Os herdeiros de Karl Adler e Rosi Jacobi querem a repatriação da obra-prima de 1904 do artista, “Woman Ironing (La repasseuse)”, que eles afirmam ter vendido sob coação enquanto tentavam escapar da perseguição dos nazistas em sua terra natal, a Alemanha, em 1938.
O processo, aberto na Suprema Corte de Manhattan na sexta-feira, afirma que Adler adquiriu a obra de arte em 1916 do dono da galeria de Munique, Heinrich Thannhauser, mas a vendeu bem abaixo do valor para o filho de Thannhauser, Justin, em 1938 por aproximadamente US$ 1.552. O processo afirma que um desesperado Adler sofreu uma perda substancial devido às circunstâncias de sua família.
“Adler não teria se desfeito da pintura na época e pelo preço que o fez, mas pela perseguição nazista à qual ele e sua família foram e continuarão a ser submetidos”, diz a denúncia.
No processo, os parentes afirmam que Adler era presidente do conselho de administração da principal fabricante de couro da Europa, mas as coisas mudaram quando o “regime nazista na Alemanha destruiu suas vidas”.
Em 1938, a família fugiu da Alemanha, viajando pela Holanda, França e Suíça antes de se estabelecer permanentemente na Argentina, afirma o processo.
O Museu Guggenheim disse acreditar que o processo é “sem mérito”. Crédito: Brendan McDermid/Reuters
“Os Adler precisavam de grandes quantias de dinheiro apenas para obter vistos de curto prazo durante o exílio na Europa. Incapazes de trabalhar, fugindo e sem saber o que o futuro lhes reservava, os Adler tiveram que liquidar o que podiam para rapidamente levantar tanto dinheiro quanto possível”, afirma o processo.
Os herdeiros alegam que Thannhauser estava “lucrando” com o infortúnio dos judeus alemães. Eles também alegam que “Thannhauser estava bem ciente da situação de Adler e sua família, e que, sem a perseguição nazista, Adler nunca teria vendido a pintura quando o fez por tal preço”, de acordo com o processo.
Rosi Adler morreu em 1946 em Buenos Aires aos 68 anos, enquanto seu marido Karl morreu aos 85 anos em 1957 durante uma visita à sua terra natal.
“Woman Ironing” permaneceu na coleção de arte de Thannhauser até sua morte em 1976. Foi presenteado, junto com o resto de sua arte, ao Guggenheim em 1978.
Os descendentes de Adler, junto com várias organizações sem fins lucrativos e organizações judaicas nomeadas como demandantes na ação coletiva, dizem na denúncia que a pintura está “na posse indevida” da Fundação Solomon R. Guggenheim.
A família está buscando a devolução da pintura ou compensação proporcional ao seu valor de mercado atual estimado entre US$ 100 milhões e US$ 200 milhões, de acordo com o processo.
O Museu Guggenheim disse à CNN em um comunicado que leva “questões de proveniência e reivindicações de restituição extremamente a sério”, mas acredita que este processo é “sem mérito”.
“A venda da pintura por Karl Adler para Justin Thannhauser foi uma transação justa entre as partes com um relacionamento duradouro e contínuo”, afirmou o museu.
Ele acrescentou: “A extensa pesquisa conduzida pelo Guggenheim desde o primeiro contato por um advogado que representa esses reclamantes demonstra que o Guggenheim é o legítimo proprietário da pintura.”