Fotógrafo registra o som do puma na Patagônia. Onça-parda, ou puma, se acostumou com os humanos no Parque Nacional Torres Del Paine, no Chile Ricardo Casarim Qual é o som produzido pela onça-parda (Puma concolor)? Rugido? Esturro? Nada disso. Para decepção de quem esperava um som grave e intimidador, a vocalização do segundo maior felino das Américas é mais próxima com a de um gato doméstico do que com a de outros grandes predadores como o leão e a onça-pintada. Ela mia, assim como um gato, especialmente se for um filhote. Texto inicial do plugin Em uma expedição pelo Parque Nacional Torres Del Paine, no Chile, o guia e fotógrafo sul africano Marlon du Toit registrou a vocalização da onça-parda, que por lá é chamada de puma ou leão-da-montanha. Segundo ele, um filhote macho de cerca de um ano e dois meses chamava pela mãe. “Ele vagou durante o dia e logo se viu longe de sua mãe e irmã. Ele chamou a tarde toda, mas ela não respondeu, talvez por estar muito longe dele”, escreveu Marlon na descrição do vídeo publicado no Instagram. “Em breve eles se reunirão novamente. Ele ainda é muito jovem para ser totalmente independente dela. Isso ocorreu em cerca de três ou quatro meses”, completou o fotógrafo. Onça-parda (Puma concolor) ocorre desde o sudoeste do Canadá até o Estreito de Magalhães, no extremo sul da Argentina e Chile Adriano Gambarini/ICMBio Mas por que o som da onça-parda é tão diferente do esturro da onça-pintada (Panthera onca)? “A onça-parda não é necessariamente uma onça. ela é um gato que cresceu demais”, explicou o biólogo Luciano Lima no quinto episódio do podcast Sons da Terra. duas subfamílias que se diferem em relação a morfologia do sistema hioide, a garganta de um modo geral. Os Pantherinae, como o leão, leopardo, tigre e onça-pintada, podem rugir ou esturrar. Já os Felinae, como gatos-domésticos, gatos -do-mato, jaguatiricas e onça-parda, ronronam ou miam. Mas isso não significa que os filhos emitidos pela parda sejam sempre serenos como o registrado no Chile. “Tem vocalizações que são mais impactantes, normalmente associadas a eventos reprodutivos”, alerta Felipe Peters. Texto inicial do plugin Os pumas da Patagônia e as onças-pardas brasileiras são da mesma espécie, que se distribuem do sudoeste do Canadá até o Estreito de Magalhães, no extremo sul da Argentina e Chile. É um animal que se adapta a vários tipos de ambientes, de desertos quentes aos altiplanos andinos, encontrados tanto em florestas tropicais como em temperadas. Apesar da ampla distribuição, não é um bicho fácil de se ver. Aqui no Brasil a onça-parda geralmente se esconde em matas fechadas e foge a qualquer sinal de movimento estranho. Mas na Patagônia elas parecem ter perdido um pouco o medo dos humanos. “O turismo possibilitou a habituação dos pumas, fazendo com que eles perdessem o medo dos humanos que os caçaram durante séculos por conflitos gerados principalmente pela criação de ovelhas na região”, diz o fotógrafo e guia brasileiro Ricardo Casarim. Patagônia é hoje o melhor lugar do mundo para observar o puma Ricardo Casarim Nos últimos anos o Parque Nacional Torres Del Paine atraiu turistas de todo o mundo para observação dos pumas. A reserva é hoje considerada o melhor lugar do planeta para ver a espécie. “Presas como guanacos, tatus e nandus são abundantes”, completa Ricardo. Estima-se que cerca de 200 pumas vivam no parque e entorno. A atividade de observação segue normas rígidas com limite de turistas e exigência de guias locais. Desta forma poderemos testemunhar cenas incríveis como o miado da onça e sua beleza incontestável.
Fonte G1