Em Viracopos, voo da Azul precisou retornar 20 minutos após decolagem para pouso não programado. Número de casos impressiona mas, segundo especialista, aeronaves são resistentes e tripulação é “muito bem treinada” para esses casos. Aeronave que decolou do Aeroporto de Viracopos, em Campinas, teve bico danificado pela ave Cleuton Matos A colisão de aeronaves com pássaros, conhecida pela tradução em inglês “bird strike”, é uma das ocorrências mais reportadas na aviação, segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Em 2022 foram 2.294 casos no Brasil, o que representa uma média de um a cada 4 horas. Mas, apesar do número elevado de casos, o impacto de uma colisão com aves é pequeno na aviação civil comercial, segundo o especialista Fernando Crescenti, comandante de aviões comerciais. “Tirando casos raríssimos, os efeitos de uma colisão com aves são em uma aeronave comercial. Eles são restritos a troca de nariz do avião, blindados de motor, troca de uma superfície de asa e limpeza. Então, a enorme maioria dos casos não significa absolutamente nada”, explicou. Susto em Campinas Em Campinas, no último final de semana, um voo da Azul que decolou do Aeroporto Internacional de Viracopos com destino ao Rio de Janeiro (RJ) precisou retornar e fazer um pouso não programado 20 minutos depois por conta do choque com uma avenida . Foi o 18º caso do ano só no terminal de Campinas. Apesar do incidente, não houve problemas no desembarque dos passageiros. Em nota, a Azul informou que os clientes foram reacomodados em outros voos. Segundo o Anuário de Risco de Fauna, produzido pelo Cenipa em 2022, o crescimento da população de aves em áreas urbanas, a intervenção da frota brasileira de aviões, o aumento da malha aeronáutica e a presença de aeronaves mais rápidas e silenciosas no espaço aéreo brasileiro vêm confiante para o aumento da quantidade de colisões reportadas. Colisão com aves em Viracopos causa estragos em aeronaves Reprodução/EPTV Ao g1, o especialista explicou que a colisão de aviões com pássaros, na grande maioria dos casos, não representa um problema de segurança de voo. “O que se faz naturalmente se você tiver uma colisão ou multiplas colisões com aves chegando para pouso, que é o local mais forte, é uma arremetida – um procedimento normal e natural, não tem nada demais – para o piloto fazer uma avaliação de danos . O que o passageiro pode fazer num caso desse é confiar na tripulação. A gente é muito treinado”, conto o especialista. Pouso no Hudson O caso mais famoso de choque entre avião e pássaros aconteceu em 2009, nos Estados Unidos. O piloto de um Boeing A320 da US Airways fez um pouso de emergência no rio Hudson, em Nova York, após o choque com gansos ter parado os dois motores da aeronave. Os 5 tribulantes e os 150 passageiros sobreviveram. Passageiros e tripulantes do voo 1549 da US Airways são resgatados após o pouso no rio Hudson, em 15 de janeiro de 2009 Reuters Pequeno porte De acordo com o especialista, o risco é maior na colisão com aviões de pequeno porte, principalmente as aeronaves de hélice. “Diferente das aeronaves comerciais e dos jatos executivos, as aeronaves mais leves não tem o para-brisa delas feitas para segurar o impacto de uma ave. Uma pequena aeronave com um impacto frontal de um pássaro pode ser que ele ingresse na aeronave e machuque bastante os ocupantes”, explicou. Apesar do nível de segurança das aeronaves e do treinamento da tripulação, a redução do número de choques de aviões com aves é um desafio para a aviação brasileira. Aeroportos e empresas aéreas têm incentivado os trabalhos de prevenção a fim de reduzir a presença de pássaros próximos aos aeroportos. “A sociedade pode nos ajudar como? Não descartando matéria orgânica (lixo) de forma irregular. Isso atrai pássaros grandes, como urubus, e outros pássaros carniceiros”, explicou Crescenti. Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Fonte G1