De fevereiro deste ano até a última quinta-feira (16), índice de crianças internadas saltou de 24 para 48. Hospitais confrontados com explosão de atendimentos e superlotação; veja números. Aumenta número de internações de crianças com síndromes respiratórias em Campinas A média de crianças internadas com síndromes respiratórias mais do que dobrou na rede pública de Campinas (SP) em um período de apenas um mês e meio. Em 2 de fevereiro, a média de internações pediátricas em enfermaria ou Unidade de Terapia Intensiva (UTI) era de 24,14. Já os dados desta quinta-feira (16) apontam que o índice chegou a 48,57, o que representa alta de 101,2% A ascensão da média móvel começou a ser percebida no início de fevereiro deste ano e se manteve praticamente constante até agora, com exceção a uma leve queda no começo de março. Veja no gráfico a evolução: LEIA TAMBÉM Entenda por que, mesmo antes do frio, Campinas vive explosão de crianças com síndromes gripais e pressão por leitos pediátricos O pediatra Alfredo Lopes apontou duas possibilidades para explicar o cenário de alta das doenças respiratórias mesmo antes do frio , que é quando elas tradicionalmente costumam surgir com mais frequência. Uma é de que a interação com o vírus da Covid-19 pode ter transmitido outros vírus mais fortes e mais transmissíveis. Já a outra é de que o atraso vacinal por conta da pandemia deixou as crianças mais grávidas. “Estamos internando hoje asma, bronquiolite, que é uma doença de inverno, gripe é uma doença de inverno e está vestindo agora no verão. A ciência está estudando isso ainda, mas acredito no que as teorias advogam, principalmente na questão imunológica. As crianças ficaram muito tempo paradas, não foram expostas a tolerância que estimularam o sistema imune”, diz. Ao g1, o presidente da Rede Mário Gatti, Sérgio Bisogni, também já havia considerado, apesar de ressaltar a necessidade de mais trabalhos científicos para esclarecer os motivos da mudança do cenário, a possibilidade de as crianças terem experimentado mais às doenças durante a pandemia . “A pandemia, talvez, predispôs as crianças a sofrerem mais complicações, talvez tenham mais facilidade em adquirir doença respiratória. A verdade é que mudou o perfil do que vinha ocorrendo há muitos anos. Ao longo do tempo, vão aparecer trabalhos científicos mostrando a real causa, mas dá a impressão de que elas [crianças] eram mais emocionantes às doenças.” Hospital Mário Gatti, em Campinas Reprodução/EPTV Rede Mário Gatti pressionou O aumento de internações é reflexo da explosão de atendimentos. médicos acompanhados. Como efeito de comparação, em todo o mês de janeiro, foram 2.579 atendimentos. O número atual é considerado mais do que o dobro do habitual para esta época do ano, informou Sérgio Bisogni. Na quarta-feira (15), a rede registrou 100% de ocupação nos leitos para as crianças. Já na manhã de quinta, todos os 15 leitos de UTI pediátrica no Hospital Municipal Ouro Verde e os 10 no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti estavam ocupados. Dentre os 11 de enfermaria no Ouro Verde, apenas um estava vago. Diante da situação, a rede anunciou a antecipação da abertura de 15 vagas de enfermaria na unidade pediátrica do Mário Gattinho para a próxima semana. trutura entrasse em funcionamento em abril, mas a alta demanda, que gerou a superlotação, forçou a mudança. Veja abaixo os detalhes. Outros hospitais também superlotados Outros hospitais de referência na região também informaram nesta sexta-feira (17) que enfrentarão a superlotação. No Hospital Estadual de Sumaré, são seis leitos de UTI pediátrica, mas há oito pacientes acomodados. Já na enfermaria, são 14 crianças para dez leitos. O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, por sua vez, não detalhou os números, mas informou também que a ala pediátrica está superlotada. Abertura de leitos Mário Gattinho, em Campinas Fernanda Sunega Após atingir 100% de ocupação nos leitos pediátricos, a Rede Mário Gatti abrirá na próxima semana 15 vagas de enfermaria na unidade pediátrica do Mário Gattinho. Os leitos de internação já deveriam ter sido abertos em fevereiro, assim como a implantação do novo centro hospitalar, mas as fortes chuvas do início do ano modificaram o ritmo das obras e atrasaram o cronograma. Após a alteração, a previsão da prefeitura é finalizar os trabalhos até o dia 24 de março e abrir toda a estrutura do Mário Gattinho no dia 3 de abril. “Estamos chegando em abril, já está entrando na sazonalidade. Tanto é verdade que toda a programação nossa foi deixar o Mário Gattinho pronto, transferir todo mundo para lá no começo de abril, para, durante a sazonalidade, a gente já estar com a situação um pouco mais confortável”, afirmou Bisogni. Portanto, a antecipação da abertura dos leitos de enfermaria é considerar o novo planejamento do governo municipal. A Rede Mário Gatti, que administra os hospitais municipais, UPA e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), não confirmou em qual dia da próxima semana as vagas disponíveis. Segundo a Rede Mário Gatti, a partir de abril, o Mário Gattinho terá 56 leitos. Veja os detalhes: 14 de UTI; 15 de enfermaria; Nove de retaguarda; Dois de urgência; Nove para internação de lactentes; Recuperação pós-anestésica (RPA) com quatro leitos e três leitos-dia VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Fonte G1