Nos últimos dias, duas pessoas morreram atingidas por árvores em Campinas (SP), entre elas uma criança de 7 anos. Pesquisador da Embrapa percorreu a cidade e localizou riscos; veja. Pesquisador da Embrapa cita possíveis motivos para quedas de árvores em Campinas Depois de árvores caírem e matarem duas pessoas em Campinas (SP) nos últimos dias, entre elas uma criança de 7 anos (leia abaixo detalhes) nesta terça-feira (24), a preocupação é com a possibilidade de novas quedas, principalmente durante os dias de temporais. A metrópole vive uma situação de destruição por conta das fortes chuvas da última semana, especialmente na quinta (19), quando choveu 125 mm – a terceira maior precipitação da história da cidade. O governo municipal decretou situação de emergência e decidiu fechar todos os parques e praças de esportes. LEIA MAIS Criança que morreu após ser atingida por árvore era filha de pastor e estava em aniversário Entenda por que Campinas fechou todos os parques após queda de árvore que matou criança Prefeitura diz que árvore que caiu e matou criança ‘estava aparentemente saudável’ Raízes curtas e crescimento rápido: Eucalipto que caiu e matou criança em Campinas não está indicado para parques Prefeitura fecha todos os parques e praças da cidade Diante do risco, a EPTV, afiliada da TV Globo, ajudou o pesquisador Ivan André Alvarez, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), para percorrer pontos de Campinas e identificar árvores com sinais que podem representar riscos de queda. Troncos e galhos No bairro Guanabara, encontraram árvores com trocos inclinados e descascados, galhos ressecados nas pontas e com rachaduras. “Essa árvore não está em um risco iminente de queda, mas chama bastante atenção esse fator, porque ela é longa, não vem em um perfil apenas de pequenas rachaduras, mas de rachaduras bem extensas”, explica Alvarez. Árvores com troco inclinado e descascando no bairro Guanabara, em Campinas Reprodução/EPTV Também no Guanabara, uma outra árvore foi encontrada com tronco oco e presença de fungos e cupim. “É bem claro o efeito da poda mal feita, que deu uma super ramificação nela, enfraqueceu ela durante o tempo. Fica com o risco [de cair].” Raízes Já na Praça do Coco, em Barão Geraldo, uma árvore caída com as raízes expostas. O pesquisador da Embrapa explica em quais pontos as pessoas devem ficar atentas em relação às raízes. “Raíz exposta sempre é um problema. Muitas árvores têm essa característica, como as figueiras, que as raízes, a gente chama de tabulares, que ficam superficialmente. Em outros casos, quando você vê a raiz, e aquela árvore não tem essa característica, pode se chamar a atenção do ponto de vista de ter algum impedimento para a raiz ter se aprofundado, daí, sim, a gente pode ficar preocupada.” Árvore caída com as raízes expostas na Praça do Coco, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas Reprodução/EPTV Árvore morta Por fim, na Rua Cláudio Dias da Silva, no bairro Cidade Universitária, uma árvore de grande porte está morta. “É uma situação bem grave, a árvore está morta, já deveria ter sido retirada”, enfatiza o especialista. Árvore morta no bairro Cidade Universitária, em Campinas Reprodução/EPTV O que fazer? Segundo Ivan Alvarez, no caso da árvore morta, ela precisa ser removida imediatamente. Já os demais casos citados precisam ser atendidos pelas equipes da prefeitura. “O que a gente precisa é ter um cadastro, um inventário qualitativo da arborização do nosso município, para que a gente possa diagnosticar anteriormente ao fato. Quando você tem todas essas informações, você consegue prever alguma coisa; tem fatalidades que a gente não consegue prever”, afirma. Campinas faz avaliação de árvores após queda que matou criança Prefeitura avalia árvores Em nota, a Prefeitura de Campinas afirmou que equipes do Departamento de Parques e Jardins (DPJ), da Secretaria de Serviços Públicos , retirar o levantamento de árvores em risco nos parques da cidade e que a retirada delas está sendo feita quando necessário. de árvores e galhos”, diz trecho. Além disso, a administração municipal pediu à população que “evite circular em áreas com muitas árvores”. “A Prefeitura pede à população que evite circular em áreas com muitas árvores. […] Por causa das chuvas constantes desde dezembro, a situação em várias partes da cidade é de solo encharcado, o que aumenta o risco de quedas de árvores”, conclui. que esse tipo de levantamento já está em andamento há dois anos na metrópole. “Nós estamos fazendo esse levantamento, chamado fitossociológico, há dois anos. Já levantamos mais de 30 mil árvores de algumas regiões, e o Taquaral é uma delas, inclusive. Todas elas estão catalogadas com laudos técnicos. Agora, em um universo de mais de 800 mil árvores adultas, você não faz isso em um piscar de olhos.” Morte de criança no Taquaral Isabela Fermino, de 7 anos, morreu após queda de uma árvore no parque de Campinas (SP) Reprodução /redes sociais O g1 teve acesso ao boletim de ocorrência e consta que Isabela Tiburcio Fermino, de 7 anos, estava com os pais na área de churrasqueira, perto do espaço onde ficam os pedalinhos da Lagoa do Taquaral, no momento em que ocorreu o acidente Ela ficou presa sob a árvore e não resistiu aos ferimentos, diz o registro. Equipes do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e da Guarda foram acionadas durante a ocorrência. Os pais da criança não ficaram feridos, contudo, a mãe da menina ficou em estado de choque e precisou ser socorrida para a UPA Anchieta. Ela já deixou a unidade. Uma mulher de 27 anos também ficou ferida após a queda da árvore. Segundo a polícia, ela estava no parque com o namorado e foi socorrida, com dores nas costas e pernas, em estado grave ao Hospital Mário Gatti. A assessoria da unidade de saúde informou que a mulher passou por cirurgia e que o estado de saúde dela é considerado estável. A árvore, um eucalipto gigante que fica ao lado da pista de caminhada, ficou atravessada após descer. A prefeitura diz que ele estava “aparentemente triste”. 4° Distrito Policial de Campinas Reprodução/EPTV Investigação A Polícia Civil de Campinas confirmou a abertura de um inquérito para apurar a morte de Isabela. O caso é apurado como morte acidental pelo 4º Distrito Policial da metrópole e a previsão é de que os depoimentos sobre o caso aguardam ainda na terça-feira. Detalhes não foram informados. “O caso é investigado por meio de inquérito policial pelo 4° DP de Campinas, área dos fatos. A autoridade policial trabalha para elucidar todas as circunstâncias do acidente. Detalhes serão preservados por envolver menor de idade”, diz nota da Secretaria de Segurança em São Paulo (SP). O advogado que representa a família explicou à EPTV que acompanha o trabalho da perícia e, se for comprovada a culpa do poder público, ela irá avaliar se entrará com uma ação para responsabilização penal. Perfil Isabela era filha de um pastor evangélico, morava com a família em Hortolândia (SP) e estava no parque para o aniversário de uma prima, segundo a polícia. Um vídeo obtido pela reportagem mostra uma apresentação feita pela menina na igreja onde a família frequentava – assista abaixo. Menina morta por queda de árvore era filha de pastor e cantava na igreja em Campinas O que dizem a prefeitura e a SSP? Ao g1 Campinas, a prefeitura informou que a Lagoa do Taquaral conta com salva-vidas somente aos finais de semana e nos feriados, quando o fluxo de visitantes é muito maior que em dias normais. “Durante uma semana, uma equipe de administração é efetiva dentro do parque e fica de plantão para atender qualquer tipo de ocorrência e realizar qualquer chamada necessária para atendimento aos visitantes, como acionar o Samu ou o Corpo de Bombeiros. Além disso, o parque conta com um posto da Guarda Municipal para cuidar da segurança interna”, diz nota da administração. Segundo o governo municipal, o Samu foi acionado às 9h25 e uma falha chegou ao local do acidente às 9h37. Além disso, diz a assessoria, também houve contato com o Resgate dos Bombeiros. O comandante do 1º SubGrupamento do Corpo de Bombeiros, Luiz Fernando Marucci Bassin, explicou que o óbito da criança foi constatado no local. Ele afirmou que a corporação foi acionada pelo meio do telefone 193 e chegou “rapidamente” porque há uma base próxima, junto com o Samu. “A pancada da árvore pegou bastante a região femural e ela acabou entrando em choque hipovolêmico no local e avançou a óbito. É uma árvore bastante grande, temos muitas árvores assim no parque. É um eucalipto. A análise técnica será feita por órgãos competentes, mas a árvore estava aparentemente saudável, mas o solo estava muito úmido e a raiz acabou se descolando”, disse. A reportagem solicitou a posição da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) às 13h35 sobre o tempo de deslocamento dos Bombeiros até a área do acidente. Em nota divulgada às 19h25, a assessoria informou que as viaturas acionadas estavam em uma estação a 800 metros do parque e chegaram ao local em seis minutos. Foram disponibilizadas quatro viaturas e 13 profissionais. Árvore gigante caiu na Lagoa do Taquaral, em Campinas Valéria Hein/CBN Campinas Morte por queda de árvore em dezembro Na manhã de 28 de dezembro, em meio a uma forte chuva, o técnico em eletrônica de 36 anos passou de carro pela Rua General Marcondes Salgado quando foi atingido e morreu. Casado, Guilherme deixou dois filhos, um de 5 e 7 anos. Após o acidente, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) realizou uma análise de amostra da figueira branca de 35 metros que caiu sobre o veículo. O resultado, obtido com conseguiu pelo g1 na segunda-feira (23), provocou a presença de quatro fungos no vegetal, mas descartou a existência de doenças. A principal hipótese do IAC é que a queda foi causada pelo excesso de chuva. Imagem mostra carro atingido por árvore gigante, em Campinas Lucílio Ferreira Junior VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Fonte G1