São Paulo – Apresentado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como uma das vantagens da privatização do porto de santosa construção de um túnel submerso ligando as cidades de Santos e Guarujá, no litoral sul paulista, já foi prometida há 12 anos pelo atual vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), em sue terceiro mandato à frente do governo paulista (2011-2014 ).
O projeto envolvendo uma ligação “seca” e mais rápida entre as duas cidades litorâneas vem sendo discutido há quase um século no estado — hoje, o trajeto entre os municípios vizinhos é feito por balsas ou por um longo percurso de 43 milhas de rodovia.
Em 2011, assim que assumiu o governo de São Paulo pela terceira vez, Alckmin anunciou a primeira proposta de construção do túnel Santos-Guarujá. A obra foi estimada em R$ 1,3 bilhão e seria entregue em 2016, segundo a promessa inicial. O projeto, porém, nunca saiu do papel.
Quando foi ministro da Infraestrutura do governo Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio elaborou um projeto de concessão para o Porto de Santos que incluía a construção do túnel, a um custo estimado em R$ 2,9 bilhões. O plano, no entanto, foi suspenso pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e Tarcísio não teve tempo hábil de tocar o projeto antes de deixar o governo Bolsonaro no ano passado para concorrer ao governo de São Paulo.
Com sua eleição como governador paulista e a derrota de Bolsonaro nas urnas, Tarcísio não tem mais condições de dar prosseguimento ao projeto sem convencer o presidente Lula a encampá-lo, uma vez que o Porto de Santos é patrimônio federal.
Por isso, o projeto foi um dos assuntos que Tarcísio levou a Brasília nessa quarta-feira (1/1) para a primeira reunião bilateral com o presidente Lula, adversário político com quem Tarcísio pretende manter uma relação cordial e de parceria institucional. Lula teria se mostrado aberto à proposta.
Quando era ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, Tarcísio já havia travado um embate envolvendo a concessão do porto e a construção do túnel com o então governador e o adversário político João Doria (na época no PSDB). Ao longo dos quase quatro anos de governo, o ex-tucano defendeu a construção de uma ponte no local, em vez do túnel.
A proposta de Doria reduziria parte da área atualmente ocupada pelo Porto de Santos e permitia a construção da ponte para a empregada Ecovias. Em troca, a empresa teria seu contrato de concessão das rodovias Anchieta e Imigrantes, que ligam a capital ao litoral, prorrogado.
túnel holandês
Independente da forma de financiamento, seja pela concessão do porto ou a prorrogação da concessão rodoviária, a chegada de Tarcísio ao Palácio dos Bandeirantes fez o projeto do túnel voltar a ganhar força.
Alckmin fez a primeira promessa da obra durante a campanha eleitoral de 2010, mas o projeto oficial foi apresentado só no fim de 2013. A obra teria custo de R$ 2,5 bilhões (R$ 4,3 bilhões em valores atualizados) e ficaria pronto em 2018. Seria uma ligação de cerca de 1,5 km de extensão situada a 22 metros de profundidade.
A obra, projetada pela empresa holandesa Royal Haskoning, seria tocada, diziam os técnicos, sem paralisar as atividades portuárias – uma preocupação relevante, dado que o porto é o maior do continente.
Em 2017, com o país em recessão e o governo de São Paulo sem recursos, a obra foi “deixada de lado”, nas palavras de Alckmin, à época.