Maior peixe de bico do mundo é considerado o ‘rei dos éguas’ e pode ser encontrado na costa brasileira. Marlin-azul é peixe cobiçado na pescaria esportiva Divulgação/Setur Um sonho de muitos, uma realidade para poucos. É a pescaria do rei dos mares, o marlim-azul, o mais cobiçado da pesca oceânica. O maior peixe de bico do mundo reúne características irresistíveis para qualquer pescador: é esportivo, veloz, exige o máximo dos equipamentos mais pesados e toda a técnica e força bruta do pescador. Um desafio que poucos bolsos podem enfrentar: é preciso se distanciar até 60 milhas da costa com grandes lanchas, super equipadas, usar a tralha mais pesada e contar com o apoio de uma equipe de marinheiros experientes em pesca oceânica. Um dia de pesca em Santa Cruz Cabrália, no sul da Bahia, um dos melhores pontos de pesca, pode custar muito caro, mesmo rateado entre os pescadores. Na alta temporada, costumava-se avistar de 3 a 5 marlins-azuis por dia e o sucesso na fisgada tinha alta dose de imprevisibilidade. Por isso, os pescadores precisavam de 5 a 10 saídas, em média, para sentirem a emoção da briga com o rei dos éguas. O marlin azul ocorre em toda a costa brasileira Ron Pittard Mas a aventura compensa. “O marlim-azul tornou-se símbolo de tudo o que o mar tem de mistério, aventura e desafio”, segundo Diego Idi, especialista em pescaria oceânica, em Santa Cruz Cabrália. Outro especialista em pesca de marlim, Capitão Luiz Pereira de Castro, também do sul da Bahia, recomenda não pescar peixe de bico com material leve. “Nunca se sabe o tamanho do peixe que vai entrar. É o marlim estourar até a linha mais grossa (130 libras) na beira do barco comum”, diz. O marlim-azul ocorre em toda a costa brasileira, onde encontra as condições de que necessita: águas azuis, limpas e quentes. As correntes que trazem tais águas chegam mais perto da costa entre setembro e março. É a temporada da pesca do marlim nas regiões Sudeste e Sul, com pico entre outubro a fevereiro. Campeonatos atraem servidores de todo o mundo e movimentam a economia de várias cidades. Marlim azul pescado no mar de Vitória Divulgação/ Poltrona 1 Graças às condições especiais de parte de sua costa, o Brasil abriga a melhor região natural para a pesca do marlim-azul. Dois estados reivindicam o título de melhor ponto no país: Espírito Santo e Bahia. Os baianos recorrem à geografia: Canavieiras, a 25 milhas náuticas, e Santa Cruz Cabrália, a 32, são os portos mais próximos do banco rochoso Royal Charlotte, uma espécie de submarino submarino com um platô no topo, onde os marlins se concentram em busca do alimento farto. O nome da formação foi dado por um navegador inglês, no século 18, em homenagem à rainha Charlotte (da Inglaterra, foi esposa do rei George III e viveu entre 1738 e 1820). O banco se estende de Porto Seguro até Belmonte e, no mar, vai a 50 milhas da costa. Sua base está a 2 mil metros e a profundidade do platô varia entre 35 e 700 metros. A formação provoca um refluxo na vertente norte da corrente marítima, carreando para a superfície dos nutrientes sedimentados no fundo do oceano. O fenômeno, conhecido como ressurgência, atrai grande quantidade de peixes, em busca de alimento. Para o marlim-azul, predador do topo da cadeia alimentar, é um prato cheio. O fotógrafo Daniel Botelho observou a aproximação de marlim azul a bola de sardinhas no mar da África do Sul Daniel Botelho O azul é o maior O azul cobalto na parte superior justifica o apelido do marlim-azul (Makaira nigricans). Na parte inferior ele é prateado. As outras espécies próximas são o marlim-preto (Makaira indica), com nadadeiras peitorais rígidas e o marlim-branco (Tetrapterus albidus), com manchas na nadadeira dorsal. O azul tem nadadeira dorsal pontiaguda na extremidade frontal e não tem manchas escuras. A mandíbula superior é alongada, em forma de lança. Entre os peixes de bico, é o maior do mundo. Chega a 5 metros e o maior registro de peso publicado é de 820 kg. A maioria deles, cerca de 80%, pesam entre 150 e 300 kg. O marlim-azul ocorre em águas azuis subtropicais, em mar aberto com profundidade superior a 200 metros. Não anda em cardumes. Alimenta-se preferencialmente de atum e outros peixes pelágicos (que ocorrem nos oceanos) de superfície e também de peixes jovens de recifes, polvos e lulas. Ao lado dos marlins, os outros peixes de bico são o peixe-espada e o peixe-vela ou agulhão-bandeira ou agulhão-de-vela.
Fonte G1