O registro foi feito na área rural de Iracemápolis (SP) durante o monitoramento da fauna local. Casal de lobos-guarás é flagrado copulando na área rural de Iracemápolis (SP). Rodrigo Balestrini No último dia 24 de março, o morador da cidade de Iracemápolis (SP), Rodrigo Balestrini, flagrou uma cena inusitada de dois lobos-guará (Chrysocyon brachyurus) acasalando. O registro chamou a atenção já que a espécie apresenta hábitos solitários. Os lobos só são encontrados formando casais na época de acasalamento, o que acontece uma vez no ano. Segundo Rodrigo ele faz o monitoramento da fauna local há cerca de cinco anos, mas este é o primeiro encontro com a espécie. Rodrigo também relata que no sítio já apareceram outros animais, como quati, diversas aves e até mesmo onça-parda. Casal de lobos-guará é flagrado durante acasalamento longo de semanas durante o período reprodutivo, ou seja, o macho e fêmea se encontram para essas atividades uma vez ao ano. “Lobos-guará têm a reprodução bem marcada em estações. Reproduzem entre fevereiro a abril. Em alguns casos extremos, até a primeira metade de maio”, afirma o pesquisador. A espécie apresenta hábito de vida solitária, sendo encontrada formando casais apenas na época de acasalamento, uma vez no ano Hakiost / Pixabay Na região de Iracemápolis (SP) onde ocorreu o registro, o animal é bastante recorrente, apesar de ser tímido e evitar contato com humanos. De acordo com o pesquisador que estuda a espécie há 26 anos, o lobo-guará não é agressivo e é considerado vulnerável, uma das categorias de ameaça de extinção. As principais causas são perda de hábitat por conversão ao agronegócio, atropelamentos, infecções de animais domésticos (especialmente de outros cães), caça retaliatória e remoção e morte de filhotes em áreas de colheita. “Minha relação com os lobos mistura a curiosidade científica por uma espécie tão peculiar, com a responsabilidade como conservacionista de reduzir os efeitos às vítimas e promover melhores condições de sobrevivência e reprodução, com a paixão e inspiração por tudo que a espécie representa para mim no sentido de resistência, persistência e resiliência”, relata Rogério. O lobo-guará é considerado vulnerável, uma das categorias de ameaça de extinção Ambquinn/Pixabay A espécie O lobo-guará mede entre 95 e 115 cm de comprimento e mais 38 a 50 cm de cauda, pesando entre 20 a 30 kg. O animal possui patas longas e finas, pelos longos laranja-avermelhados e orelhas grandes. Além disso, têm hábitos crepusculares noturnos e são onívoros, costumando comer frutos e pequenos vertebrados. O Brasil abriga 90% da população conhecida da espécie, enquanto os outros lobos-guará estão no Paraguai, Bolívia e norte da Argentina. Estes animais possuem grande importância para a fauna brasileira como dispersores de sementes. As frutas consumidas pelos lobos são feitas de forma inteira. Sendo assim, ingerem as sementes, que passam por todo trato digestivo e saem prontas para germinar. Estes animais possuem grande importância para a fauna brasileira como dispersores de sementes TheOtherKiv/Pixabay Além dessa função, se alimentam de roedores, que muitas vezes se tornam pragas por investirem contra as sacas de grãos, então os lobos também trabalham aliados aos produtores controlando as culturas esses animais. Considerado a maior espécie de canídeo das Américas, são normalmente observados em campos abertos e vivem de 12 a 15 anos. *Texto sob supervisão de Lizzy Martins
Fonte G1