Pesquisadores utilizam visões eletrônicas e computacionais, além de língua e nariz eletrônico, para mapear elementos químicos em amostra. Possíveis aplicações vão da avicultura à indústria. Raio infravermelho permite analisar a carambola Douglas Barbin Buscando compreender a composição dos alimentos, pesquisador da Unicamp aliaram a tecnologia de raios infravermelhos a sensores eletroquímicos para fazer um “raio-X” de produtos, que incluem frutas, ovos, temperos e até mesmo larvas . Usando visões eletrônicas e computacionais, além de uma língua e um nariz eletrônico, o grupo de pesquisa da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) mapeia os elementos químicos presentes nas exceções e, assim, identifica possíveis alterações inesperadas. “Existem muitos relatos de que a pimenta-do-reino, por exemplo, é adulterada com semente de mamão, tanto no grão quanto depois que está moída. “, explica o professor Douglas Barbin, coordenador da pesquisa. A principal vantagem das ferramentas de processamento usadas pelo pesquisador, segundo Barbin, é a substituição das técnicas tradicionais por um método mais rápido e mais barato. As tecnologias poderiam ser aplicadas na agricultura, indústria e também por órgãos fiscalizadores. No caso da avicultura, a espectroscopia de infravermelho próximo e a análise de imagens hiperespectrais auxiliam na avaliação do frescor dos ovos. Na agricultura, o processo facilita a análise do milho de frutas e vegetais quando não é possível identificar o amadurecimento a olho nu. Aplicando o método na indústria, é possível identificar a distribuição de nutrientes nos alimentos, como a quantidade de fibras em um pão ou massa. Já para fiscalização, a tecnologia permite a identificação de adulterações em carnes processadas ou laticínios, por exemplo. Ovos analisados por meio de método que utiliza raios infravermelhos Douglas Barbin Sentidos apurados Outros aliados importantes do grupo de pesquisa são equipamentos que mimetizam os sentidos do corpo humano. Em parceria com o Instituto de Física “Gleb Wataghin” (IFGW), os pesquisadores construíram língua e nariz eletrônicos capazes de detectar alterações no sabor e cheiro dos alimentos. “O nariz eletrônico que a gente tem hoje, com todos os sensores, deve ter custo por volta de US$ 200, o que seria cerca de R$ 1 mil, R$ 1,2 mil. É muito barato se comparar com um método de referência que é usado para isso, a cromatografia gasosa, que pode custar US$ 20 mil, US$ 30 mil”, afirma Barbin. Na prática, os dois equipamentos permitem a análise do tempo de vida na prateleira da água de coco vendida em caixinhas. O professor Douglas Barbin mostra parte do nariz eletrônico Felipe Bezerra/Unicamp Insetos no menu Além de alimentos tradicionais, como frutas, grãos e industrializados, a equipe coordenada por Barbin também utiliza o método para analisar larvas de insetos que poderiam ser utilizadas como alimento e fonte proteica , especialmente frente à demanda mundial por alternativas nutricionais à carne. “Alguns grupos de pesquisa aqui da Unicamp também trabalham com outras determinações, por exemplo, o tipo de proteína que tem, como processador esse inseto. Temos trabalhado com o nosso método para quantificar a quantidade de proteína ou de gordura desse inseto através de um método que não utilizam agentes químicos e não produzem resíduos”, detalha o professor. O pesquisador explica que a análise das larvas é feita por meio da imagem espectral, ou seja, imagens que consideram diferentes comprimentos de ondas eletromagnéticas. A partir dessas fotos, é possível extrair informações de qualquer parte do objeto analisado. “Com a imagem eu tenho a vantagem de poder fazer uma foto e extrair essa informação espectral da região que eu quero. […] Temos usado isso para avaliar as larvas desses insetos inteiros sem ter que transformar em pó e homogenizar, como é feito com tempero, por exemplo”, explica. Mapa químico mostra a composição do macarrão, que não pode ser vista a olho nu Douglas Barbin VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Fonte G1