Digital Lux, que também fazem parte do grupo.