Moradores com sintomas e que permanecem em áreas de risco de infecção, como acúmulos de água e lama, devem iniciar medicação o quanto antes. O risco de morte em casos graves é de 50%. Rio Atibaia transbordou durante chuvas de verão em Campinas Helen Sacconi/EPTV Disparou neste início de ano o número de pessoas com sintomas de leptospirose que iniciaram o tratamento contra uma infecção em Campinas (SP). A doença – assim como a febre maculosa – tem evolução rápida e 50% de risco de morte para casos graves, por isso a medicação precisa ser tomada o quanto antes. A bactéria que causa a doença é transmitida pela urina do rato, que pode estar presente em alagamentos e enchentes, principalmente durante o período de chuvas. VÍDEO: chuva alaga mercado, invade casas e arrasta carro em Valinhos; Vinhedo remove famílias por risco de visitas Temporal com granizo faz córrego transbordar e causa alagamentos em Campinas; vídeo mostra resgate de motorista ilhado Dados do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) aponta alta de 332% em registros de moradores que relataram sintomas e exposição a áreas de risco de infecção, e já iniciaram a medicação, entre janeiro e fevereiro. “Tanto áreas alagadas e inundadas quanto a lama residual podem conter a bactéria leptospira, causadora da leptospirose. O risco no caso das inundações pode se dar em grande parte em ocorrência da exposição de maior superfície corporal. Por outro lado, a lama residual pode vir a apresentar uma maior concentração da leptospira”, explica o infectologista da Secretaria de Saúde de Campinas, Rodrigo Angerami. Pacientes em tratamento desde relato de sintomas Período: 1 de janeiro a 23 de fevereiro 2023: 95 notificações de sintomáticos – 73 casos em investigação e 22 descartados 2022: 22 notificações de sintomáticos – 5 casos se confirmaram Aumento de 332% Exame demora até 2 semanas Segundo o infectologista, o resultado dos exames de sangue realizados para concluir o diagnóstico demorado até duas semanas para ficar pronto no Instituto Adolfo Lutz. Por isso é importante iniciar o tratamento imediatamente, que dura em média sete dias em casos leves. Até 50% dos casos graves terminam em morte. “Felizmente na maioria dos casos a forma clínica pode ser considerada de leve a moderadamente, com evolução benigna e, via de regra, sem necessidade de internação. No entanto, entre 15% e 20% dos casos evoluem para formas graves”. O funcionamento dos órgãos pode ser afetado, como rins, fígado, coração e pulmões, sendo necessária uma internação hospitalar. “Podem vir a ser necessários cuidados intensivos com hemodiálise e necessidade de ventilação pulmonar com a ajuda de aparelhos, podendo o risco de evolução para o óbito, ou seja, a letalidade, chegar à 50%.” Sintomas mais comuns Febre Dor no corpo Dor de cabeça Náusea Vômitos Sacolas plásticas ajudam a prevenir Angerami destaca que, se possível, o ideal seria evitar o contato com água e lama em enchentes, alagamentos e inundações. No entanto, ele reconhece que em muitos casos, as pessoas são surpreendidas e têm uma exibição inevitável até chegar a uma área seca. “Quando há o contato, o que se recomenda é substituir a roupa umedecida e higienizar todo o corpo, com banho de água e sabão. No caso da lama, as pessoas devem evitar o contato direto da pele e mucosas, preferencialmente, usando botas e luvas, mas quando não for possível utilizar sacos plásticos nos pés e eventualmente nas mãos”, orienta o infectologista. Chuva atingiu o distrito de Sousas, em Campinas, entre dezembro e o início de 2023 Helen Sacconi/EPTV Leptospirose ou febre maculosa? Os sintomas mais comuns da leptospirose são semelhantes aos da febre maculosa, que também precisa de tratamento precoce. Por isso, uma das medicações possíveis vale para as duas doenças, a doxiciclina. Os remédios para combater as duas doenças estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, os profissionais de saúde devem estar atentos ao local de exposição à infecção onde o paciente esteve em até um mês. Pode ser febre maculosa se: foi picado por carrapatos, frequentou áreas onde pode ter sido parasitado por carrapatos, como mata e pasto, esteve próximo a animais que podem ser hospedeiros, como cavalos e capivaras, áreas de vegetação próximas a rios, lagos, lagoas , são fatores de risco relevantes. Pode ser leptospirose se: teve contato com excrementos de roedores, com urina e fezes de outros animais, teve contato com esgoto, água de córregos, enchentes e inundações, áreas freqüentadas onde pode haver presença de roedores, como locais com lixo e materiais inservíveis . Chuvas e enchentes aumentam a incidência. Outros estados também sofreram com alto número de pessoas sintomáticas e também casos já confirmados e mortes. A incidência aumentou por conta das fortes chuvas que causaram enchentes e alagamentos. No Rio de Janeiro, um adolescente contaminado morreu nesta segunda-feira (27). Ele teve contato com a bactéria ao ajudar a mãe em um alagamento. No Brasil, o Ministério da Saúde apresentou alta de 70% no número de óbitos provocados pela doença entre 2021 e 2022. Números da leptospirose no Brasil JN VÍDEOS: confira outros destaques da região Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Fonte G1