Redes de Bolsonaro seguem ativas, mas com tom genérico ou enigmático

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Desde que perdeu a eleição para o petista Luiz Inácio Lula da Silva, há pouco mais de um mês, o presidente Jair Bolsonaro (PL) permaneceu recluso e em silêncio. Foram apenas dois pronunciamentos curtos e protocolares e poucas saídas do Palácio da Alvorada, sua casa até o próximo dia 31 de dezembro. Fenômeno nas redes sociais desde a época em que era deputado federal, o presidente não reeleito também teve suas férias on-line – mas não as interrompeu totalmente.

Presente e seguido por milhões de internautas em praticamente todas as redes sociais, Bolsonaro se notou ao longo da obrigatoriedade presidencial por usar seus perfis quase como veículos oficiais de divulgação de informações, decisões e posicionamentos. A transmissão ao vivo nas quintas-feiras para fazer um balanço da semana, por exemplo, foi uma tradição mantida por quatro anos.

Tudo mudou desde a derrota eleitoral, inclusive com a interrupção da tradição das lives, mas os perfis do presidente continuaram sendo alimentados. No caso do canal que mantém no Telegram, por exemplo, Bolsonaro ainda distribui postagens quase diariamente, mas o tom não é mais político. Geralmente são genéricas sobre ações e resultados do governo, sendo a maioria reproduções de postagens feitas por ministérios, estatais e outros órgãos. O mesmo se repete em outras redes que não são tão populares, como o LinkedIn. Veja alguns exemplos:

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Nas redes onde tem mais seguidores, como Facebook, Twitter e Instagram, Bolsonaro tem postado menos e com um foco diferente. Os perfis presidenciais publicam principalmente fotos, a maioria sem legenda, do presidente trabalhando, assinando papéis e valorizando símbolos nacionais, como a bandeira.

Essas postagens dialogam, de certa forma, com as angústias de bolsonaristas que não aceitam o resultado da eleição e estão protestando todos os dias em portas de quartéis. Para parte desses apoiadores, o silêncio de Bolsonaro pode fazer parte de um plano oculto para reverter o resultado das eleições.

A cada postagem, milhares de seguidores respondem pedindo que Bolsonaro deixe a reclusão e tome alguma atitude contra a vitória de Lula – algo que não está nas mãos dele, pois o resultado das eleições já foi homologado pela Justiça Eleitoral.

As postagens do Bolsonaro também recebem respostas de apoiadores conformados com a derrota, que tentam animá-lo ou consola-lo; de críticos, que zombam dele, e de cidadãos que ainda esperam que ele volte a se manifestar com a destreza de outros tempos.

O chinês TikTok é outra rede na qual o perfil de Bolsonaro tem feito postagens que têm por objetivo manter algum engajamento entre seus apoiadores e mostrar alguma presença virtual. Lá também, no entanto, Bolsonaro não tem postado nada que não tenha tom genérico ou enigmático.

@bolsonaromessiasjair #jair #bolsonaro #tiktok #presidente #moto #🇧🇷 ♬ som original – BolsonaroMessiasJair

Um presidente em silêncio

Apesar de não ter sido reeleito, Bolsonaro não teve desempenho desastroso na eleição. Conseguiu eleger aliados para cargas importantes, como o governo do estado mais rico e populoso do país, além de ter protegido seu PL a alcançar a maior bancada da próxima legislatura na Câmara.

Com o país polarizado, os aliados de Bolsonaro previram que ele seria o líder natural da oposição a Lula e mantivesse a chama acesa para as eleições municipais de 2024 e para a sucessão a Lula em 2026. O insistente silêncio do presidente não reeleito, porém, está levando os políticos que aguardam a seu lado a rever essa espera.

De acordo com apuração do colunista Guilherme Amado, do MetrópolesValdemar da Costa Neto, presidente do PL, está assustado com o protetor Bolsonaro e esperava que ele já tivesse reagido e voltado a se comunicar.

Apesar de ter o costume de aprovar o que é postado em suas redes, como já relatado em algumas oportunidades, Bolsonaro não é o principal coordenador de sua estratégia nas redes sociais. Esse papel cabe a um de seus filhos, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, que também ficou mais silencioso na web desde a derrota do pai, mas não parou de fazer política.

Na última quarta-feira, por exemplo, Carlos protestou contra uma restrição feita pelo Facebook a uma das postagens enigmáticas no perfil do presidente não reeleito. Veja:



Fonte Metropoles

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