Coordenador do estudo publicado na revista ciêntifica Science, David Lapola, da Unicamp, apontou que essas formas de degradação devem ser, em 2050, uma das fontes de emissão de carbono, independente do aumento ou diminuição do desmatamento. Região amazônica não possui a mesma capacidade de lidar com o fogo do que o Cerrado Reuters O fogo, a seca extrema, o corte seletivo de madeira e chamado efeito de borda, nas áreas vizinhas a floresta desmatada, são responsáveis por 38% da degradação da A Amazônia deve ser, em 2050, uma das principais fontes de emissão de carbono, independente do aumento ou diminuição do desmatamento. A afirmação é de um estudo coordenado pelo pesquisador David Lapola, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, que reuniu 31 colaboradores e foi publicado na conceituada ciência cientifica. Para o líder da pesquisa, é preciso um esforço global para salvar a floresta. “Para reverter esses processos, seria preciso eliminar o uso de fogo na agricultura e pecuária, que acabam pulando para a mata. Cessar a exploração predatória de madeira. Mas a questão da seca não seria um problema só do Brasil e dos países amazônicos. Mesmo que fazer a lição de casa, de parar o desmatamento e outras ilegalidades, se outros países não diminuírem a emissão de gases de efeito estufa, as secas causadas pelo desequilíbrio climático continuaram a degradar a Amazônia”, afirma. A pesquisa teve como base estudos anteriores e imagens de satélite, e analisados, pela primeira vez, os dados das causas de degradação de forma integrada. O período analisado é de 2001 a 2018 – os cientistas não tiveram acesso a dados dos últimos quatro anos e Lapola reconhece que o cenário de declínio pode ter evoluído. “A área degradada e as emissões de carbono de degradação são iguais ou até maiores do que as de desmatamento”, destaca o pesquisador da Unicamp. Degradação x desmatamento Meio ambiente e preservação da Amazônia em pauta BBC Lapola ressalta que a pesquisa focou em um processo de destruição florestal da Amazônia que vinha sendo pouco estudado, apesar de atingir grandes áreas. O pesquisador explica que ao contrário do desmatamento, com corte rasos de árvores e que transforma o ambiente, que deixa de ser floresta e se transforma em pastagem ou plantação, a degradação são perturbações causadas pelo homem que interferem na qualidade da floresta, sem que ela deixe de ser uma. Na prática, essas interferências (fogo, corte seletivo de madeira, efeito de borda e seca) podem não ser tão visíveis quanto grandes áreas desmatadas, mas prejudicam a vida da floresta. Cada qual com sua característica. “O fogo, que basicamente na região amazônica tem origem pelo homem, ele atinge áreas menores que as secas, mas atinge de forma intensa. Onde pega fogo uma vez, acaba tirando uma boa parte da biomassa. Se a área é incendiada dois, três vezes, acaba desconfigurando a floresta. A seca extrema tem impacto menor, de 1 a 2% da biomassa, mas atinge áreas muito grandes”, explica Lapola. O pesquisador questiona que o comércio predatório de madeiras de lei, que é diferente de áreas de desmatamento, também prejudica a floresta. E as áreas expostas onde há o corte indiscriminado também sofrem com efeitos de equilíbrio, principalmente pelas questões climáticas. Floresta Amazônica e o efeito de borda, onde trecho de floresta sofre equilíbrio da área desmatada Reuters Próximos passos Ao ressaltar que a destruição da Floresta Amazônica é um processo independente do desmatamento, David Lapola reforça a importância das necessidades de políticas públicas para coibir o problema, atingindo quem faz e financia as ações. Do ponto de vista da ciência, a ideia dos investigadores é seguir no entendimento da dinâmica dessa degradação na floresta. “Estamos em conversas preliminares com o grupo central que mais colabora no estudo, de aprofundar essa questão”, completa. VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Fonte G1