Vídeo mostra filhotes da espécie nascidos em parque urbano na cidade de Valinhos (SP); ave ‘veio parar’ no sul e sudeste, em boa parte, devido ao tráfico de animais. Alimentação dos filhotes chama atenção de quem pratica atividades físicas no CLT, em Valinhos (SP) Um canto melodioso toma conta do Centro de Lazer do Trabalhador de Valinhos, o CLT, lugar onde todas as manhãs, centenas de pessoas criaram sua caminhada, pedalada ou corrida. Os olhares mais atentos logo identificam o autor dessa obra de arte sonora: um lindo macho de cardeal-do-nordeste (Paroaria dominicana), também chamado de galo-da-campina. Ele, acompanhado da fêmea, voa por entre as árvores num vai e vem constante. Depois de alguns dias de observação a equipe do Terra da Gente desvenda o mistério para toda aquela mantida: o casal, entre avoantes e pardais, escondia um filhote, na verdade um “filhotão”, já ocorreu, com a cor ainda ferrugem e dependendo dos pais para se alimentar. Mais alguns instantes e um segundo filhote aparece. E outros adultos da espécie também rondam o território, pelo menos mais dois deles. Casal vive em parque urbano e chama a atenção de observadores Thiago Arruda/Arquivo Pessoal Os pais e os filhotes “pousaram” para os vídeos e fotos perto de alguns pontos de comedouro, onde visitantes e funcionários cuidavam sementes e frutas para as aves e alguns coelhos que vive no parque. “A gente presenciar uma cena dessas nos enche de alegria. Uma espécie que não é daqui estar adaptada a ponto de se jogar é muito impressionante”, afirma o observador de aves, Thiago Arruda, que acompanhou a observação e foi quem encontrou pela primeira vez os filhotes. “Filhotões” têm cor ferrugem até a plumagem atingir o vermelho, característico da espécie Thiago Arruda/Arquivo Pessoal do Apesar nome da espécie ser “-do-nordeste”, o registro deixa claro que ela não está restrita a esta região. Cada vez mais indivíduos são encontrados no sudeste. “Não existe nenhum estudo detalhado sobre a expansão da distribuição do cardeal-do-nordeste, mas analisando o histórico de registros da espécie é possível perceber que ela vem aumentando consideravelmente sua distribuição geográfica nas últimas décadas”, afirma o biólogo do Terra da Gente, Luciano Lima. Segundo ele, dois motivos principais podem ser apontados para esse fenômeno, os dois por influência humana. “Com a destruição de grande parte da Mata Atlântica na região Nordeste, o cardeal-do-nordeste, que ocorria principalmente na Caatinga, conseguiu colonizar novas áreas que antes eram cobertas por florestas, inicialmente no leste de Minas Gerais e no Espírito Santo, mas a partir daí seguindo para outras regiões próximas. O outro motivo é o tráfico de animais silvestres. Assim como outras espécies de cardeais, o cardeal-do-nordeste é alvo frequente do tráfico por conta de sua beleza e também de seu canto. Aves que escaparam da gaiola ou foram soltos, deram origem às isoladas em áreas distantes da sua área de ocorrência natural, que é o caso das isoladas da espécie no estado de São Paulo”, detalhe Luciano. Registro de alimentação mostra espécie adaptada aos centros urbanos Thiago Arruda/Arquivo Pessoal Por causa da aparência o cardeal-do-nordeste ou galo-da-campina é muito confundido com outras aves da mesma família, como o próprio cardeal (Paroaria coronata), a cavalaria (Paroaria capitata), o cardeal-da-bolivia (Paroaria cervicalis), o cardeal-da-Amazônia (Paroaria gularis) e o cardeal-do-Araguaia (Paroaria baeri). Na arte é possível ver a semelhanças e diferenças, além da área de ocorrência de cada um. Família dos cardeais impressiona pela beleza e variedade Fonte WikiAves/Arte Terra da Gente Uma curiosidade é a origem do nome “cardeal”, que está relacionado com a roupa típica dos cardeais da Igreja Católica, que é vermelha e branca. Já sua preta cores e branca faz referência às vestes dos Frades Dominicanos, presente no nome científico da espécie, Paroaria dominicana. O podcast “Sons da Terra” já teve um episódio dedicado à espécie.
Fonte G1