Hospital detalha o que teria levado à amputação de mãe após parto no RJ; família da vítima se revolta

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Mais de três meses após uma mulher dar entrada em um hospital para dar à luz e sair com a mão e o punho amputados, a unidade de saúde também dar detalhes do caso. Com a repercussão da história nesta semana, a administração do Hospital da Mulher Intermédica Jacarepaguá expôs como foi o atendimento da paciente. Nesta sexta-feira (20), em nota ao UOL, a instituição pontuou como o quadro teria terminado em uma amputação.

O que aconteceu?

Gleice, de 24 anos, chegou ao hospital particular no Rio de Janeiro no dia 9 de outubro de 2022. Com 39 semanas, ela estava prestes a dar à luz seu terceiro filho em um parto normal. Contudo, pouco depois do nascimento do bebê, um jovem sofreu uma hemorragia e teve algumas complicações. Além disso, após a equipe inserir um acesso em seu braço esquerdo, o membro começou a ficar roxo e inchado. Isso preocupou a fiscal de caixa e sua família, que registraram em imagens o estado da mão e do braço.

Após receber o acesso, a mão esquerda do paciente ficou roxa e inchada. (Foto: Arquivo Pessoal)

Segundo familiares da vítima, os funcionários decidiram pegar um acesso no braço direito só depois de 12 horas, quando a mão e antebraço esquerdos já estavam roxos. Em seguida, a equipe do hospital também inseriu um acesso profundo no pescoço do paciente. Diante do quadro hemorrágico, Gleice foi atendida na madrugada do dia 12 para a unidade hospitalar de São Gonçalo (RJ). Quatro dias depois, ela foi afetada pela necessidade de amputação. Apesar dos questionamentos, a família e a vítima disseram que não receberam respostas sobre o que aconteceu.

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O que disse o hospital?

O Hospital NotreDame Intermédica Jacarepaguá, onde ocorreu a parte da vítima, deu algumas orientações sobre o que teria ocorrido. Segundo a unidade de saúde, o histórico de gestações múltiplas da paciente teria contribuído para o quadro hemorrágico. A instituição ainda alegou que “as medidas imediatas tomadas na unidade hospitalar garantiram a manutenção da vida do paciente”pontuando que ela corre risco de vida.

“A paciente apresentou quadro importante de hemorragia pós-parto, evoluindo para um choque hemorrágico grave secundário a atonia uterina e inversão uterina. Tal quadro é responsável por 60% das mortes maternas no período pós-parto: 45% dos óbitos ocorridos nas primeiras 24 horas. A hemorragia pós-parto é responsável por 25% de todas as mortes maternas no mundo, segundo a literatura médica”afirmou o hospital.

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A unidade de cuidado alegou que teria do braço desde os primeiros reflexos de que havia algo errado. “O braço esquerdo foi tratado imediatamente desde os primeiros sinais de isquemia secundária ao choque hemorrágico, conforme consta no relatório médico. Todas as medidas e decisões tomadas priorizaram salvar a vida do paciente que ela apresentasse melhores condições até para transferência para um hospital de maior complexidade”declarado.

O hospital disse ter se atentado ao braço do paciente desde os primeiros sinais de uma isquemia. (Foto: Arquivo Pessoal)

Por fim, o hospital tentou explicar a amputação, falando que o procedimento ocorreu em decorrência de uma “pior irreversível do quadro com trombose venosa”. “O paciente recebeu atendimento de todos os médicos, especialistas e recursos necessários na tentativa de preservar o braço esquerdo. Porém, devido à irreversível piora do quadro com trombose venosa de veias musculares e subcutâneas, houve a necessidade de se optar pela amputação do membro em prol da vida do paciente”disse a instituição.

Revolta da família e pensei no caso

As justificativas do hospital indignaram a vítima e toda sua família. Segundo a advogada da paciente, Monalisa Gagno, eles identificaram vários pontos que seriam inverídicos. “Tudo o que foi feito está no prontuário e será apurado. A verdade vai vir à tona e muita coisa que está ali não procede e não justifica o que aconteceu. Não tinha UTI no momento que ela precisava. Se ela tinha esse quadro, esse histórico, eles jamais poderiam ter internado ela ali, num hospital que não tinha como socorrê-la”argumentou a defesa.

A Polícia Civil, o Ministério Público e o CREMERJ investigaram se houve negligência ou erro médico no caso da amputação. (Foto: Reprodução/TV Globo)

Agora, a Polícia Civil, o Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro estão conduzindo uma investigação para entender o que aconteceu, averiguar se houve inconsistências, e se há responsabilidades a serem atribuídas no caso. A ocorrência está sendo apurada pela 41ª DP e, já na próxima segunda-feira (23), familiares de Gleice prestarão depoimento na delegacia. No mesmo dia, uma vítima será acompanhada por um especialista médico em uma reunião com um profissional da Intermédica, que explicará o motivo da amputação.

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O Ministério Público do Rio de Janeiro também se manifestou. “A 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde da Capital informa que instaurou procedimento para acompanhar os adiantamentos do caso e que adotará as medidas cabíveis. Atualizaremos as informações tão logo teremos novidades”disse o órgão em nota.

Uma sindicância também foi aberta pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (CREMERJ), que quer entender se houve negligência ou erro médico no caso de Gleice, e analisar a veracidade das informações prestadas. “Neste momento, o Conselho está verificando os fatos junto aos responsáveis ​​técnicos do grupo NotreDame Intermédica. Após a conclusão da sindicância, um processo ético-profissional (PEP) poderá ser instaurado para julgar o ocorrido”informou.

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Fonte CNN

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