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O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro twittou na segunda-feira uma foto sua de uma cama de hospital em Orlando, Flórida, enquanto vários legisladores dos EUA pediam sua remoção do país após ataques de seus apoiadores aos assentos do governo brasileiro.
Bolsonaro disse que estava recebendo tratamento para complicações relacionadas a uma antiga facada. Mais cedo, sua esposa, Michelle Bolsonaro, disse em um post no Instagram que ele foi internado na segunda-feira por “desconforto” abdominal relacionado a ferimentos causados por um ataque de faca durante um comício político em 2018.
A hospitalização de Bolsonaro ocorre depois que centenas de seus apoiadores invadiram a capital Brasília no domingo, destruindo escritórios do governo e atraindo forte condenação da comunidade internacional. Até segunda-feira, cerca de 1.500 pessoas haviam sido presas, segundo o ministro da Justiça brasileiro, Flávio Dino.
O ex-líder denunciou o ataque em um tweet no domingo, mas especialistas dizem que suas repetidas e infundadas alegações de fraude eleitoral nas eleições de outubro serviram para fomentar a raiva entre seus apoiadores. Antes da violência de domingo, eles haviam acampado por meses na capital e a segurança do lado de fora do prédio do Congresso foi reforçada devido à presença deles.
Bolsonaro trocou o Brasil pelos Estados Unidos no dia 30 de dezembro, segundo a CNN Brasil – apenas dois dias antes da posse de seu sucessor, o presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva. Cinco funcionários públicos foram autorizados a acompanhá-lo a Miami de 1º a 30 de janeiro.
Vários legisladores dos EUA pediram a extradição de Bolsonaro dos EUA, embora não esteja claro por que motivos ele poderia ser removido.
No domingo, Dino disse que naquela fase não havia base legal para investigar o ex-chefe de Estado em conexão com os distúrbios. E o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, disse na segunda-feira que o governo dos EUA “ainda não recebeu nenhum pedido de informação ou de ação” em relação aos ataques de domingo.
Price se recusou a confirmar que Bolsonaro havia entrado nos EUA com um visto A1 – que é concedido a chefes de estado e válido apenas enquanto eles estiverem nessa posição – mas disse que se tal titular de visto “não estiver mais envolvido em negócios oficiais em nome de seu governo, cabe ao titular do visto deixar os EUA ou solicitar a mudança para outro status imigratório no prazo de 30 dias.”
Não está claro quanto tempo Bolsonaro pretende ficar nos Estados Unidos, nem se já teve alta hospitalar.
O ex-líder foi hospitalizado várias vezes ao longo dos anos devido ao ferimento por facada. O incidente ocorreu durante sua campanha de 2018, quando Bolsonaro foi conduzido por uma multidão nos ombros de apoiadores em Juiz de Fora, cidade no sul de Minas Gerais.
O filho de Bolsonaro, Flavio Bolsonaro, tuitou na época que os ferimentos do pai “atingiram parte do fígado, pulmão e intestino” e que ele perdeu muito sangue.
Em janeiro de 2019, Bolsonaro passou por uma cirurgia para remover uma bolsa de colostomia colocada após ser esfaqueado.
Ele foi hospitalizado novamente em julho de 2021, após sentir dores abdominais e soluços persistentes por mais de uma semana.