Brasil e China assinam nesta terça-feira (30), em Campinas (SP), acordo de cooperação científica em pesquisas aplicadas ao uso de fontes de luz síncrotron. A assinatura será entre representantes do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que abriga o superlaboratório Sirius, uma das três fontes de quarta geração de luz síncrotron em funcionamento no mundo, e do Instituto de Física de Alta Energia (IHEPS) .
O acordo bilateral que será assinado nesta terça é a formalização das intenções manifestadas por dois países durante uma recente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China. Os chineses estão com dois projetos de síncrotrons de quarta geração em cursoe o acordo pode colocar o país em uma “posição estratégica”.
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Durante sua construção, o Sirius buscou desenvolver a indústria brasileira, fazendo com que 85% dos recursos do projeto fossem investidos dentro do país. Na avaliação do CNPEM, o acordo com a China pode beneficiar essas empresas que adquiriram saber como com o acelerador de partículas, colocando o Brasil como exportador de conhecimento de alta tecnologia.
Segundo o CNPEM, a relação da China com o projeto Sirius começou há algum tempo quando o país asiático forneceu, inclusive, alguns de seus componentes. “Atualmente, a Academia Chinesa de Ciências (CAS) tem interesse em estabelecer laços mais fortes e institucionais com o Brasil visando trocas tecnológicas mais intensas e de longo prazo”, diz o comunicado.
Participam da assinatura do documento na manhã desta terça o diretor-geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva, o vice-diretor do Instituto de Física de Altas Energias (IHEP), Yuhui Dong, e diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS ), Harry Westfahl Jr.. O evento ainda contará com representantes dos dois governos.
Estação de pesquisa Manacá, primeira a ficar pronta e operacional no Sirius, em Campinas (SP) — Foto: CNPEM/Divulgação
Principal projeto científico brasileiro, o Sirius é um laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, que atua como uma espécie de “raio X superpotente” que analisa diversos tipos de materiais em escalas de átomos e sinal.
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Para observar as estruturas, os cientistas aceleram os elétrons quase na velocidade da luz, fazendo com que percorram o túnel de 500 metros de comprimento 600 mil vezes por segundo. Depois, os elétrons são desviados para uma das estações de pesquisa, ou linhas de luz, para realizar os experimentos.
Esse desvio é realizado com a ajuda de imãs superpotentes, e eles são responsáveis por gerar a luz síncrotron. Apesar de extremamente brilhante, ela é invisível a olho nu. Segundo os cientistas, o feixe é 30 vezes mais fino que o diâmetro de um fio de cabelo.
O Sirius realizou em julho de 2020 os primeiros experimentos ao obter imagens em 3D de estruturas de uma conexão visitadas para o ciclo de vida do novo coronavírus.
Imagem em 3D de proteína do novo coronavírus tratado no Sirius, superlaboratório instalado em Campinas (SP) — Foto: Sirius/CNPEM/Divulgação
Em setembro de 2020, um grupo do Instituto de Física da USP de São Carlos utilizou o acelerador na busca por uma “chave” para desativar o novo coronavírus. Foi o primeiro experimento de pesquisadores externos no Sirius.
Em outubro do mesmo ano, a linha de luz batizada de Manacá, a primeira das 14 previstas na primeira fase, passou a operar oficialmente e aceitar propostas de outros objetos de estudo que não a Covid-19.
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Atualmente, seis linhas estão em operação, recebendo propostas de investigadores de todo o Brasil e do exterior, e outras quatro começando a funcionar no modo de comissionamento cientificamente.
“A primeira fase do projeto ainda prevê a instalação de outras 4 linhas, mas a conclusão dessa etapa depende da disponibilidade de recursos no orçamento federal”, informa o CNPEM.
Sirius: maior estrutura científica do país, instalada em Campinas (SP). — Foto: CNPEM/Sirius/Divulgação