o presidente faz banco central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (15/11), no segundo dia da Brazil Conference, evento promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) em Nova York, que o Brasil precisa fortalecer o compromisso com a responsabilidade fiscal e avançar na agenda de reformas estruturantes.
Campos Neto participou do painel intitulado “A Economia do Brasil a partir de 2023”. Assim como na segunda-feira (14/11), o discurso de abertura foi proferido pelo ex-presidente Michel Temer (MDB).
Além do presidente do BC, participou do painel dos ex-ministros da Fazenda Henrique Meirelles e Joaquim Levy; o ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do BC Persio Arida; o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB); o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney; e o presidente do Conselho de Administração da Cosan, Rubens Ometto.
“Temos uma situação mais complexa aqui para frente. O mundo precisa de reformas. Passamos muito tempo sem reformas”, afirmou Campos Neto. “A pandemia deixou cicatrizes muito grandes, principalmente nos mais carentes. Mas precisamos mostrar a quem investe no país que nós temos disciplina fiscal.”
“Precisamos persistir no combate à impressão. Essa é a melhor forma de contribuir com o crescimento sustentável. Somente um plano coeso com acompanhamento fiscal e continuidade das reformas vai assegurar uma trajetória de crescimento sustentável”, prosseguiu Campos Neto.
Para o presidente do BC, “os economistas tiveram certa dificuldade” de projetar o que aconteceria com a economia global durante a pandemia de Clovid-19. “Os preços dos bens passaram a subir em certo momento e não voltaram até hoje. Os serviços caíram muito e levaram a voltar. Existe uma tese de que a preservação seria muito passageira porque as pessoas voltariam a produzir quando a mobilidade voltasse. Não foi o que aconteceu”, afirmou.
Segundo Campos Neto, o cenário atual e no médio prazo ainda é de margem “mais alta e persistente”. “O que aconteceu é que esse volume de recursos foi tão grande que gerou um deslocamento na demanda de bens que foi muito maior do que se esperava”, disse.
Henrique Meirelles e Michel Temer
Ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC, Henrique Meirelles também defendeu uma política fiscal responsável e alertou para a necessidade de se estabelecer um limite para o “waiver” – a licença que o Congresso deve aprovar para o futuro governo gastar acima do teto de gastos, criado pelo próprio Meirelles durante o governo de Michel Temer.
“No momento em que assumir o novo governo, é absolutamente irrealista e impraticável que a família que está hoje vivendo com R$ 600 tenha de ficar com seu orçamento a R$ 400. Isso tem de ser ajustado”, afirmou.
“Tem que se fazer o que o mercado chama de waiver e eu chamo de excepcionalidade. É uma licença que o Congresso dá para se gastar acima do que está aprovado. Até aí, tudo bem, é absolutamente necessário. O que se deve olhar com cuidado é que a licença para gastar precisa ter limite”, completou Meirelles.
O ex-ministro da Fazenda defendeu ainda a necessidade de aprovação de uma reforma administrativa. “É o que se precisa fazer no governo federal, mesmo que não se chame de reforma administrativa”, finalizou.
O discurso pró-reformas também foi ecoado pelo ex-presidente Michel Temer, que fez um rápido pronunciamento na abertura do painel. “Durante o meu governo trouxe várias reformas, uma delas a do teto de gastos públicos. Ninguém pode gastar mais do que ganha, assim como o Brasil. Também devemos tratar da reforma trabalhista, que certamente continuará em pauta durante o governo”, afirmou.
primeiro dia
O evento organizado pelo Lide teve início na segunda-feira (14/11). O primeiro painel teve como tema “O Brasil e o respeito à liberdade e à democracia”. Entre os participantes, estavam o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Outros cinco ministros da corte também participaram do seminário: Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski.
O ex-presidente do STF Carlos Ayres Britto e o ex-senador e atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Antonio Anastasia também marcaram presença.
Ministros do STF, como Moraes, Barroso e Gilmar Mendes, foram hostilizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em frente ao hotel em que estavam hospedados em Nova York.