O Ibovespa abriu o dia em queda de 2%, em uma sessão em que nada (nada mesmo) se salva do pessimismo do mercado. Todas as 90 empresas do principal índice de ações brasileiras operaram com perdas na primeira hora de pregão.
O dia negativo é reflexo do envio da minuta da PEC de Transição apresentação pela equipe de Luiz Inácio Lula da Silva, presidente eleito. No documento, o próximo governo pede que os gastos do Bolsa Família invadem fora do teto de gastos ao menos até o final do mandato, o que significaria um “buraco” de R$ 175 bilhões no limite fiscal.
A primeira preocupação dos investidores é em relação ao prazo, uma vez que a indicação de despesas crescendo fora do teto é um sinal claro de dispensa da dívida pública. Os efeitos secundários disso são uma influência e juros mais elevados, o que prejudica o crescimento da economia.
A segunda preocupação é em relação ao montante estipulado. Segundo contas de Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, a concessão do Bolsa Família no valor de R$ 600 representa um gasto “extra-teto” na ordem de R$ 50 bilhões. O que o governo está sugerindo, portanto, é uma licença para gastar bem mais do que isso.
“Se retirarmos todo o Auxílio Brasil/Bolsa Família do teto de gastos pelos próximos 4 anos, a dívida pública, em 2023, crescerá entre 3 a 4 vezes o que cresceu nos últimos 4 anos. Isso vai assustar muitos investidores e não vai ajudar na redução da pobreza”, escreveu Almeida, em uma publicação em sua rede social.
dólar
O dólar abriu o dia em alta de mais de 1%, chegando a superar a casa dos R$ 5,50. No meio da manhã, a moeda americana deu uma leve trégua e estava cotada a R$ 5,48, o maior valor em mais de três meses.