Grupo com cinco indivíduos foi registrado durante o feriado de carnaval; sauá tem lindo até no nome ‘Macacada reunida’ em Itatiba (SP), há cerca de 20 milhas de Campinas (SP). Paulo Serafim O metalúrgico Paulo Roberto Serafim de Souza, morador de São Paulo (SP), aproveitou o fim de semana prolongado pelo feriado de Carnaval e deixou a capital para visitar amigos em Itatiba, no interior do estado, há pouco mais de 20 milhas de Campinas (SP). Entre uma marchinha e outra, o fotógrafo de natureza observava a mata preservada do entorno do condomínio fechado. “Estávamos no fundo da casa, na piscina, olhando os pássaros e eu já estava com uma câmera, porque além de termos informações de que uma família de sauás estava nos arredores, no dia anterior eu já tinha ouvido a vocalização deles. Foi aí que senti uma movimentação diferente nas árvores e pude enxergar cinco exemplares”, descreve. Olhar atento do fotógrafo e também do sauá. Paulo Serafim Paulo conta que ficou emocionado com o registro por ter a oportunidade de contemplar essas primatas ameaços de extinção. “No momento do avistamento fiquei muito feliz por ter o privilégio de ver uma espécie tão bonita e infelizmente cada vez mais vulnerável”, comenta. Segundo ele, a observação de aves tornou-se um hobby, uma terapia. “Sempre que tenho um fim de semana livre corro para o mato. Consigo desopilar, descansar a mente e recarregar o emocional com essa energia verde que tanto nos faz bem”, enaltece. A cor da cauda é castanha alarajanda, que difere do marrom escuro do restante do corpo. Paulo Serafim Uma espécie Segundo o professor do Departamento de Engenharia Florestal da UFV (Universidade Federal de Viçosa), Fabiano Melo, o macaco-sauá (Callicebus nigrifrons) é típico da Mata Atlântica, mas também pode ocorrer em áreas de Cerrado onde há floresta estacional semidecidual, como no Triângulo Mineiro, além de outras florestas de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. A primata também é chamada de guigó, porque ao vocalizar emite o som “gui-gó, gui-gó”. O gênero Callicebus, em latim, significa macaco lindo. O barulho é forte porque os sauás têm o osso hióide, característico dos bugios, também bem desenvolvidos. Utiliza a vocalização principalmente para marcar o território. Registros foram feitos em um condomínio com mata preservada de Itatiba (SP). Paulo Serafim O sauá, animal ágil e hábil saltador, tem parte da fronte, mãos e pés negros, cor amarela/bege e uma longa cauda castanha alarajanda. A espécie, que não possui dimorfismo sexual, evita encontros com outras primatas. “Vive em grupos familiares de até seis indivíduos, sendo que os casais são monogâmicos, ou seja, são casais permanentes. Após o crescimento, os filhos saem do grupo pra formar suas próprias famílias, tanto os machos quanto as fêmeas”, afirma o primatólogo . Cinco indivíduos “pularam” Carnaval com o fotógrafo de natureza. Paulo Serafim O animal pesa em média um quilo. Costuma dormir em galões no alto das árvores, uns ao lado dos outros. Ele se alimenta principalmente de frutos (cerca de 70%), folhas, sementes macias e também de alguns insetos. A cada gestação a fêmea dá à luz um filhote com 70 gramas, que é carregado pelo pai até o desmame, aos cinco meses de idade.
Fonte G1