Os investimentos para infraestrutura já assegurados por meio de licitações na bolsa de valores brasileira vêm aumentando e já se refletem no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Entretanto, segundo especialistas na área, esse montante ainda está em um patamar baixo diante dos desafios que o país enfrentará nos próximos anos.
Um levantamento realizado pelo instituto Infra2038 mostra que os R$ 173,6 bilhões comprometidos em licitações realizadas neste ano devem representar um impacto positivo de 0,5 ponto percentual na expansão da economia brasileira em 2022.
Em 2023, os R$ 186,9 bilhões que devem ser contratados nos leilões terão impacto de 0,6 ponto percentual sobre o PIB.
O total de investimento em infraestrutura, que havia correspondido a 1,58% do PIB em 2021, deve atingir 1,87% neste ano e 1,91% em 2023 – o que indica uma trajetória clara ascendente.
Apesar do crescimento, o montante contratado em investimentos ainda está bem abaixo do patamar atingido no início dos anos 2000, quando ultrapassou 3% do PIB (em 2000 e 2001).
“Para um país com as características do Brasil, os investimentos em infraestrutura deveriam ser o dobro”, afirmou Frederico Turolla, sócio da consultoria Pezco Economics e um dos autores do estudo, em entrevista à Reuters.
Ainda de acordo com o estudo, os leilões realizados na B3 nos últimos 10 anos movimentaram cerca de R$ 418 bilhões.
Segundo dados do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do Ministério da Economia, os leilões realizados desde 2019 – início do atual governo – contrataram investimentos totais de R$ 900 bilhões.
Dúvidas sobre o próximo governo
Setores do mercado demonstram preocupação em relação ao compromisso do futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a agenda de concessões de infraestrutura. Nesta semana, por exemplo, Lula disse que as privatizações acabariam em seu próximo mandato.
Em entrevista ao programa Estúdio i, da Globo News, o futuro ministro da Economia, Fernando Haddad (PT), adotou um tom distinto e defendeu o modelo das Parcerias Público-Privadas (PPP). Segundo ele, “as concessões têm de entrar na ordem do dia”.
“Há um conjunto enorme de projetos que podem ser concedidos para a iniciativa privada”, afirmou. “No Brasil, muitas PPPs deram certo, o Brasil aprendeu a fazer. O Prouni é uma PPP, uma troca de tributos por bolsas. Há muitos projetos que muitas vezes dependem de uma pequena contribuição do Estado.”
Durante uma entrevista, Haddad citou sua passagem pelo Ministério do Orçamento, Planejamento e Gestão, então dirigido por Guido Mantega, ainda no início do primeiro governo Lula (2003-2006). Ele afirmou que teve papel importante na criação da lei das PPPs.