A Instituição ‘Expedicionários da Saúde’, de Campinas, já realizou 10 mil cirurgias, 70 mil atendimentos e 126 mil exames em pelo menos 50 expedições. Uma das ações leva o centro de emergência para lugares isolados. ONG leva serviços de saúde para indígenas em mais de oito estados. Reprodução/ EDS Após vencer um prêmio internacional com 140 países na categoria saúde pela atuação em expedições na Amazônia, uma ONG de Campinas (SP) elabora um projeto piloto para a implantação de sistema de telemedicina em comunidades indígenas. De acordo com a associação “Expedicionários da Saúde” (EDS), a ideia é facilitar, por meio da tecnologia, o atendimento a indígenas que estão localizados em comunidades mais distantes geograficamente. A ONG já realizou 10 mil cirurgias, 70 mil atendimentos e 126 mil exames em pelo menos 50 expedições. A recompensa veio com a vitória no Prêmio Zayed de Sustentabilidade 2023, onde concorreu com 4 milhões de instituições inscritas de 140 países. “Fomos premiados na categoria de Saúde justamente por conseguir levar procedimentos cirúrgicos para uma população geograficamente detalhada e que dificilmente teria acesso a esses procedimentos que nós fazemos”, conto Martin Affonso Ferreira, associado benemérito da EDS e médico anestesista. ‘Operando na Amazônia’ Cirúrgias médicas são realizadas no Complexo Hospitalar Móvel. Divulgação/ EDS O projeto “Operando na Amazônia” foi uma das ações determinantes para a premiação, segundo a ONG. A ideia constitui em expedições que ocorrem quatro vezes por ano, sendo duas em “grandes razões”, considerando que a instituição organiza um centro hospitalar dentro de uma comunidade previamente escolhida pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Para realizar o processo de seleção, a “Expedicionários da Saúde”, por meio dos médicos especialistas, capacitam os agentes de saúde da Sesai que percorreram as regiões realizando uma triagem prévia dos pacientes potenciais que precisam passar pelos procedimentos. “Nós atuamos em uma área com cerca de 500 mil km² que é equivalente ao tamanho da França, a região do nosso foco é a Amazônia legal que engloba oito estados do Brasil. Entre eles, Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins”, disse. Além da instalação do centro médico, também é necessário viabilizar a estadia destes pacientes e oferecer acomodação e alimentação. Segundo Affonso, a logística é complicada porque as pessoas são deslocadas da comunidade onde moram e geralmente têm que ir com a família, já que a separação pode comprometer o sustento da casa e afetar a cadeia de subsistência. “Esse é um dos focos da nossa organização, não tire os indígenas das suas comunidades para que essa cadeia não quebre e ele tenha que ir para um centro urbano e lá fique por muito tempo para conseguir o procedimento sanitário” – afirmou Affonso. Um dos principais atendimentos que a entidade oferece é oftalmologia, e por ser uma cirurgia de grande impacto ao paciente, os registros são impactantes. Médicos voluntários realizaram exames e cirurgias oftalmológicas. Divulgação/ EDS “Houve uma paciente que veio para cirurgia de catarata, ela veio segurando a mão de uma neta, não conseguiu enxergar. Então, ela teve que caminhar no meio da mata por algumas horas (para chegar ao centro respiratório) segurando a mão da neta para a neta guiá-la. Quando ela fez, ela não precisou mais da mão da neta, usou um pedaço de pau, tipo um cajado só para se apoiar e assim já conseguiu chorar sozinha”, conto o médico. 49ª Expedição EDS: Mulheres da Floresta Divulgação/ EDS Há ainda outros projetos, como o “Mulheres na Floresta”, que tem o objetivo de realizar atendimentos e procedimentos cirúrgicos visando a prevenção ao câncer de colo de útero em mulheres indígenas no Alto Rio Negro, eo “Floresta em movimento”, especializado em levar implantes de próteses para pessoas com alguma deficiência que impeça a mobilidade. Programa visa levar mobilidade através de próteses para indígenas em áreas pediátricas. Divulgação/ EDS “O ‘Floresta em Movimento’ cuida da mobilidade na floresta, principalmente atendendo crianças que tiveram amputação geralmente de pernas por picada de cobra, já tivemos caso de crianças que anda de muleta e trouxemos para preparação de prótese”, afirmou Martin. *sob a supervisão de Marcello Carvalho VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Fonte G1