São Paulo – A equipe de transição do governador eleito, Tarcísio de Freitas (Republicanos), já fez chegar ao presidente da camara municipal de São Paulo, Milton Leite (União), o recado de que irá desalojar todos os indicados dele nos órgãos vinculados à Secretaria de Logística e Transportes, responsáveis pelas obras rodoviárias no estado.
Aliado do atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) e de seu antecessor, João Doria, o vereador indicou na atual gestão aliados não apenas para o comando da pasta, mas também para diretorias do Departamento de Estradas de Rodagem (DER)autarquia que executa as obras, e da Agência de Transportes de São Paulo (Artesp)que fiscaliza as concessões de rodovias.
Como o Metrópoles revelou no mês passado, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) investiga claramente o direcionamento de contratos sem licitação do DER para a empreiteira de um empresário que doou dinheiro para o partido presidido por Milton Leite, o União Brasil.
O departamento aparelhado pelo presidente da Câmara também pagou R$ 95 milhões em contratos emergenciais a outra empreiteira aberta em 2020 por um indicado político na Companhia de Engenharia de Tráfego (CET)órgão da prefeitura da capital paulista que também sofre influência de Milton Leite.
Ao MetrópolesLeite admitiu ter indicado o atual secretário de Lógistica e Transportes, João Octaviano, que é “ligado ao partido”, mas disse que as demais cargas foram nomeadas pelo titular da pasta e não por ele, com base em “critérios técnicos”.
“Supersecretaria”
Tarcísio já havia dito a aliados que escolheriam alguém de sua extrema confiança para comandar no governo de São Paulo a mesma área que ele chefiou no governo de Jair Bolsonaro (PL). Mas o ex-ministro da Infraestrutura e governador eleito preferiu ir além, e decidiu fundar as secretarias de Logística e Transportes com a de Infraestrutura e Meio Ambiente, criando uma “supersecretaria”.
A nova pasta será comandada pela procuradora Natalia Resende, qu foi chefe de consultoria jurídica do ministério na gestão Tarcísio e auxliou o ex-ministro na estruturação de projetos de Parcerias Público-Privadas (PPPs) , concessões e privatizações no setor. Sob o guarda-chuva da “supersecretaria” permaneceu também o DER e a Artesp, que podem receber quadros técnicos indicados por partidos aliados, como já admitido Tarcísio.
Mas essa hipótese não está aberta ao União Brasil de Milton Leite, que apoiou Tarcísio apenas no segundo turno — no primeiro ele esteve ao lado do governador Rodrigo Garcia. Aliados dizem que o próximo chefe do Executivo paulista quer usar a área que o projetou politicamente no governo federal para se diferenciar das gestões do PSDB, que comanda o estado há 28 anos.
A tendência, dizem aliados, é a de que nomes ligados ao próprio governador eleito oucpem como diretorias de autarquias e órgãos da área de infraestrutura e transportes, junto com indicações que serão feitas pelo ex-ministro Gilberto Kassab (PSD), futuro secretário de Governo e homem-forte da próxima gestão paulista.