No início da semana, uma mulher identificada como Sandra Mathias Correia de Sá agrediu um grupo de entregadores em São Conrado, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro. Max Ângelo dos Santos, uma das vítimas, levou socos e foi chicoteado com uma guia de cachorro pela professora e ex-atleta de vôlei. Nesta quinta (13), a TV Globo divulgou novas imagens das câmeras de segurança que mostram uma discussão entre os dois, cinco dias antes das agressões.
No registro, a mulher aparece passeando com o cachorro, por volta das 22h30, no bairro nobre carioca. Então, Max passa de bicicleta pela calçada e a professora gesticula, dizendo algo para ele. “Ela me chamou de ‘preto da favela’, me chamou de marginal… Insinuou até que eu tenho uma quadrilha”, revelou o trabalhador sobre o momento ao RJTV. Posteriormente, ele registrou o caso na delegacia como injúria.
Imagens de câmeras de segurança mostram agressões de professores a entregadores – Parte 1 pic.twitter.com/IWijBbMnwD
— Só Mídias (@MidiasSo) 14 de abril de 2023
No domingo de Páscoa (9), as agressões se repetiram. Desta vez, Sandra chegou de cima de Santos e de outra entregadora que também atendeu no local, Viviane Maria Souza. Em novas imagens, também divulgadas pela TV Globo, é possível observar que a ex-atleta agrediu os dois, de forma ainda mais ostensiva. No vídeo, a mulher passa em frente ao ponto em que os trabalhadores estão e começa a discutir com Viviane. Minutos depois, ela chega perto da moça e dá a primeira tapa. Em seguida, outro.
“Ela começou a me xingar e começou as agressões dela. Foi onde eu me defendi. Aí eu peguei ela com a perna e ela me mordeu… Eu falei pro Max: ‘tira ela de mim, me ajuda, eu não quero brigar’”disse a entregadora, que ainda mostrava os hematomas sofridos por conta da situação. “Tenho machucados na perna, dor nos ossos e mordida dela que ela deu em cima do meu enxerto, de um machucado que eu sofri no passado. Ela mordeu em cima”complementau.
“Eu não tenho vontade de fazer mais nada. A minha vida é chorar, trancada no quarto, é aquela depressão, um filme que vai passar na cabeça. Essa cena não sai da minha cabeça, não sai. Não estou me vitimizando, apenas falo o jeito como eu me sinto. Não me sinto bem mais”finalizou ela, comovida.
Imagens de câmeras de segurança mostram agressões de professores a entregadores – Parte 2 pic.twitter.com/Fg3C91Q0K4
— Só Mídias (@MidiasSo) 14 de abril de 2023
Na sequência, Sandra Mathias vai até Max e também o agride. As novas cenas mostram que o entregador tenta se defender, mas ela o acerta com três socos nas costas. Logo depois, a professora tira a coleira do cachorro e usa como um chicote para bater quatro vezes no homem. “Falou que eu era um preto favelado, marginal, que aqui só para marginal… Sendo que é ela quem sai do prédio dela, passa aqui e fica tentando prejudicar a vida dos outros”expressou ele. “A gente acha que nunca vai acontecer com a gente, mas quando a gente sofre é diferente. Você fica com raiva, você não consegue achar uma explicação para aquilo”acrescentou.
Imagens de câmeras de segurança mostram agressões de professores a entregadores – Parte 3 pic.twitter.com/Ep6K6UM5Ax
— Só Mídias (@MidiasSo) 14 de abril de 2023
Em entrevista ao g1, Max fez mais um desabafo. “Parecia que ela estava chicoteando um escravo que não fez o serviço direito. Mas eu não sou escravo, entendeu? O tempo da escravidão já acabou”declarou ele, que ainda destacou que não teve mais condições de trabalhar. “Essa é a minha única fonte de renda… É como eu pago o aluguel, pago a pensão dos meus filhos”lamentou.
“Ainda estou tentando absorver tudo. Teve uma hora que eu desabei e chorei. A minha mulher tentou me acalmar… Se não denunciar, vai continuar. Aconteceu com outras pessoas aqui, e eles não levaram à frente. Mas eu vou. Isso não pode acontecer”concluído Máx.
Segundo a TV Globo, Sandra Mathias foi intimada ao depor na polícia na quarta-feira (12), contudo, não compareceu. Roberto Duarte Gutter, seu advogado de defesa, entregou fotos que mostram que ela está com hematomas pelo corpo e apresentou um atestado médico válido até domingo (16). O Ministério da Igualdade Racial questionou o governo do estado do Rio, a prefeitura, o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Assembleia Legislativa sobre a apuração do caso.
Siga a Hugo Gloss no Google Notícias e acompanhe nossos destaques