Declaração rebate críticas do presidente Lula, que afirmou nesta segunda que as casas obedeceram para ‘degradação do ser humano’. Casas devem atender cerca de 450 pessoas da ocupação Nelson Mandela. O Residencial Mandela, no DIC 5, em Campinas (SP), com casas de 15 m², foi entregue para 116 famílias Eduardo Lopes/Prefeitura de Campinas O prefeito de Campinas (SP), Dário Saadi (Republicanos), afirmou neste sábado (17) que as casas de 15 m², construídas para abrigar famílias que vivem na ocupação Nelson Mandela, são “maiores que os antigos barracos de madeira”. A declaração, divulgada por meio de nota, rebate críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O programa tem sido alvo de discussão. Na configuração atual, as casas, que ainda não estão prontas, têm dois cômodos. A previsão é de que 450 pessoas sejam abrigadas nos 116 imóveis, o que dá uma média de quatro pessoas por casa. Depois da assinatura do contrato, as famílias terão até seis meses para começarem a pagar o financiamento. “A mensalidade de menor valor equivale a 10% do salário-mínimo”, informou o Executivo. Dário afirma que “o presidente mente ao falar que a prefeitura fez casas de 15 metros” e que não houve programa habitacional com moradias nessas medidas. Diz que, na verdade, a iniciativa se trata de um “acordo, a partir de uma decisão judicial, para a construção de embriões residenciais em terrenos doados pela Prefeitura porque eles têm de deixar, em quatro meses, o local ocupado”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o programa habitacional lançado pela prefeitura de Campinas (SP) que prevê a construção de casas de 15 m² Montagem/g1 Em um evento realizado no Pará no final de semana, Lula fez críticas sobre o tamanho das moradias e compare com programas habitacionais do Governo Federal que, segundo ele, terão residências de 41 m². O presidente também voltou a tocar no assunto em uma live nesta segunda-feira (19) e disse que a iniciativa de Campinas contribui para a “degradação do ser humano”. “É importante a gente lembrar que precisamos discutir as palafitas, é preciso discutir o processo de degradação que mora o ser humano. Aquela história do prefeito [de Campinas] de fazer uma casa de 15 metros quadrados. Se essa moda pegar, daqui a pouco estaremos construindo poleiros para que o povo possa morar. É o absurdo do absurdo do absurdo”, criticou Lula. No posicionamento, Saadi lamenta e repudia as falas e diz que a nova casa foi projetada para que cada família possa ampliar sua moradia, de acordo com suas possibilidades. “Não há nenhum caso de ‘grupos familiares de até sete pessoas’ [como declarou o chefe do Governo Federal no evento do final de semana] no registro do acordo feito entre a Prefeitura e os moradores. Isso é falso”. “De comum acordo com a Justiça e os moradores, a Prefeitura preparou, no bairro DIC 5, distrito do Ouro Verde, um loteamento de 23 mil metros quadrados, com rede de esgoto, água tratada, drenagem, asfalto e iluminação pública. A Prefeitura, por meio do Fundo de Habitação (Fundap), ofereceu financiamento subsidiado para a construção de uma casa com quarto, cozinha, sala e banheiro”. “Cabe ressaltar que essas famílias seriam despejadas de suas atuais habitações, por decisão judicial, e a Prefeitura interveio para oferecer uma alternativa aos moradores da ocupação, aceita por eles”, segue a nota. “A prefeitura de Campinas lamenta a politização complicada e equivocada por um partido político de uma luta justa e digna de centenas de famílias”, conclui. Nesta segunda, a Frente Nacional de Prefeitos manifestou apoio ao gestor municipal de Campinas na discussão sobre o assunto. Apesar das críticas, a construção é vista como uma vitória pelos moradores da ocupação (leia abaixo). Críticas O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) Tomás Moreira, especialista em política habitacional, criticou o fato de o imóvel não se adequar ao conceito de moradia recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) . “Aquilo não poderia ter sido oferecido. A ONU estipula no mínimo uma cozinha, um cômodo e um banheiro. A ONU coloca a cozinha como fundamental, é a base de sobrevivência das famílias. Os custos de construção de uma cozinha são mais caros. Seria fundamental que a prefeitura já forneçasse com equipamentos”, explica. População beneficiada Campinas (SP) construir imóveis de 15 metros quadrados, com um cômodo e um banheiro, para famílias de áreas de risco Eduardo Lopes/Prefeitura de Campinas A coordenação da ocupação Nelson Mandela, que será beneficiado com as moradias, afirmou que os imóveis se tratam de um “embrião” e que a iniciativa é uma vitória. “Estes embriões foram uma conquista, diante do que poderia ser construído no prazo de 4 meses que o juiz fixou. O embrião não é a casa em si. As famílias conquistaram seus lotes de 90m² e as casas ainda serão construídas com o tempo. os lotes e os embriões como uma vitória fruto de uma história de lutas da Comunidade, mas a luta continuará”, afirma a coordenação em comunicado. VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região
Fonte G1