Uma das lideranças do acampamento bolsonarista em frente ao Quartel-General do Exército de Brasília, responsável pela arrecadação quase diária de dinheiro no local, apagou rastros das convocações para os atos. Ana Paula Melo fez uma “limpa” no Instagram, excluindo todas as postagens que vinham fazendo ao longo dos mais de 60 dias de manifestações.
Ela era peça-chave do ato no QG. Com microfone na mão e em cima de uma carreta com caixas de som, fazia parte do grupo que comandava as principais atividades, lia notícias falsas que davam esperança aos participantes por uma intervenção militar, chamava mais bolsonaristas para os atos e arrecadava dinheiro “para a estrutura” do acampamento.
Os posts tinham convocações e fake news, principalmente. Em novembro, o Metrópoles mostrou que Ana Paula caiu em uma piada e anunciou que um ministro dos Emirados Árabes Unidos chamado “Jallim Habbei” não aceitaria a vitória de Lula (PT) contra Jair Bolsonaro (PL). A exclusão das postagens veio logo após três eventos que ruíram o movimento.
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Postagem de Ana Paula com fake news
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Foto apagada após prisões
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Imagem do WhatsApp 28/11/2022 em 16.42.07 (1)
Convocações também foram excluídas
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Post marcado como informação falsa também foi desligado
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O primeiro evento surgiu no dia da posse do petista, quando os apoiadores de Bolsonaro já estavam há mais de dois meses em frente ao QG e não conseguiram qualquer interferência no resultado das urnas. Irritados, alguns manifestantes discutem com as lideranças do movimento por conta de um novo pedido de dinheiro para manter a estrutura.
“Covarde, só quer saber de Pix”, disse um participante. A ofensa foi dirigida a um homem que se intitulou o major Cláudio Santa Cruz, que fez parte do grupo de Ana Paula Melo na liderança do ato. Incomodado, ele rebateu. “É muito simples: quando eu sair daqui, vocês quebram minha cara”.
As brigas se intensificaram a cada dia. Além do pedido de dinheiro, outra ação dos organizadores que também incomodava os “patriotas” era a ordem constante de se manter no QG, mesmo quando havia a promessa de que Bolsonaro falaria com apoiadores no Palácio do Alvorada ou quando outras manifestações, em pontos distintos de Brasília, foram marcadas.
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O segundo evento chave para o fim do acampamento e a exclusão das permanências dos líderes foi a prisão de bolsonaristas que participaram do dia 8 de janeiro. No dia, milhares de manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes, quebraram patrimônios públicos históricos, agrediram forças de segurança e promoveram um caos com o intuito de provocar uma intervenção militar.
Prisões
Segundo a última lista divulgada pela Secretaria de Administração Penitenciária do DF (Seape), 1.382 pessoas foram presas por participação nos atos antidemocráticos. Grande parte delas estava presente no terceiro movimento que deu fim ao acampamento: a desmobilização de 9 de janeiro. Um dia após os crimes em Brasília, cumprindo decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Militar e o Exército Brasileiro escaparam com uma estrutura montada em frente ao Quartel-Geral em Brasília.
Porém, enquanto a PM e o Exército Brasileiro desmobilizavam a concentração de bolsonaristas, alguns grupos deixaram a região por outros locais. Outras pessoas já haviam abandonado o local entre a noite do dia 8 e a manhã do dia 9.
liderança
Ana Paula agora se apresenta nas redes somente como diretora de vendas de uma empresa de cosméticos. No Instagram, que chegou a divulgar pelo microfone no QG, apagou todas as publicações bolsonaristas do feed feitas após o dia 23 de novembro. Entre aquela data e o dia 10 de janeiro, não há nenhuma postagem.
A reportagem entrou em contato com ela via redes sociais, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.
O post Mulher que arrecadava dinheiro em acampamento no QG apaga postos de apoio a Bolsonaro apareceu pela primeira vez no Metrópoles.