O biólogo Luciano Lima aproveita o clima da Copa para enaltecer a fauna e a flora brasileira antecipada aos adversários da primeira fase. No quesito biodiversidade nosso país já é campeão. Gaturamo-bandeira poderia ser considerada uma espécie brasileiríssima devido ao colorido Rudimar Narciso Cipriani Quem me conhece pessoalmente sabe que eu sou um completo ignorante quando o assunto é futebol. Sei que se joga em um campo, com uma bola e onze jogadores de cada lado… Nem adianta me perguntar detalhes sobre regras ou “personagens”, eu simplesmente sei muito pouco, ou quase nada. Acho que o último técnico da seleção que eu guardei o nome foi o Parreira, por conta do álbum de figurinhas da Copa de 1994, que foi quatro anos antes de eu começar a passarinhar e consequentemente começar a ocupar boa parte da minha mente com nomes de bichos. Histórias Naturais é a coluna semanal do biólogo Luciano Lima no Terra da Gente Arte/TG Mas se a competição do Brasil é contra qualquer país no “esporte” biodiversidade, pode contar comigo como comentarista do assunto. Eu sou um apaixonado, fanático pelas pegadas da fauna e da flora brasileiras. Algo como aquele seu amigo nerd de futebol que sabe o resultado da final do campeonato paulista de 1973. Amanhã (24/11), quinta-feira, o Brasil estréia na Copa do Mundo jogando contra o Sérvia e ainda nessa primeira fase da competição jogará contra as pernas da Suíça e de Camarões. Ainda não sabemos os resultados dessas partidas de futebol, mas se a Copa do Mundo da Natureza o Brasil é absolutamente favorita em qualquer uma dessas disputas. Para entrar no campo nessa competição de espécies vou escalar três grupos de seres vivos: aves, mamíferos e plantas vasculares (grupo que inclui as plantas com flores, pinheiros e samambaias). Grimpeiro e araucária são exemplos de espécies que representam a biodiversidade brasileira Luciano Lima/TG Nossa primeira partida é contra Sérvia. Fugido no sudeste da Europa, seu foco é coberto por extensões na região norte, e cadeias de montanhas na região sul. No total, o número de espécies de aves da Sérvia chega a 356, uma riqueza que abrange outros países europeus como Itália e Alemanha, mas que é bem menor que a riqueza de espécies de São Paulo. Do município de São Paulo (506), é bom explicar, pois se a comparação fosse com o estado de São Paulo (que possui cerca de 793 espécies) aí é além de goleada, é vexame. Mas a Copa do Mundo é uma disputa mundial, então confrontando o número de aves do Brasil (1971) com o número de espécies da Sérvia temos um placar aproximado de 6X1, ou seja para cada espécie de ave que ocorre na Sérvia, temos 6 no Brasil! Na disputa dos mamíferos a vitória é ainda mais folgada 8×1 para o Brasil, placar próximo a disputa entre as plantas vasculares 9×1. Brasil sai na frente das competições quando o assunto é natureza Ananda Porto/TG Vencidas todas as disputas com a Sérvia, o próximo adversário é a Suíça. Localizado na região central da Europa a Suíça é um país montanhoso coberto em grande parte pela cadeia de montanha dos Alpes. Possuí cerca de 100 espécies de aves a mais que a Sérvia (437), mas o que essa vantagem significa numa disputa com o Brasil? Praticamente nada… Quando o assunto é passarinho o placar é Brasil 4, Suíça 1. Na disputa dos mamíferos o Brasil novamente ganha de 8×1 e quando as plantas vasculares entram em campo (literalmente) a goleada é de inacreditáveis 14×1 ou 35.562 espécies brasileiras contra 2.590 suíças. Nosso último adversário é certamente aquele com um tempo de biodiversidade mais expressivo ao Brasil entre os três é Camarões. Residente na região central da África, o país é coberto por grandes extensões de florestas e savanas. Mas mesmo tendo nome de bicho, a riqueza de aves (964) e de mamíferos (335), de Camarões perdeu de 2×1 para o Brasil. A vitória das plantas é mais apertada do que contra os países europeus, mas ainda assim é goleada: 5×1! Como eu disse no começo desse texto, não sei muita coisa sobre a seleção brasileira. Mas se o técnico, que queria de procurar aqui e descobrir ser o Tite, tinha escalado nossa flora no ataque, aves no meio de campo e mamíferos na defesa já podia pedir pra torcida gritar sem medo: “É campeão! É campeão! É campeão! ! Ararajuba é espécie ameaçada que traz nas penas coloridas verde e amarelo Rudimar Narciso Cipriani *Luciano Lima é biólogo e faz parte da equipe do Terra da Gente.
Fonte G1