Febre maculosa: quem deve responder pelas 3 mortes no interior de SP?

Campinas e Região



A Prefeitura de Campinas notificou fazenda e disse que ela só poderá receber novos eventos após obedecer a uma série de regras, como instalar placas alertando visitantes sobre riscos. A Prefeitura de Campinas notificou a fazenda e disse que ela só poderá receber novos eventos após obedecer a uma série de regras , no interior de São Paulo, disse que tomou uma série de medidas para evitar novos casos. A intenção é que as regiões de mata e locais onde há maior chance de especialidade da doença sejam sinalizadas e evitadas. O Instituto Adolfo Lutz, da capital, aponta que a Fazenda Santa Margarida, no distrito campineiro de Joaquim Egídio, é apontada como o primeiro lugar onde as seis pessoas foram infectadas, durante um evento chamado Feijoada do Rosa, em 27 de maio. O espaço foi interditado preventivamente pela prefeitura. A Fazenda Santa Margarida só poderá fazer novos eventos após apresentar um plano de comunicação e de contingência ambiental para orientar os frequentadores sobre os riscos que a região apresenta. Mas existe um responsável por tais testes atendidos pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense), em uma situação já considerada um surto na região? A prefeitura de Campinas disse, em nota enviada à BBC News Brasil, que, “por tratar-se de casos locais de febre maculosa conhecidos até então”, não havia requisitos sanitários específicos em relação a essa doença. No entanto, Campinas e os municípios que compõem sua região metropolitana são endêmicos para a doença. A partir de agora, o município disse que requer um plano de comunicação para que os frequentadores de eventos semelhantes estejam cientes dos riscos. Dessa maneira, não há expectativa de que a fazenda, seus donos e os organizadores do evento no qual as pessoas possam ter sido infectadas sejam responsabilizados pelas contaminações. Em nota, os organizadores da Feijoada do Rosa lamentaram as mortes e se solidarizaram com as famílias das vítimas da febre maculosa. A organização afirmou que esta edição conto com a presença de 3.500 pessoas e disse que, “até o momento, não se pode descartar que as contaminações tenham eventualmente ocorrido durante essa frequência na Fazenda Santa Margarida, mesmo porque a Vigilância Sanitária local veio a fortalecer o público que a cidade de Campinas ganha expressão especial como foco da referida doença”. “É importante trazer ao conhecimento de todos que a Feijoada do Rosa é uma festa tradicional da cidade de Campinas, tendo realizado neste ano a sua 22ª edição, sendo que nos últimos 10 anos teve como palco a Fazenda Santa Margarida, no Distrito de Joaquim Egídio , conhecido e consagrado espaço de grandes celebrações há décadas.” A administração da Fazenda Santa Margarida também lamentou as mortes e afirmou que “sempre agiu e age de acordo com todas as normas e exigências legais relacionadas à vigilância sanitária”. A fazenda disse que “está trabalhando num plano de ação” que será apresentada à prefeitura até o fim da semana. Autoridades de Conscientização de Saúde afirmam que o carrapato estrela está presente principalmente em áreas de gramado e mata PA MÍDIA O Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas determinou, entre as estratégias do plano de ação, que a fazenda deve “construir caminhos para as pessoas abrangerem o local”. A intenção é que os frequentadores evitem passar por áreas de mata e gramado, onde é mais provável a presença do carrapato-estrela, capaz de transmitir a febre maculosa. O local é conhecido na região de Campinas por sediar shows de artistas conhecidos nacional e internacionalmente, como Seu Jorge, Ivete Sangalo e Gusttavo Lima, que tem show previsto na fazenda para o dia 21 de julho. A fazenda também foi notificada sobre a necessidade de instalar placas para informar aos frequentadores sobre o risco de infecção da febre maculosa. Segundo a prefeitura, “o local está com alvará para eventos e auto de vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) regular e estava autorizado a realizar o evento”. A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo alerta que todas as pessoas que estão na Fazenda Santa Margarida do dia 27 de maio a 11 de junho e sentem febre, dores de cabeça ou no corpo, ou manchas vermelhas na pele, devem procurar atendimento médico imediatamente e informar que esteve no local. O governo destacou que é importante estar atento a esses sinais, pois o período de incubação da febre maculosa é de dois a 14 dias. Região endêmica Quando o carrapato infectado pica uma pessoa, as bactérias entrelaçadas na pele GETTY IMAGES Dos 12 casos confirmados da doença em 2023, três foram de pessoas que esperaram nos eventos realizados na fazenda. O tratamento precoce evita o agravamento da doença, segundo as autoridades de saúde. O tratamento contra a febre maculosa é feito por meio de antibióticos, como a doxiciclina, que combatem as bactérias no organismo. A febre maculosa, também conhecida como doença do carrapato, é uma infecção febril de gravidade variável, com elevada taxa de letalidade. Ela é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia e transmitida pela picada do carrapato. A infestação ambiental por ninfas (estágio juvenil) de carrapato-estrela é alta entre junho e novembro, segundo autoridades de saúde. E as cidades com maior frequência de casos são Campinas, Piracicaba, Assis e Sorocaba — todas no interior de São Paulo. A diretoria do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo afirmou que as pessoas devem estar cientes dos riscos que correm ao visitar algumas regiões durante o período de reprodução do carrapato-estrela. “Ao se aventurar em regiões de mata e cachoeira, é importante estar ciente de que estamos no período de reprodução do carrapato-estrela, ocorrendo o risco de transmissão da febre maculosa através de sua picada.” Entre as maneiras de evitar a doença, estão verificando com frequência se há algum carrapato preso ao corpo, usar roupas claras com manga longa, calça comprida e calçado fechado. O levantamento mais recente do Ministério da Saúde mostra que, de 2007 a 2021, foram notificados 36.497 casos de febre maculosa no Brasil, dos quais 7% foram confirmados, em uma média de 170 por ano nesse período. Dos 2.545 casos confirmados, 2.538 relataram situações relativas à exposição de risco e, destes, 68,5% já haviam frequentado ambientes de mata. O lago do Café, que fica em Campinas, ficou fechado de 2008 a 2013 após três funcionários do local morrerem de febre maculosa. Na reabertura ao público foram instaladas placas orientando os frequentadores a permanecerem apenas nas áreas asfaltadas.

Fonte G1

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