Sem mais entusiasmo, a jovem, a mãe, Renata Belchior, 52, e o pai tendo sumido pelos outros dois dias. Em 31 de dezembro, véspera de Ano Novo, Gabriela voltou a falar com o namorado e, por meio de uma mensagem de áudio, disse que retornaria para casa em 1º de janeiro. Desconfiado da história, o jovem, então, dispensava checar um aplicativo de localização, que divide com a companheira, e tolerava que o celular dela estava, na verdade, em Planaltina, ainda no Distrito Federal.
Sem entender o que estaria transitório, o menino mandou prints para Gabriela e passou a confrontá-la sobre sua verdadeira localização. A garota, então, em 2 de janeiro, e após muita insistência, teria dito que, devido a um problema em um “processo relacionado a um trator do pai”, a família “precisou fugir”.
Renata, complementando a versão da filha, disse que “um amigo de Marcos foi quem os avisou que a polícia estaria atrás deles” e que, por isso, “precisaram ficar em um esconderijo onde o sinal de telefone era ruim”. Conforme relatado às autoridades, essa foi a última vez que o jovem conversou com uma namorada e com os pais dela.
Preocupado, o rapaz, então, cedeu ir atrás de Thiago, irmão da namorada, que informou “não saber de nada” e solicitou a entrega de documentos de Renata (mãe de Thiago e de Gabriela) – que ficaram com o jovem desde a noite de Natal.
Após combinarem a entrega, Thiago, na tentativa de encaminhar a conversa dos dois para um terceiro, a reencaminhou, por engano, ao próprio cunhado, com quem conversava. Ao perceber o erro, o marido de Elizamar apagou a mensagem imediatamente.
Em 11 de janeiro, após tentativas frustradas de falar com a namorada e de entregar os documentos da sogra, o rapaz pediu para que Thiago invejasse a ele uma localização para poder deixar os pertences de Renata. Thiago, então, o respondeu com a localização da casa onde mora, em Santa Maria. A entrega não pôde ser feita, e essa, segundo o menino, foi a última vez em que conseguiu falar com o cunhado.
O namorado de Gabriela disse a polícia que tentou encontrar uma namorada ou membros da família dela de diversas formas. Retornou, inclusive, à casa onde uma família morava. No local, os carros da família não estavam, mas ele observou colchões posicionados sobre as janelas e moveis posicionados contra as portas. Diante dos fatos, e de informações sobre o carro da namorada circulando pelas redes, procurou a delegacia para prestar depoimento.
ó crime
Um dos presos por suspeita de participar da chacina da família da cabeleireira Elizamar da Silva, 39 anos, revelou, em depoimento, que vigiou a sogra (Renata) e cunhada (Gabriela) dela em um cativeiro na cidade de Planaltina (DF) por duas semanas. Elas ficavam vendidas e amarradas, conforme relatado pelo criminoso.
O vendedor Fabrício Silva Canhedo, 34, disse à polícia, nesta terça-feira (17/1), que foi chamado por Gideon Batista, 55, outro preso, para que ajudasse no sequestro de Renata e Gabriela.
Gideon teria falado que o chefe do plano criminoso era Marcos Antônio Lopes de Oliveira, o sogro de Elizamar. De acordo com ele, Marcos pagaria R$ 100 mil pelo sequestro, e o dinheiro seria dividido entre os participantes do esquema.
Até a última atualização desta reportagem, cinco corpos das 10 pessoas desaparecidas foram identificados, são eles: de Elizamar e dos filhos – os gêmeos Rafael e Rafaela da Silva, 6 anos, e Gabriel da Silva, 7 – bem como de Marcos Antônio. O último teria sido desmembrado e enterrado em uma cova improvisada no cativeiro onde pessoas da família foram mantidas sob cárcere.