Capes: Unicamp pode ter 2,5 mil alunos internados pelo corte de bolsas

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A Projeção da APG não inclui residentes do curso de medicina, que também recebem o auxílio. Em todo o Brasil, 200 mil bolsistas não receberam seus auxílios, segundo a coordenação da pasta. Uma das entradas do campus da Unicamp em Campinas Antoninho Perri / Unicamp A Associação de Pós-Graduandas e Pós-Graduandos (APG) da Unicamp estima que 2,5 mil estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado serão admitidos pelo corte da bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) após a entidade, que é vinculada ao Ministério da Educação (MEC), ter recursos congelados pelo governo. A Pró Reitoria de Pós-Graduação (PRPG) da Unicamp informou, em nota divulgada nesta quarta-feira (7), que “está acompanhando as movimentações para a reversão das medidas que invibilizam o pagamento das bolsas e que, em termos locais, a reitoria disponibiliza a possibilidade de apoiar os alunos caso a situação não seja revertida”. Confira, no fim da matéria, a nota na íntegra. Após novos bloqueios, a Capes diz não ter como pagar mais de 200 mil bolsas de mestrado e doutorado A projeção de 2,5 mil estudantes, no entanto, não inclui residentes do curso de medicina, que também recebem o auxílio. A Capes divulgou uma nota oficial na noite de terça na qual afirma que, após os bloqueios orçamentários na pasta, não terá dinheiro para pagar as mais de 200 mil bolsas destinadas a alunos de pós-graduação. Os depósitos deveriam ser feitos até esta quarta-feira. Os valores das bolsas da Capes, segundo o MEC, são de R$ 1,5 mil para alunos de mestrado; R$ 2,2 mil para doutorandos e R$ 4,1 mil para estudantes de pós-doutorado. O valor não é reajustado há nove anos. Como é o pagamento De acordo com a APG-Unicamp, o pagamento é referente ao trabalho do mês anterior mas, em dezembro, o depósito é feito duas vezes: uma no começo do mês, referente a novembro, e uma no final, referente à dezembro. Desta forma, no ano seguinte, os estudantes recebem uma bolsa novamente em fevereiro. “Como todo o pagamento de dezembro foi bloqueado, estamos na dúvida se ficaremos sem a bolsa de janeiro também, que deveria ser pago ainda este ano”, diz Milena Cicone, estudante de mestrado em Ciência Política e integrante da APG. O valor pago pela Capes serve não só para manter as despesas básicas do estudante, mas também para financiar despesas com as pesquisas, como participação obrigatória em eventos acadêmicos e submissão de artigos em revistas, processos que, muitas vezes, são pagos. “É bem complicado. Regime de dedicação exclusiva, mas sem nenhum vínculo trabalhista e sem acesso a nenhum direito. Não temos 13º, férias, contribuição ao INSS, fora que estamos sem reajuste há 9 anos”, diz Milena. A entidade representativa dos estudantes de pós-graduação na Unicamp divulgou uma nota ao g1 sobre o corte de bolsas. Leia, a seguir, o texto na íntegra: A APG Unicamp reitera seu posicionamento pela reversão imediata do calote promovido contra a educação, a ciência e a tecnologia, que inviabilizam o pagamento de bolsas de pós-graduação e de residentes da Capes. Enquanto entidade representativa da pós-graduação da Unicamp, também reiteramos o posicionamento em favor do reajuste dos valores das bolsas, defasado há vários anos, para promover condições de vida e de trabalho dignas a todos os investigadores. Vista aérea da Unicamp, em Campinas Antoninho Perri/Ascom/Unicamp Incerteza O corte de bolsas já afeta estudantes de todo o país e no exterior, pois o pagamento de novembro está atrasado. Uma estudante de doutorado da Unicamp que prefere não identificar relata que a sensação dela e dos colegas é de desespero. “É um sentimento de alegria. A gente está se qualificando tanto para tirar um título de doutor ou doutora pra trabalhar onde? Será que vai haver mercado pra gente? Será que haverão concursos?”, questiona. Ela, que cursa o doutorado desde 2020, destaca que o fantasma do corte de bolsas sempre paira sobre os estudantes. “A questão da bolsa sempre ronda a gente. Você está estudando, mas não sabe exatamente quais são as perspectivas. Se vai ter, se vão cortar, enfim”, diz. Diante dos desmontes das universidades públicas, em especial, das federais, a doutoranda destaca que os investigadores começam a cogitar sair do Brasil. “O que é horrível para o país, porque ele gasta dinheiro na formação desse profissional e, no final das contas, quando ele poderia começar a retornar esse investimento para a sociedade, ele acaba indo para outro país por falta de oportunidade”, explica a estudante. Nota da PRPG-Unicamp Aos professores e alunos de Pós-Graduação da UNICAMP, Informamos que o PRPG está acompanhando de forma estreita as movimentações para a reversão das medidas que inviabilizam o pagamento das bolsas de pós-graduação pela CAPES, conforme nota recebida pela Fundação no dia de ontem, 6 de Dezembro. Em termos nacionais, a Presidência da CAPES, o Fórum de Pró-Reitores e as várias Universidades e Associações científicas estão realizando gestões nesse sentido. Em termos locais, a Reitoria da UNICAMP está avaliando a possibilidade de apoiar os alunos, caso esta situação não seja revertida. O PRPG permanecerá em contato com a comunidade no decorrer dessas tratativas. Pró-Reitoria de Pós-Graduação, 7 de dezembro de 2022 VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas

Fonte G1

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