Lula da Silva toma posse como presidente do Brasil, em meio a temores de violência de apoiadores de Bolsonaro

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Luiz Inácio “Lula” da Silva foi empossado como novo presidente do Brasil no domingo, marcando o início de seu terceiro mandato.

“Prometo manter, defender e cumprir a constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, apoiar a unidade, integridade e independência do Brasil”, disse Lula da Silva.

Os parlamentares aplaudiram Lula antes de começar a gritar “ole, ole ola, Lula, Lula”.

A posse ocorreu quando ameaças de violência surgiram de apoiadores do antecessor de Silva, Jair Bolsonaro.

O político de 76 anos, que voltou à Presidência após um hiato de 12 anos, chegou com a esposa Rosângela da Silva à Catedral Metropolitana de Brasília antes de seguir para o Congresso, onde acontecerá uma sessão solene do Congresso.

Depois disso, o recém-empossado presidente e a primeira-dama viajarão em um desfile de carros abertos para participar de uma cerimônia de honra militar fora do palácio presidencial. Ele então receberá uma faixa presidencial e fará seu primeiro discurso público de seu mandato como novo líder do Brasil.

O presidente do Senado abriu a cerimônia prestando homenagem a Pelé e ao Papa Bento com um minuto de silêncio.

Durante a cerimônia, Lula quebrou o protocolo tradicional para contar uma pequena história sobre a caneta que usou para assinar documentos do Congresso.

“Em 1989 estava em um comício no Piauí, depois caminhamos até a igreja São Benedito, e um cidadão me deu esta caneta e pediu para eu usar para assinar caso eu ganhasse a eleição em 89. Não ganhei a eleição em 89, não ganhei em 94, não ganhei em 98. Em 2002 ganhei mas quando cheguei aqui tinha esquecido a caneta e assinei com caneta de senador. Em 2006, assinei com a pena do Senado, e agora encontrei a pena, e faço em homenagem ao povo piauiense”, disse.

Pairando na cerimônia, a notável ausência de Bolsonaro, que deixou o Brasil rumo à Flórida na sexta-feira e não especificou a data de retorno.

Sua viagem aos EUA rompe com a convenção brasileira de líderes cessantes presentes na cerimônia de posse de seus sucessores. O governo brasileiro emitiu uma portaria na sexta-feira autorizando cinco funcionários públicos a acompanhar o “futuro ex-presidente” Bolsonaro a Miami, Flórida, entre 1º e 30 de janeiro de 2023.

O ex-vice-presidente de Bolsonaro, Hamilton Mourão, falou à nação em discurso em rede nacional neste sábado, último dia de seu governo, e criticou líderes cujo silêncio criou “uma atmosfera de caos”.

“Dirigentes que deveriam tranquilizar e unir a nação em torno de um projeto de país permitiram que esse silêncio criasse um clima de caos e divisão social”, disse Mourão, acrescentando que as Forças Armadas têm que pagar a conta. Desde o resultado da eleição, Bolsonaro havia falado ao público apenas três vezes, e em nenhum desses discursos disse que aceitava o resultado da eleição, fomentando sua base radical para acreditar que o resultado poderia ser revertido.

Lula da Silva venceu uma disputa apertada no segundo turno em 30 de outubro, em uma recuperação impressionante que marcou o retorno da esquerda ao poder no Brasil após quatro anos do governo de extrema-direita de Bolsonaro.

Ele conseguiu um notável retorno ao poder, após uma série de denúncias de corrupção que o levaram à prisão por 580 dias. A Suprema Corte posteriormente anulou o julgamento, abrindo caminho para sua candidatura à reeleição.

Ele agora inicia seu terceiro mandato, depois de ter governado o Brasil por dois mandatos consecutivos entre 2003 e 2010.

Protestos liderados por apoiadores de Bolsonaro abalaram o Brasil, após a derrota do presidente nas eleições em outubro.

A violência tomou conta do país com Bolsonaro ainda não admitindo explicitamente sua derrota eleitoral, apesar de seu governo dizer que está cooperando com a transição de poder.

A segurança durante a posse de Lula da Silva é intensa, pois cerca de 8 mil agentes de segurança de diversas forças policiais estão mobilizados neste domingo, segundo a secretaria de segurança do Distrito Federal.

Mais cedo neste domingo, um homem foi preso em Brasília pela Polícia Militar após ser flagrado tentando entrar na festa de inauguração portando uma faca e fogos de artifício, disseram autoridades em comunicado. O suspeito viajava do Rio de Janeiro.

Um juiz do Supremo Tribunal brasileiro ordenou na quarta-feira uma proibição de quatro dias de porte de armas de fogo na capital que vigorará até o final de domingo, como medida de precaução.

Não se aplica a membros ativos das forças armadas, policiais e seguranças privados, escreveu o juiz Alexandre de Moraes.

A equipe de Lula da Silva pediu a proibição de armas de fogo no dia da posse, depois que a polícia prendeu um homem suspeito de plantar e possuir artefatos explosivos no Aeroporto Internacional de Brasília.

O suspeito, identificado como gerente de posto de gasolina George Washington de Oliveira Sousa, de 54 anos, é apoiador de Bolsonaro e disse à polícia em nota, vista pela CNN, que pretendia “criar o caos” para impedir Lula da Silva tome posse novamente.

A proibição de Moraes entrou em vigor quando milhares de apoiadores de Bolsonaro se reuniram em quartéis militares em todo o país em protesto contra o resultado da eleição, pedindo ao exército que interviesse, alegando, sem provas, que a eleição foi roubada.

Bolsonaro condenou a tentativa de atentado de Sousa na sexta-feira, dizendo que “não há justificativa” para um “ato terrorista”.

“O Brasil não vai acabar em 1º de janeiro, pode ter certeza disso”, disse o presidente cessante, referindo-se à data da posse de Lula da Silva.

“Hoje temos uma massa de gente que sabe mais sobre política”, acrescentou. “Eles entendem que estão em risco. O bem vai vencer. Temos líderes em todo o Brasil. Políticos novos ou reeleitos, eles vão fazer a diferença.”

Fonte CNN

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